A ideia de cultivar uma prancha na praia, em vez de cria-la na fábrica, veio do shaper da Ferox Surfboards, Octávio Lourenço. As intenções dele são verdes, tanto que ele sonha com cultivar pranchas. Até agora, não foi encontrada nenhuma semente na Natureza que se desenvolve-se numa prancha (talvez um dia uma empresa de modificação genética a crie, quem sabe!), mas nós tentámos juntar uma composição que representaria como seria isso na agricultura tradicional Portuguesa.

As pranchas podiam crescer em arvores, ou serem escavadas debaixo da terra como batatas, mas o mais adequado para se assemelhar à agricultura Portuguesa pareceu ser uma horta, com um agricultor, e uma enxada. Foi essa a ideia, e pouco mais foi depois disso, senão juntarmo-nos e ver que ideais mais surgiriam. Claro que passamos uma manhã inteira a escavar buracos, a enterrar pranchas e fazer trincheiras. Isto tudo com um vendaval de Norte que até levantava voo as senhoras a apanharem conquilhas na praia até Marrocos. Este vento também levantou voo a algumas pranchas que só pararam quando encontraram uma parede… Mas no fim tínhamos uma hortinha bonita, e um agricultor mais ainda.

Para chegar à horta desatámos a correr nos montes, foi mesmo só isso que fizemos, correr nos montes. Encontrávamos um monte bonito, íamos a correr, e seguíamos para o próximo monte. Subíamos o monte outra vez, para voltar a correr. Até corremos para dentro de uma lagoa com lagostins territoriais, que nos assaltaram e levaram o material todo. Voltámos lá o dia a seguir, estavam os lagostins e fazerem filmes interessantes uns aos outros. Mas nós obliteramo-las derramando piri-piri para dentro da lagoa, e recuperámos o material e corremos mais. Vá lá que gostamos de correr…

Nisto tudo brincamos na terra, plántamos pranchas e corremos mais ainda, para compor a nossa horta de pranchas na praia. Depois de colher uma prancha madura da horta, usá-la até ao ponto de uso excessivo, o agricultor viu o fruto maduro que tanto demorou a crescer, a se decompor de volta no oceano. Talvez cultivar uma prancha demoraria muito mais tempo do que “shapar”, e as pranchas seriam todas de formas diferentes sem modo de as controlar, mas imagina olhar para o teu quintal e ver uma árvore ou uma horta cheia de pranchas, com uma madura todos os dias pronta para ser colhida e surfada. Podia ser divertido…

Sobre o autor:
Alex Botelho tem 22 anos e é um dos mais criativos e carismáticos surfistas do Algarve. É Free surfer patrocinado, aérealista em ondas pequenas, BIG WAVE RIDER em ondas grandes, editor dos seus próprios videos, blogger ONFIRE e “all around nice guy”!

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