José Gregório começou os anos 90 como apenas mais um dos destaques de uma geração que começava a quebrar barreiras e acabou a década como um dos mais dominantes surfistas portugueses de sempre. O seu foco começou nos circuitos nacional e europeu (EPSA), onde foi sempre destaque, fazendo mais tarde a transição para o circuito QS. As suas disputas com João Antunes foram algumas das mais épicas do surf português, elevando a competitividade no circuito nacional a patamares nunca antes vistos. Fica a conhecer os 7 campeonatos mais marcantes da sua carreira…

 

EPSA – 1992 – Tápia (Espanha)
Bem no começo da minha carreira profissional ainda não levava o surf muito a 100%. Fui sair à noite antes do último dia de prova e passei um bocado dos limites, nem me lembro de ter chegado ao carro e de ter vomitado em cima do Marcos Anastácio. No entanto, no outro dia de manhã, tudo começou a fluir naturalmente e fui desde os oitavos de final até à final. Todos os heats pareceram fáceis e acabei em segundo lugar, surpreendendo todos os tops europeus. Para ir a esta prova tive que pedir dinheiro emprestado à minha avó, paguei-lhe tudo mal regressei e ainda sobrou dinheiro para a etapa seguinte.

EPSA Billabong Pro – 1994 – Ribeira D’Ilhas
Mais um EPSA e eu ainda era um outsider nessa altura. Fui passando heats atrás de heats e quando cheguei à final parecia quase impossível de ganhar contra o Russel Winter, Didier Piter e Boris Le Texier. O Pescas disse que me pagava a viagem ao Havai se vencesse e isso foi logo a motivação para ganhar e ainda acabar o heat a dar espectáculo, com uma onda a terminar com um aéreo já nos calhaus. Nem acreditei, a partir daí a Ericeira tornou-se na minha casa.

Special Event – Billabong Challenge – 1996 – Madeira
Só ter sido convidado para este evento de elite já era uma honra, mais ainda foi ter terminado em segundo lugar atrás do Miguel Fortes, numa final só com amigos (dos Coxos), e com ondas de sonho, quatro metros perfeitos na Ponta Pequena. Acho que este campeonato marcou uma época do surf nacional, foi histórico, sem dúvida.

Circuito Nacional Open – Última Etapa – 1996 – Praia Grande
Pela primeira vez tinha hipóteses de ganhar o título nacional. Isso acabou por não acontecer, no entanto foi a minha primeira grande vitória no circuito nacional e foi com ondas de metro com condições de tempestade.

Circuito Nacional Open – Etapa da Figueira da Foz – 1997
Lembro-me de ir a caminho com os meus amigos e estar radiante por ir competir num sítio que adoro, disse-lhes com a maior das confianças que ia ganhar o campeonato. Fiz alguns dos melhores heats da minha vida e na final surfei o melhor que sabia. Ainda não havia sistema informático e quando saí da final não sabia se tinha ganho ou ficado em segundo, mas lembro-me de dizer ao Mica que não sabia fazer melhor do que fiz! Mais uma vez dei um aéreo na final e acabei por ganhar, senão agora nem falava desse campeonato.

QS – Shopping Buondi Pro – 2000 – Gaia
Mais um evento em Miramar, uma onda muito pouco desejada por toda a comunidade de “prós”. Mal o pessoal perdia, bazava logo. Fui com a malta do costume mas eles foram perdendo e eu acabei por ir até à final, onde ganhei. Quando saí da água não tinha lá ninguém conhecido e nada de amigos meus para ir comemorar a vitória. De qualquer maneira soube super bem, ainda por cima porque acabei no top4 Europeu e fui correr o circuito QS no ano seguinte.

Special Event Etnies Air Show – 2000 – Newquay (Inglaterra)
Fui a Inglaterra a convite do meu patrocinador de ténis (Vans) para entrar neste special event de aéreos. Estavam lá alguns especialistas mas fui passando heat atrás de heat até à final. Como só contavam as manobras completas, aterrei dois aéreos e ganhei a todos os outros nomes sonantes, que tentaram voar muito mas não completaram. Vim de avião para casa com 3.000 euros no bolso em notas de 20, foi lindo.

 

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