Zé Ferreira foi “O” surfista português na última etapa Prime da Europa em 2014, o Cascais Billabong Pro. Este local do Guincho teve a oportunidade de competir em casa e acabou em 9º lugar, um resultado muito importante para a sua carreira e para o surf português. No fim do seu último dia em prova Zé cedeu alguns minutos à ONFIRE, antes de ir festejar com os amigos, para contar o que vai na sua cabeça neste momento tão especial para si.

Zé, como foi o teu ano competitivo até agora?
Até agora não tinha sido incrível. Tenho tido algumas boas prestações e tenho perdido heats com bons scores e boas manobras mas ainda não tinha os resultados que queria. Tenho andado a trabalhar muito mas as coisas não estavam a acontecer e muito honestamente tem sido difícil e um pouco frustrante, mas havia a fé e a esperança, que fizeram com que não tenha deixado de trabalhar e acreditar.

Nos etapa Prime Açores fizeste um bom heat no round 1, sentes que começou aí o ponto de viragem do teu ano?
Sim, o meu objectivo já era estar a fazer os primes desde a primeira etapa do ano, mas realmente não consegui. Foi um ano de adaptação para mim, troquei a minha equipe de trabalho e algumas coisas mudaram na minha vida pessoal. Eu acho que isso me veio dar alguma solidez mas as vezes demora um bocado até isso “assentar” e aí foi quando deu o tal “click”.

Fala-nos do teu “mindset” antes desta prova…
Eu sabia que poderia ser um campeonato decisivo pois seria a minha última oportunidade de competir nos primes do Havai. Mas de certa forma não me deu pressão, deu-me vontade de ir lá e surfar bem e provar-me um bocado, especialmente por ser um prime com 27 surfistas do WCT, em casa, perto dos meus amigos e família. Acho que isso tudo fez com que as coisas mudassem um bocadinho, encostaram-me à parede e “é agora, ou não”!

Como foram os heats?
Foram todos um bocadinhos diferentes mas a estratégia é a mesma sempre, manter-me activo, apanhar ondas com potencial e dar manobras boas. Tentei arriscar bastante pois pelo que eu vejo dos primes não dá para jogar pelo seguro.

O teu heat do round 3 gerou alguma controvérsia pois muitos acharam que deverias ter passado directamente para o round 5. O que achaste?
Acho que é sempre difícil, está na mão dos juízes e não há muito que possamos fazer para controlar isso. O Wiggolly é um grande surfista e está a caminho da qualificação portanto acaba por ser bocado relativo. Realmente há ali uma nota que pode ser um bocado duvidosa mas eu já vi as filmagens do heat e acho que seria muito apertado em termos de notas, por isso poderia ter dado para qualquer um dos lados, não achei nada escandaloso.

Com o resultado saltaste para o 65º lugar do ranking, isso dá-te acesso a quê?
Aos primes da Triple Crown, é um sonho desde miúdo competir lá.

Esse objectivo já parecia distante para este ano ou nem por isso? Acreditaste sempre que irias conseguir?
Honestamente já me começava a parecer distante porque já estávamos a chegar perto do fim do ano mas consegui-me dar bem e estou mesmo feliz por isso.

O que esperas da temporada havaiana?
Não sei, vai ser o meu primeiro Triple Crown. Eu gosto muito das ondas do Havai, são parecidas com as portuguesas na medida em que têm força. Já fui ao Havai duas vezes e gostei muito das ondas onde vão ser os campeonatos, Haleiwa e Sunset.

Ganhaste 4.300 USD nesta etapa, hoje vais pagar o jantar ao staff da ONFIRE?
Sim (risos), devia pagar o jantar a toda a gente que me apoiou na praia e não só! Aproveito para agradecer a todos os meus amigos que vieram ver, à minha família, patrocinadores e treinadores e a toda a gente que de qualquer maneira esteve envolvida nesta ajuda que me deram pois eu sinto que está pequena vitória me libertou muito, estou muito grato a todos.

(Zé Ferreira a mostrar o seu melhor surf na Liga MOCHE de 2014)

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