João Moreira faz parte de uma geração que a ONFIRE viu crescer. Ano após ano o seu surf tem evoluído muito mas foi em 2016 que se viu o potencial a transformar-se em resultados mais expressivos. Agora, com 18 anos, João está numa fase crítica da sua jovem carreira. Fica a saber um pouco mais sobre a fase que atravessa, os desafios que tem encontrado no seu percurso e os seus planos para o futuro…

No início do ano passado vimos uma grande evolução a nível competitivo, a que achas que se deveu?
A minha preparação para os campeonatos não sofreu grandes alterações. Continuei as minhas rotinas, reforcei o meu trabalho fora de água e tentei passar o máximo de tempo possível dentro de água. Contudo sinto que ganhei mais maturidade no meu surf e, com isso, melhorei a minha gestão de heat. Ainda assim, sinto que não alcancei o meu potencial máximo.

Sabemos que tiveste uma lesão, conta o que foi e como foi a recuperação…
Durante o Pro Junior Europeu de Espinho no ano passado sofri uma rotura de ligamentos no tornozelo, graças a uma manobra de finalização numa parte mais difícil da onda. Esta lesão tirou-me da corrida pela qualificação para a final mundial do Pro Junior, visto que na altura estava numa boa posição para alcançar os quatro primeiros lugares do ranking. A recuperação foi feita no Centro de Alto Rendimento do Jamor e fico muito grato por me terem fornecido todo o apoio e meios para voltar mais forte e bem recuperado da lesão. O processo de recuperação demorou cerca de 2 meses e meio.

Competição ou Expression Session? Photo by Pedro Mestre/ANS

Competição ou Expression Session? Photo by Pedro Mestre/ANS

Conta-nos a tua rotina do dia a dia…
A minha rotina difere bastante ao longo do ano mas, basicamente, em tempos de escola cumpro o meu horário e sempre que é possível surfo, antes ou a seguir das aulas. Quando as ondas estão boas é um bocado difícil manter-me numa sala fechado, portanto, às vezes, falto as aulas.

Como fazes para conciliar o surf e os estudos?
Para conciliar a minha carreira e a escola mantenho-me sempre informado da matéria que os meus colegas estão a estudar. Partindo disso, tento aprender essa matéria sozinho, se for o caso. Conto com a ajuda de um explicador e caso tenha alguma dúvida sobre algum ponto de dada matéria ele está lá para me ajudar a superar as minhas dificuldades.

Ao contrário de muitos outros surfistas da tua geração, tu nunca treinaste nas escolas de surf mais conhecidas. Conta-nos que acompanhamento tens tido ao longo dos anos…
O meu pai tem sido o meu treinador, psicólogo e tantas mais funções que eu agora não me lembro (risos). Comecei desde a estaca zero com ele e sem dúvida que a evolução do meu surf tem sido notável. O principal método utilizado é a visualização de imagens, que para mim é muito importante para evolução de qualquer surfista e tem sido a base dos nossos treinos. Sendo uma pessoa bastante próxima de mim ele teve um papel importante na definição das minhas rotinas e alimentação. No que toca à parte dos treinos fora de água, já fui acompanhado pelo Pedro Seixas na Surfisio, mas de há 3 ou 4 anos para cá estou a ser acompanhado no Centro de Alto Rendimento do Jamor. Aproveito para agradecer a todas as pessoas que me acompanhado e ajudado a alcançar os meus objetivos, especialmente ao meu pai.

Quais são os teus patrocínios?
Neste momento conto com o apoio da Volcom, Reef, Fonte Viva, Electric, FCS, Besushi, Bana e LaiQ (embaixador da marca).  Aproveito para agradecer a cada um deles por todo o apoio que me tem dado que torna mais fácil alcançar os meus objetivos .

Este ano venceste as duas expression sessions da Liga MEO Surf, consideras que o surf progressivo é um dos teus fortes?
O ano passado estive perto de ganhar grande parte das expression sessions da Liga MEO Surf em que participei, este ano estou bastante motivado para ganhar este sub-troféu. O surf progressivo é um lado que me interessa bastante. Gosto bastante de dar aéreos e ultimamente tenho evoluído e trabalhado essa parte do meu surf.

JOao-moreira-expression

Quais são os teus objectivos a curto, médio e longo prazo? 
Os meu objetivos principais para este ano competitivo são qualificar me para a final mundial do Pro Junior, sagrar-me campeão nacional sub18 e acabar no top 10 da Liga MEO Surf. Ambiciono ganhar uma etapa da liga num futuro próximo e alcançar o World Tour a longo prazo.

O que precisas para dar mais um “salto” de modo a conseguires concretizar esses objectivos?
Sinto que ainda não consegui demonstrar o meu verdadeiro potencial competitivo, talvez devido ao nervosismo que ganho quando estou num heat mais difícil ou até as vezes pela falta de sorte com as ondas. Ultimamente tenho mudado um pouco a minha estratégia de heat, começando a arriscar manobras mais progressivas e tem dado resultado em algumas situações.

Quem são os surfistas que mais te inspiram?
Em Portugal é o Tiago Pires e o Frederico Morais, por terem alcançado a elite do surf mundial. Também o Nicolau Von Rupp e o Tomás Valente, admiro ambos pelo surf que conseguem fazer numa grande diversidade de ondas. A nível internacional, gosto do surf do John John Florence, Mason Ho e Dane Reynolds.

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