O Rip Curl Pro Bells Beach de 2022 foi uma das etapas mais emocionantes e, ao mesmo tempo, controversas, dos últimos tempos no Championship Tour.

À medida que a prova avançava e muitos dos mais experientes surfistas do tour iam perdendo, a polémica ia intensificando, nomeadamente a insatisfação sobre o cut para 22 competidores na categoria masculina, e 10 na feminina na segunda metade do ano. Cerca de 29 dos 51 surfistas do CT assinaram uma petição para acabar com o “corte”, pressionando a WSL a dar uma resposta oficial, resposta essa que categoricamente negou qualquer hipótese de se voltar atrás uma vez que contratos estão assinados, tanto com surfistas como patrocinadores de eventos.

Outro momento polémico foi a eliminação de Ítalo Ferreira, por Jack Robinson, por muito pouco na última onda, com o resultado já comunicado com os surfistas fora de água. Justo ou injusto, o que é certo é que foi um heat muito disputado, que podia ter dado para qualquer um dos lados. No entanto Ítalo não aceitou bem a derrota, destruindo mais uma prancha num ataque de raiva na área dos competidores.

Detalhes à parte, o evento teve tudo o que se deseja, muito bom surf e grandes confrontos. No penúltimo dia, reservado aos quartos de final, realizou-se um heat que mais parecia uma final, Filipe Toledo VS John John Florence, um confronto cheio de notas altas que foi vencido por Toledo, um surfista que quando está “on” é praticamente imbatível. No dia seguinte Filipe tinha nas meias finais mais um adversário à sua altura, o “mago” dos point breaks de direita, Ethan Ewing. Apesar disso, por melhor que Ewing seja neste tipo de condições, Toledo está noutro patamar até a nível estratégico, qualificando-se para a sua segunda final consecutiva.

Do outro lado da grelha vinha a revelação do evento, o rookie Callum Robson. O “carrasco” de Frederico Morais e Mick Fanning vinha lançado, eliminando Miguel Pupo nos quartos de final por muito pouco, e Jack “Robbo” nas meias por ainda menos. Callum também mostrou muito bom surf na final, mas não dava para competir com Filipe Toledo, que estava inspirado e venceu a sua primeira etapa do ano, agarrando uma confortável liderança sobre o segundo classificado, Kanoa Igarashi.

Também a prova feminina teve muito bom surf, ficando marcada pelo regresso de Tyler Wright. Não que a 2x campeão mundial tenha estado ausente, mas já não vencia desde Dezembro de 2020 e, antes disso, a sua última vitória tinha sido em 2017. Mesmo sem estar completamente livre dos seus problemas de saúde, Wright mostrou grande forma, batendo Bronte Macauley nos quartos de final e Courtney Conlogue nas meias, para encontrar na final a surfista que a tinha derrotado nas duas finais que já tinha feito em Bells no passado, a nova líder do ranking feminino, Carissa Moore. Desta vez Tyler Wright foi implacável, impondo uma combinação à campeã mundial em título.

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