Enquanto era carregado em ombros pela praia, depois de ter vencido pela primeira vez uma etapa do WCT, Kai Otton chorava e apontava para o céu, dedicando a alguém este momento muito especial na sua carreira. Pouco depois, no palco durante a entrega de prémios, Otton lembrava Andy Irons, um surfista que surfou nesta praia o último heat da sua vida, sendo eliminado às mãos do campeão de 2013. Também o seu avô estava na sua memória, uma pessoa muito especial na sua vida e a quem saiu esta dedicação.

Kai nunca tinha tido resultados expressivos no nosso país, apesar de em 2011 ter feito o heat do ano na prova com melhores ondas do circuito, contra Julian Wilson. Desta vez tudo tinha acontecido tudo a seu favor, apesar do difícil percurso que teve pela frente. Em ondas até dois metros, glass, com alguns tubos mas muitas “fechadeiras” Otton era o obstáculo que Mick Fanning tinha pela frente a caminho de um resultado muito favorável ao seu título mundial, mas foi o “underdog” que levou a vitória.

A primeira meia final foi mais um heat importante na disputa pelo título, neste caso para Joel Parkinson, mas seria mais um candidato a tombar perante a “missão” de Otton. “Parko” teve os seus momentos e parecia estar a caminho de uma vitória fácil. Nos primeiros 10 minutos apanhou uma “bomba”, deu um tubo, três fortes rasgadas para receber 8.5. Pouco depois Otton respondia com um bom tubo para a esquerda uma boa rasgada e um snap lay back tão rápido que a parte do “lay” mal se viu. Essa foi a sua fórmula durante todo o campeonato e pouco depois repetia o feito, substituindo apenas o tubo por uma batida no lip.

Do outro lado da grelha estava Nat Young, com um aproacch semelhante mas mais mecânico que o australiano. O surfista de Santa Cruz garantiu nesta etapa o prestigioso prémio de rookie do ano e a caminho da final derrotou Jordy Smith e Josh Kerr. De facto seria a segunda vez que Nat Young derrotava estes dois surfistas neste dia pois no round 4 tinha dado dois grandes tubos para a esquerda para se garantir nos quartos de final.

A final foi um heat mais fraco que muitos outros deste dia, mas deu ao público português algo diferente para apoiar. Pela primeira vez a vitória não seria de um atleta consagrado pois nenhum dos dois tinha alguma vez vencido uma etapa do no WCT. Seria também a primeira vez que um goofy iria vencer a etapa de Peniche e a praia encheu pela primeira vez em 2013. Kai foi quem abriu melhor este heat com um recurso que também lhe tinha sido muito valioso nesta etapa, o seu afiado surf de backside. Nat aproveitou a deixa e fez o mesmo, conseguindo uma nota semelhante. A diferença de pontos foi pequena, na sua segunda melhor onda Nat Young encontrou um tubo, mas este foi curto e depois de uma rasgada a onda desapareceu, juntamente com as suas hipóteses de vencer!

Assim terminou mais uma edição do WCT em Portugal, o Moche Pro Portugal Presented by Rip Curl, uma etapa que mais uma vez foi um grande sucesso!

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