A seleção francesa conquistou o título mundial júnior de surf pela primeira vez na sua história, numa das disputas mais renhidas de sempre pela medalha de ouro colectiva. O nono e último dia do Vissla ISA World Junior Championship 2016 disputou-se em condições mais exigentes do que o previsto, com boas ondas de 1,5m a 2m na Praia do Monte Verde, Ribeira Grande, a proporcionarem um palco de excelência para o grande espetáculo que foram as meias finais e finais das quatro categorias em disputa.
Com a decisão colectiva a chegar à última final da última categoria em disputa, a equipa gaulesa acabou por conseguir escassos 70 pontos de vantagem sobre a seleção australiana, num total de quase 7000 pontos. Foi um dia de algum nervosismo, mas proveitoso para Stéphane Corbinien, Team Manager da equipa.
“Sabíamos que cada onda, cada bateria, cada atleta, iria contar! Os miúdos estavam cientes disso, embora a acusar já algum cansaço, ao fim de tantos dias de prova… o nosso principal trabalho foi mantê-los motivados, porque o surf eles tinham-no afiado. Estamos muito felizes por conquistar finalmente a medalha de ouro colectiva, depois de dois anos como vice-campeões! Chegámos a perder por 30 pontos, por isso aceitamos uma vitória por 70”, comentou feliz o responsável.
No segundo lugar ficou a muito consistente seleção australiana, com o Hawaii em terceiro, o Japão num surpreendente quarto lugar e os Estados Unidos da América em quinto. A terminar o Top 10 ficaram, por ordem, o Brasil, Costa Rica, Tahiti, África do Sul e Nova Zelândia. Portugal terminou no 14º posto, muito aquém do desejado.
“Houve coisas que não correram bem, de facto, mas os problemas estão identificados e vamos trabalhar para corrigi-los. Cometemos erros que não se podem cometer a este nível, embora esta fosse uma seleção muto jovem, com metade dos atletas a estrearem-se em representações nacionais. Esperamos ter estas questões solucionadas já para o europeu de juniores, que será em Dezembro, em Marrocos”, afirmou o selecionador nacional, David Raimundo.
Individualmente, nos sub-16 femininos, a norte-americana Caroline Marks, confirmou o seu favoritismo ao conquistar facilmente o ouro, deixando a australiana India Robinson com a prata, a neo-zelandesa Elin Tawharu com o bronze e a surpreendente britânica Ellie Turner com a medalha de cobre.
Nos masculinos, também em sub-16, vitória igualmente determinada do fortíssimo francês Thomas Debierre. Com um físico muito desenvolvido para a sua idade e uma maior experiência internacional, Debierre venceu a bateria final logo nas suas duas primeiras ondas, conquistando assim a medalha de ouro individual, a somar à colectiva. Thomas deixou o pequeno prodígio australiano Kyuss King no segundo lugar e os surpreendentes japoneses Yuji Mori e Yuji Nishi no terceiro e quarto postos, respectivamente.
Já nas finais sub-18, assistimos a disputas mais acirradas e definidas apenas nos últimos segundos. No feminino, a havaiana Brisa Hennessy, que há duas semanas fez aqui a final da etapa de qualificação do circuito mundial profissional, acabou por conquistar a medalha de ouro, graças a uma última onda bastante comprida e bem surfada.
A tahitiana Vahine Fierro também conseguiu a medalha de prata devido à sua última onda, “empurrando” a costa-riquenha Leilani McGonagle, que liderou boa parte da final, para a medalha de bronze. A francesa Juliette Brice, ex-campeã europeia júnior, ficou na quarta posição.
No masculino, o brasileiro Wesley Dantas entrou na final extremamente motivado e confiante, conseguindo de imediato duas ondas boas, que lhe deram uma liderança confortável. Mas o peruano Alonso Correa, um dos maiores destaques da semana, procurou desesperadamente as ondas que lhe deram uma grande vitória nas meias-finais e, nos últimos segundos, por pouco não “roubou” o primeiro lugar ao brasileiro.
Correa necessitava de 7,70 pontos e recebeu 7,40, o que acabou por lhe dar “apenas” a medalha de prata, com Wesley a conquistar o ouro. Na luta pela terceiro lugar estavam o francês Colin Doyez e o australiano Harley Ross, com o francês a conseguir o bronze e, com isso, a vitória da geral para a sua equipa. Muito renhido e impróprio para cardíacos!
“Eu estava muito confiante e entrei na bateria para vencer”, afirmou o novo campeão mundial sub-18. “Sabia que as ondas, como estavam muito rápidas, só proporcionavam espaço para uma manobra boa, por vezes duas… por isso concentrei-me em marcar bem essas manobras e em finalizar bem as ondas, pois também sabia que o Alonso ia tentar a todo o custo vencer. Estou muito contente com este resultado, mas acho que ainda não caiu a ficha!…”, afirmou o irmão mais novo do top mundial Wiggolly Dantas.
Terminou assim, com uma animada entrega de prémios, o Vissla ISA World Junior Championship 2016. Ao longo de 9 dias, 371 atletas de 39 países competiram na Praia do Monte Verde, Ribeira Grande, pelos títulos mundiais, individuais e colectivos, de surf júnior, que ficaram entregues a novos campeões.
https://www.youtube.com/watch?v=-v8_8MKgkrc
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