Há muito tempo que duas fotografias não me diziam tanto. Um surfista que mergulha e outro que rema, separados por alguns metros. A onda serve como tela para uma pintura e cabem no seu corpo todas as cores e sensações. Estes momentos, registados por um artista e aqui colocados num quadro sequencial, servem para tantas analogias nas nossas vidas. No surf, como em tantas áreas, já se vai sentindo falta de música de qualidade ou de silêncio. De honestidade e de amor à causa. De poesia e de humildade. Falta tanta coisa. Ir! Ir pelo chamamento, sem dinheiro e sem fama. E voltar! Voltar apenas com um sorriso.

Nestas imagens, perpetuadas num ficheiro informático e que irão certamente passar a papel de fotografia, vejo as perspectivas todas. Vejo o querer ir e vejo a vontade. Vejo um mergulho fundo e uma remada forte. Vejo uma descida!

 

 

 

O António Neto é o surfista que se levanta na prancha e desce a onda. Simples! Remar, levantar e descer. Mas há tanta história antes deste momento. Tanta superação. Tantos mergulhos e braçadas. É assim o caminho, feito de curvas e subidas para se encontrar a descida. Um esforço permanente que dá mais sentido à vida.

É assim neste carrossel!

Surfista: António Neto
@antonioneto901

Fotografia: Chris Saunders
@chrissaundersart
“Collector of life experiences”

Para ler mais textos de João “Flecha” Meneses visita o seu blog “Caderneta de Mar”.

Sobre o Autor:
João “Flecha” Meneses | Com cerca de três décadas de surf nos pés, “Flecha” enquadra dois adjectivos de respeito no surf, “underground” e “Soul” surfer. Originalmente local das ondas da Caparica, João tornou-se residente da Ericeira há mais de uma década e é um daqueles surfistas que não aceita insultos do “Sr. Medo”. Nos seus tempos livres é escritor de mão cheia e esta é mais uma grande colaboração com a ONFIRE.

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