Inês Ambrósio apanhou-nos de surpresa quando fizemos a lista dos surfistas portugueses com mais seguidores no instagram. De facto, apesar de já não ser a primeira vez que ouvimos o seu nome, a versão inicial do artigo não contava com ela. Até que confirmamos que esta surfista é a sexta surfista nacional com mais seguidores e tratamos de a incluir. Depois de fazer uma visita ao seu perfil ficamos com vontade de saber mais sobre esta soul surfer…
Photos by The Jonas Journey
Inês, conta-nos onde e como começaste a surfar?
O mar, a praia e a natureza sempre fizeram parte da minha vida. Lembro-me de passar horas na água a apanhar espumas com o meu pai quando íamos à praia no Verão com o resto da família. Mas só aos 14 anos surgiu a oportunidade e o tempo para aprender a deslizar nas ondas em Carcavelos.
O que te puxou para o surf?
Principalmente a paixão que tenho pelo Mar. Mas viver e estudar na linha facilitou. Durante quatro anos os meus dias eram basicamente estudar Artes Visuais e surfar nos intervalos das aulas e nas tardes livres. É realmente uma sorte poder ter esse estilo de vida e rapidamente me apaixonei por ele, por poder ver o pôr do sol na água, conhecer pessoas novas e partilhar momentos únicos. Tem sido uma inspiração diária. Penso que o facto de ter vizinhos surfistas também ajudou.
Muitos surfistas fazem um percurso que passa pela competição, chegaste a passar por essa fase?
Como quase todos os surfistas em Portugal, em alguma parte da nossa vida questionamos se queremos ir por esse caminho. Principalmente porque a certa altura parece ser a única maneira de vivermos o sonho. Sim, tive algum contacto com o lado competitivo, também porque alguns dos meus amigos escolheram esse caminho. Sendo uma pessoa competitiva por natureza, essa parte do surf despertou-me algum interesse, vindo mais tarde a tirar o curso de juíza de surf. É um mundo muito interessante, mas muito diferente daquele em que eu sonho e quero viver, o surf para mim é muito mais do que competição… é um estilo de vida, cultura, partilha mas a cima de tudo uma relação de amor com o mar. Uma relação de amor incondicional.
O que te faz surfar com pranchas diferentes?
O shape da prancha faz-nos sentir coisas diferentes, o que é que podemos querer mais na água do que nos divertirmos a deslizar de maneiras diferentes? Uma grande inspiração foi a Longboarder Kassia Meador, sempre foi a minha surfista preferida. Tem um estilo incrível e muito feminino o que me puxou muito para o longboard. Pessoas como o Kieran Grant e o David Prescott também tiveram muita influência no início do meu percurso e mais tarde, quando comecei a surfar regularmente em S. Pedro do Estoril tive muito apoio dos longboarders locais com quem tenho aprendido muito e que me têm inspirado também.
Onde costumas surfar e qual é o teu tipo de onda preferida?
Procuro surfar ondas “perfeitas” de point breaks como S. Pedro do Estoril, Ribeira d’Ilhas na Ericeira e a minha preferida até hoje é Immsouane em Marrocos.
Consideras-te uma soul surfer? O que é para ti ser soul surfer?
Eu considero-me acima de tudo um ser humano com uma ligação muito forte e interessante com o mar. Não gosto muito de usar rótulos mas esse parece-me adequado para me descrever.
Sabemos que tens alguns patrocínios, fala-nos das marcas que te apoiam e do trabalho que desenvolves com eles.
Tenho a família RVCA e a Wavegliders. A RVCA foi a primeira e pela qual tenho um carinho muito especial. Identifico-me muito com os valores que a marca representa e tem sido um prazer partilhar o meu dia-a-dia, a minha vida e os meus sonhos com a mesma. Há algo de muito especial na RVCA, é uma marca que tem juntado uma equipa extraordinária de pessoas mas que se destacam pela sua individualidade. É uma família muito grande, de mente muito aberta e muito acolhedora.
A Wavegliders tem contribuído muito para a minha evolução enquanto surfista, para a minha felicidade e diversão na água. É também uma família com quem tenho um contacto muito regular e a quem agradeço todo o carinho e ajuda que tenho recebido por parte deles.
Recentemente surgiste em 6º lugar na lista da ONFIRE dos surfistas portugueses mais seguidos no instagram. Tinhas noção que estavas entre os mais seguidos?
É verdade! Sim, tinha alguma noção… mas foi uma surpresa de qualquer maneira!
Contas-nos o segredo do teu sucesso no instagram?
O Instagram é uma plataforma que uso para me expressar e partilhar o meu trabalho e momentos especiais do meu dia a dia. Penso que talvez as pessoas se identifiquem com isso ou que gostem de acompanhar a minha jornada neste planeta.
Que interesses tens além do surf?
Entre outras coisas: arte, fotografia e viajar. A arte já estava presente na minha vida antes do surf. Tenho vindo a explorar várias vertentes da área ao longo dos anos. Desde o desenho, pintura, ao teatro e a música. Neste momento estou mais focada na fotografia. Sendo esta um mundo pelo qual me apaixonei. Encontrei nele, uma ferramenta não só de criação artística, assim como de captura de momentos do meu dia a dia e estilo de vida.
Outro interesse, viajar, é também uma fonte de inspiração que contribui para o meu equilíbrio. Completa as outras paixões. Quer seja pelo facto de poder surfar em sítios diferentes, fotografar, ver arte ou conhecer novas culturas.
Conta-nos como é o teu dia a dia.
Neste momento vivo em Inglaterra, estudo Fotografia na Universidade de Brighton e estou rodeada de artistas das mais diversas áreas. Tenho condições muito boas para aprofundar o meu estudo de fotografia na faculdade e acesso ao mais variado material fotográfico desde o mais antigo analógico ao mais recente digital. Estou a aprender muito e a partilhar muito com pessoas incríveis, estou a 5 minutos a pé da praia. Há algo de muito característico e especial em Brighton.
Tenho desenvolvido muito trabalho inspirado na água e na relação do ser humano com esse elemento natural. Para surfar tenho ido a Cornwall onde tenho feito muitos amigos, inclusivamente com focas no crowd. E o frio torna tudo um pouco mais mágico e autêntico. Faz-nos estar presentes no momento. Sentir mais profundamente a sorte da vida que temos. Faz-nos dar mais valor a tudo.
Para terminar, como te vês em 10 anos?
O futuro para mim é um livro com páginas em branco que vou pintando diariamente. Sei o que é que me faz feliz agora, estar em contacto com o meu elemento: água. É, sem dúvida nenhuma, prioritário. Surfar, fotografar, fazer arte, falar de arte, escrever, conhecer outras culturas e outras pessoas, partilhar momentos simples… Daqui a 10 anos serei uma Inês com mais momentos e mais experiências. Imagino a Inês com pouca tralha às costas, uma mochila, algumas câmeras fotográficas e a prancha debaixo do braço. Seja a surfar, a trabalhar como fotografa e artista, a escrever para revistas, ou a fazer outra coisa qualquer que me faça feliz, isso para mim é o mais importante. Ser feliz.
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