Tomás Valente elevou como poucos o surf progressivo em Portugal nos anos 2000. Foi esse surf que lhe deu duas capas da ONFIRE, uma na edição 28 (Jul-Ago 2007) e outra na ONFIRE 38 (Fev-Mar 2009).

Esta era uma época em que a internet e as redes sociais não tinham o peso que hoje têm como ferramentas na análise do “valor” de um surfista. Hoje a internet e as suas redes sociais são importantes meios para a carreira de um surfista, por isso onde se situa a importância das revistas de surf? Há quem defenda que os números das redes sociais não são mais do que uma febre e que não devem ter o peso gigante que outros defendem, não só por não serem números verídicos a 100% (uma vez que é possível pagar para ter Likes, ganhar visualizações, etc, o que não fornece um número real do número de pessoas verdadeiramente interessadas nesse surfista) como por terem  – os post, videos, fotos de Instagram, etc – um ciclo de vida rapidíssimo (um vídeo viral não terá mais do que três ou quatro dias de exposição). Do lado oposto, há quem defenda que os números dos Likes, Plays e Seguidores são as novas ferramentas medidoras da carreira de um surfista. E depois há quem defenda que é no meio que está a virtude.

Fazer a capa de uma revista sempre foi um dos momentos mais importantes da carreira de qualquer surfista, e talvez a melhor forma de dar retorno aos seus patrocinadores, mesmo nos dias de hoje…

Decidimos saber o que pensam os surfistas que já fizeram capa na ONFIRE sobre o que significa para eles, nos dias de hoje, a importância de uma capa. Depois de Marcelino “Bizuka” Barros, Miguel Blanco e José Gregório, é agora a vez de Tomás Valente, surfista que se destacou principalmente pelo seu surf progressivo e tubos nos anos 2000, dar a sua opinião. O surfista de Caxias/Carcavelos pertene àquela geração que sentiu directamente na sua carreira as mudanças que o mundo virtual trouxe, ao contrário das novas gerações que cresceram com esta realidade ou das gerações anteriores que no momento que o mundo virtual explodiu já não tinham uma carreira de surfistas profissionais. Aqui fica a opinião de Tomás Valente que hoje, além de continuar a ser um dos grandes nomes do surf português, trabalha também na indústria através do seu projecto Lisbon Surf Connectin, sobre “A Importância de Uma Capa” e o que esta mudou, ou não, nos dias de hoje…

O que representa para ti fazer capa de uma revista de surf?
Significa reconhecerem o meu trabalho, e acharem que eu mereço o protagonismo de uma capa.

OF28

Valente na primeira capa da sua carreira: ONFIRE 28 (Jul-Ago 2007). Photo by carlospintophoto.com

Quantas capas fizeste em revista de surf?
Já fiz quatro: duas na ONFIRE, uma na Surfportugal, e outra numa revista que já não me lembro.

E alguma delas teve mais significado para ti?
A minha primeira  – ONFIRE 28 (Jul-Ago 2007) – porque não estava nada à espera, e simplesmente aconteceu.

Se pudesses escolher uma e apenas uma revista internacional para fazer capa qual escolhias?
Talvez uma Surfing ou Surfer por serem revistas onde aparecem poucos europeus e muito dificeis de alcançar.

Se hoje pudesses escolher uma foto tua para fazer capa como seria essa?
Um grande tubão com uma paisagem incrível de background e com um ângulo nunca visto ou pouco comum.

O que preferias, fazer capa de uma revista de surf nacional ou ter uma foto com 10.000 likes no Instagram/Facebook? E internacional ou 100.000 likes?
Prefiro aparecer em “papel” pois são revistas especialistas do nosso desporto, e estarmos a aparecer nelas dá credibilidade à qualidade do surfista. No Facebook é possível pagar para ter likes, além disso, número de likes não é, para mim, significado de qualidade.

(Tomás Valente foi um dos candidatos à categoria Melhor Onda da Segunda Temporada do MOCHE Winter Waves)

 

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