Nas décadas de 70 e 80 os surfistas foram os últimos viajantes/descobridores do planeta. Não lideraram expedições para descobrir novas tribos, tarefa de antropólogos, nem mapearam novas áreas da Terra, missão dos cartógrafos. Os seus feitos traduziram-se na aproximação a aldeias e zonas com pouco contacto com o mundo ocidental e ainda desconhecidas para os turistas que começavam a florescer.

A busca pelas ondas perfeitas levou alguns destes jovens, que ansiavam por uma vida com maior sentido de liberdade, muitos deles inspirados pelo movimento hippie, numa época pós Vietname (1975), a explorarem vários paraísos tropicais, com a esperança de encontrarem locais idílicos onde pudessem viver em sintonia com a natureza, sendo o surf uma constante.

Aldeias de pescadores e ondas perfeitas eram alvo de investidas destes aventureiros dependentes do mar. Americanos e australianos lideravam os grupos de viciados e eram os mais audazes na procura de novos spots. Alguns financiavam-se de forma ilícita. O tráfico de drogas era um dos caminhos. Não queriam enriquecer mas não olhavam a meios para alimentar o seu estilo de vida.

Sea of Darkness, um documentário brilhante da autoria do realizador sul africano, Michael Oblowitz, descreve esses tempos e faz de Michael Boyum o protagonista principal. Jovem irreverente, explorador nato, um dos primeiros aventureiros em Bali e Java e responsável pelo primeiro surf camp em G-Land. Sem dúvida, uma das figuras mais intrigantes da nossa cultura.

Jeff Chitty, Peter MacCabe e Martin Daily são outros dos protagonistas. Os dois primeiros jejuaram do mar por alguns anos, enclausurados em celas de prisão, após alinharem nos projectos de Boyum.

Um dos mistérios desta história é a morte de Michael Boyum na Ilha de Siargão, Filipinas.

É obrigatório ver! Mas difícil de encontrar…

João “Flecha” Meneses

Para ler mais textos de João “Flecha” Menses vista o seu blog “Caderneta de Mar”.

Sobre o Autor:
João “Flecha” Meneses | Com quase três décadas de surf nos pés, “Flecha” enquadra dois adjectivos de respeito no surf, “underground” e “Soul” surfer. Originalmente local das ondas da Caparica, João tornou-se residente da Ericeira há mais de uma década e é um daqueles surfistas que não aceita insultos do “Sr. Medo”. Nos seus tempos livres é escritor de mão cheia e esta é mais uma grande colaboração com a ONFIRE.

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