Bizuka foi o surfista que fez a primeira capa da ONFIRE (Jan-Fev 2003) por isso nada faria mais sentido do que começar esta rúbrica semanal com este surfista!
Numa altura em que a internet e as redes sociais são meios importantes para a carreira de um surfista, onde se situa a importância das revistas de surf? Há quem defenda que os números das redes sociais não são mais do que uma febre e que não devem ter o peso gigante que outros defendem, não só por não serem números verídicos a 100% (uma vez que é possível pagar para ter Likes, ganhar visualizações, etc, o que não fornece um número real do número de pessoas verdadeiramente interessadas nesse surfista) como por terem – os post, videos, fotos de Instagram, etc – um ciclo de vida rapidíssimo (um vídeo viral não terá mais do que três ou quatro dias de exposição). Do lado oposto, há quem defenda que os números dos Likes, Plays e Seguidores são as novas ferramentas medidoras da carreira de um surfista. E depois há quem defenda que é no meio que está a virtude.
Fazer a capa de uma revista sempre foi um dos momentos mais importantes da carreira de qualquer surfista, e talvez a melhor forma de dar retorno aos seus patrocinadores, mesmo nos dias de hoje…
Decidimos saber o que pensam os surfistas que já fizeram capa na ONFIRE sobre esta evolução da importância de uma capa. O primeiro surfista que apresentamos nesta nova rúbrica exclusiva é o Homem que fez a Capa da primeira ONFIRE, a edição de Janeiro-Fevereiro de 2003, Marcelino “Bizuka” Barros.
Este pode ser um nome desconhecido para ti, mas nesta altura, Bizuka, surfista de Carcavelos, era conhecido no meio (e nos media) pelo seu surf aéreo, sendo um dos grandes pioneiros do surf português a seguir o caminho deste tipo de surf, colocando até o power surf de lado (vivia-se a época da “febre” dos aéreos). Podemos assumir que Bizuka puxou por este lado surf no nosso país na sua geração e na seguinte, que olhava para a de Bizuka como a geração a seguir , ao mesmo tempo que foi um dos surfistas desta geração que, apesar de competir, tinha a sua imagem mais focada nas sessões que fazia para garantir bons shots para as revistas, dando o sempre importante retorno aos patrocinadores.
E aqui fica a sua opinião sobre “A Importância de Uma Capa” e o que esta mudou, ou não, nos dias de hoje…
O que representa para ti fazer capa de uma revista de surf?
Penso que fazer uma capa de uma revista é das mehores gratificações que podes ter como surfista, é como se fosses o surfista do mês! A capa is the shit!
Quantas vezes já fizeste capa em revistas de surf?
Fiz duas capas, uma na ONFIRE número um e outra na Surf Portugal, e foram as duas quase de seguida!
De todas essas, qual a que teve mais significado para ti?
Epá… a primeira é sempre a primeira… Mas a capa da ONFIRE acabou por ter um significado mais pesado pois foi a capa número 1 da revista que marcou uma nova fase nos media de Surf em Portugal; é a revista que mais marcou a nova geração e que falava mais a nossa linguagem… A melhor coisa de ter feito a capa dessa ONFIRE foi ter a frase “Politicamente Incorrectos” a acompanhar a foto.
Se pudesses escolher uma e apenas uma revista internacional para fazer capa qual escolhias (pois sabemos que nacional seria ONFIRE eheh)?
SURFER, e acho que não é preciso grandes explicações… É a SURFER!!! Deve ser como para um “político” estar na capa da Time!
Se hoje pudesses escolher uma foto tua para fazer capa como seria essa?
Não sei, mas de certeza que se fosse fotografar com o André Carvalho ele fazia uma das suas magias… Neste momento gostava de fazer uma capa com uma foto a surfar em Angola, um frontside air de leve!
E se pudesses escolher uma foto SEM SER TUA para fazer capa como seria essa (pode ser surf ou lifestyle)?
Não seria capaz de dizer qual a melhor foto para fazer capa de uma revista, só sei que uma capa é do caralh##### quando conseguimos ficar mais de um minuto a olhar para ela sem abrir a revista, apenas ficar a reparar em todos os detalhes e a deslumbrar a imagem. Quando essa foto me consegue fazer viajar para esse lugar… Normalmente as fotos de lifestyle têm mais esse impacto. Mas também há fotos de manobras que me deixam um minuto a “ofender” o surfista e a tentar perceber como ele consegue fazer aquilo… E não podemos esquecer que a capa não é só uma foto. A capa é o primeiro impacto que tens com a revista, tem que falar contigo mais que qualquer outra página.
O que preferias, fazer capa de uma revista de surf nacional ou ter uma foto com 10.000 likes no Instagram/Facebook?
Sou uma pessoa desligada das novas tecnologias por isso sem dúvida que escolho a capa. Depois agarrava na capa e metia numa moldura, mil vezes uma capa emoldurada em casa do que uma foto nas redes sociais cheia de Likes.
Então e preferias fazer capa de uma revista de surf internacional ou ter uma foto com 100.000 likes no Instagram/Facebook?
A resposta é exactamente a mesma que na pergunta anterior :)!
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