O Azores Airlines World Masters Championship foi claramente uma prova importante para todos os convidados, que chegaram a São Miguel bem preparados e com quivers muito bem recheados. Todos menos um…

No auge da sua carreira Tom Curren foi o grande piloto de testes do maior shaper das últimas décadas, Al Merick, apesar de em certas alturas também ter trabalho com outro “gigante” dessa era, Maurice Cole. Mas quando saiu do tour começou a “inventar”. Numa das viagens “The Search” da Rip Curl, nos anos 90, Tom surfou num dia de ondas pesadas com uma prancha 5’7” fish e isso, só por si, praticamente lançou uma  revolução no meio do surf.

 

 

Mas o carismático californiano não ficou por aí, começando a transformar as pranchas que recebia de diversos shapers, serrando tails, metendo e tirando quilhas, e fazendo experiências que faziam com que as suas pranchas mais parecidas com o que seria um quiver de Frankenstein que de um surfista profissional.

Apesar disso, ao longo dos anos, Curren manteve um nível surf muito alto e caso tivesse usado uma prancha mais “normal” poderia ter sido um candidato à vitória. Mas não, trouxe um híbrido entre uma prancha de surf e uma de skimming, uma 5’4” que mais parecia uma daquelas experiências estranhas que se encontra ao lado de um caixote do lixo e não se leva para casa.

Tom até lhe tirou algum rendimento no heat final, conseguindo um par de notas 4 mas claramente não era uma prancha boa a nível de performance, o que ditou a sua eliminação face a Matt Hoy. Curiosamente Matt, o vencedor do primeiro CT realizado em águas portuguesas, tinha alguma razão para estar nervoso com este confronto. Isto porque cerca de 25 anos antes os dois competiram numa bateria que ficou para a história do surf profissional. Foi em 1993 que Curren fez um dos seus comebacks e numa das provas em que competiu teve como adversário Matt Hoy, que na altura se encontrava top10 do circuito. Tom optou por competir com um prancha 5’5″ velha que tinha encontrado numa loja de produtos em segunda mão. A prancha parecia um kneeboard mas Tom conseguiu bater por larga vantagem o australiano, que assim sofreu uma das mais humilhantes e mediáticas derrotas da sua vida.

Mas neste dia do World Masters Championship não foi tão bem sucedido e no fim ficou a precisar de fazer a melhor nota da prova, um 9.5. Naquela prancha só um pequeno milagre o teria levado a fazer uma nota excelente, o que ditou a sua eliminação e permitiu que “Hoyo” tivesse uma pequena vingança e avançasse até às fases finais.

Acompanha a evolução do Azores Airlines World Masters Championship em directo AQUI!

Comentários

Um comentário a “O estranho “veículo” de Tom Curren no Masters Championship”

  1. Miguel Coelho diz:

    Curiosamente, o shaper Luís “Lacrau” Carvalho, da Lacrau Surboards, desenvolveu um conceito muito semelhante, no seu incessante processo de desenvolvimento de novos e disruptivos projectos.