Ainda em estado de choque com o que se passou no dia 20 de Dezembro na Nazaré, começo esta curta crónica com a tentativa de citar uma frase que registei na memória, proferida por Kohl Christiensen, reputado big wave rider Havaiano:

“Há algo de especial quando remamos para uma onda gigante com os braços e o coração sem saber se vamos conseguir… Nada pode bater isso”

É este o espírito do surf de ondas grandes na remada. O tow-in deu a conhecer a Nazaré ao Mundo, mas era preciso uma mudança de paradigma naquelas massas de água. O sensacionalismo de registar ondas gigantes, algumas a que podemos chamar apenas vagas, que nem sequer quebravam e onde deslizavam alguns corajosos, por vezes medíocres tecnicamente, foi factor determinante para que a Nazaré, durante os últimos anos, fosse olhada com algum cepticismo por parte dos media especializados e dos surfistas de todo o Mundo. Era preciso mudar, era preciso provar que aquele sítio especial tinha mais a oferecer do que apenas espectáculos de snowboard em água para uma plateia de milhares de pessoas, que desconheciam a importância de um bottom turn. Era preciso provar que o Canhão da Nazaré estava ao mesmo nível do armamento Havaiano, Mexicano ou Chileno.

Esse dia chegou! Houve emoção, medo, desafio e coragem. E a Lusofonia mostrou que tem braços fortes.

O Nazaré Challenge foi o início de um caminho que vai levar os surfistas portugueses ao mais alto nível do surf nas ondas grandes.

É tempo de olhar para a frente, tal como disse Laird Hamilton, “Não deixes que os teus feitos sejam maiores que os teus sonhos”!

Sobre o Autor:
João “Flecha” Meneses| Com mais de duas décadas de surf nos pés, “Flecha” enquadra dois adjectivos de respeito no surf, “underground” e “Soul” surfer. Originalmente local das ondas da Caparica, João tornou-se residente da Ericeira há mais de uma década e é um daqueles surfistas que não aceita insultos do “Sr. Medo”. Nos seus tempos livres é escritor de mão cheia e esta é mais uma excelente colaboração com a ONFIRE.

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