Quem nunca sonhou em perseguir ondas perfeitas de auto-caravana?
Provavelmente hoje em dia seriamos mais perseguidos que perseguidores, tal não é a quantidade de caravanas que invadem o nosso litoral diariamente..
Mas em 2009 a Volcom decidiu que todos os anos iríamos fazer uma surftrip com o team pela nossa costa. Na altura claro que tínhamos em mente produzir conteúdos para as revistas, o online era muito fraco por isso nem era uma grande preocupação, mas ao contrários do que as marcas fazem hoje em dia, naquela altura o objectivo primordial era apenas um, juntar o team, conhecermo-nos melhor e passar uns belos dias com os amigos em busca do que mais gostamos, boas ondas.
Nestas surftrips rumámos sempre ao Norte, porque conhecíamos pior e porque as ondas nunca nos falharam. Realmente é incrível o potencial que há da figueira para cima! Altas ondas e pouco crowd. Na primeira vez que fomos o nosso “driver” era o Bizuka, esse incansável condutor, que enquanto todos dormiam ele agarrava-se ao volante, se bem ou mal nunca saberei, mas sei que ao passar por uma lomba alguém que ia deitadinho lá atrás conseguiu partir o estrado da cama, tal não foi o salto que deu:)
Mesmo sendo em Portugal, estas são das viagens que me mais me marcaram, pela companhia, Tomás valente, Miguel Mouzinho, Alex Botelho, João Moreira, Bizuka, Miguel Moreira e Damásio a filmar, pelo surf e por toda a vibe que se vivia.
Havia zero pressão fosse para o que fosse, frigorífico cheio de cerveja, fichas de poker, pranchas, máquinas fotográficas e budget para irmos onde quiséssemos. Na verdade duvido que houvessem mais marcas a fazer isto com os team riders.
Numa das vezes arrancámos do Porto depois de termos surfado Matosinhos, e sob uma chuva torrencial, fomos até Vigo a um suposto concerto que ia haver da Volcom Entretainment. Acontece que quando chegámos a Vigo ligámos ao Gony que já estava no quentinho da sua casa, falso alarme, não havia concerto nenhum e toca a conduzir tudo de novo até ao Porto. Obrigado Hélder, ahahhahaahaha
Apanhámos Aveiro incrível, praia da Barra com ondas de sonho e um crowd simpático onde o local Pedro Ferreira partia a loiça toda e fazia pensar porque não foi ele mais longe com aquele nível.
Apanhámos Figueira ao nascer do dia sem uma única pessoa na água e ondas de metrão off-shore, surfamos Mira incrível, sem ver uma única pessoa até onde a vista alcançava…
Na Caravana tínhamos o ainda grom João Moreira que começava a meter umas manobras mas ainda com pouco peso e power, mas muita vontade, o Mouzinho estava na sua altura mais afinado, um surf clean com uma linha muito bonita, o Tomás Valente ao estilo do que continua hoje, sempre a facturar nas esquerdinhas e o Alex Botelho “aka thor ou Adonis” a começar a subir a rampa do power surf que nunca mais desceu… Nesta viagem o Alex fez a manobra mais power que já vi alguém a fazer à minha frente, não ter partido as quilhas naquele rasgadão foi uma sorte.
Ondas à parte, os serões eram passados entre o poker e o monopólio, atenção que ia um puto de 12/13 anos connosco, umas cervejas e muita, muita risada… mapa na mesa e previsões no telefone para escolhermos o dia seguinte. O João Moreira ia fazendo os trabalhos de casa e dava gosto ver um puto daquela idade com um já avançado sentido de responsabilidade.
Lembro-me de nestes anos ter falhado o WCT pois era nessa altura que arrancávamos, vendo agora foi o melhor que fizemos, enquanto o crowd ia para Peniche, nós íamos para o resto do país quase sem crowd.
É este espírito do surf que nos fez crescer como indivíduos e surfistas, a amizade, a procura pela onda perfeita, a diversão. No dia que perdermos isto, perdemos tudo o que o surf nos dá.
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