Apesar de não ser conhecido no meio do surf, Lino Curado tem um curriculum vitae impressionante numa modalidade muito próxima do nosso desporto, o skimming. Este local de S. João do Estoril foi, segundo muitos, o expoente máximo do skim no nosso país, com títulos nacionais e Europeus aos 15 anos e um 2º lugar na Taça do Mundo em 2001. Em meados de 2006 começou a interessar-se pelo fabrico de pranchas, eventualmente chegando à fibragem de pranchas de surf. Foi durante esse processo que desenvolveu uma tecnologia que acredita que poderá mudar para sempre o fabrico das pranchas de surf. Fica a saber mais sobre Lino Curado e a tecnologia Flowtech…
Lino, conta como tudo começou…
Quando meti na cabeça que ia começar a fazer pranchas (de skiming) todos os dias, durante algum tempo, guiava 40 minutos para Caneças, onde tinha um espaço, e fazia sempre qualquer coisa, um banho de resina, uma fibragem… Comecei a tentar usar o processo de vácuo, que na altura não era muito vulgar. Não tenho formação em engenharia, nem pouco mais ou menos, mas tinha algumas bases e noções, pois trabalhei vários anos na área de construção. Por isso tinha alguma facilidade em fazer as ligações dos materiais. Sempre tentei olhar para as coisas a 360 graus, de forma a perceber os mecanismos. Fiz algumas pranchas e verifiquei que a nível de performance era melhor do que as que eu estava a usar.
Foi durante essas experiências que chegaste à tecnologia Flowtech?
Fazer bem e diferente sempre foi a minha filosofia mas o Flowtech nasceu um bocado ao acaso. Eu usava um processo de construção que me deixava umas marcas no fundo da prancha, uns vincos, então para compensar isso fui buscar a teoria das bolas de golfe. Com as irregularidades no fundo criei um fluxo turbulento, uma zona de separação que faz a prancha tornar-se mais rápida. Com a mesma energia a prancha vai mais longe, mais rápido. Mas não tinha o fundo perfeito, inicialmente era um quadriculado mas fui procurando aperfeiçoar, apesar de dar bastante trabalho. É no cansaço e no esforço que as pessoas vão à procura da solução. E consegui arranjar uma solução que, em termos de aplicação, era perfeita pois também reduzia o custo em relação ao que fazia antes.
Podes falar mais um pouco sobre a tecnologia e resultados?
Ninguém vê uma bola de golfe lisa e o principio é igual para a água. Não vou questionar um principio básico da física, um fluxo laminar gera mais atrito que um fluxo turbulento. Posso dar exemplos básicos, um tubarão em velocidade as escamas viram a 90 graus para reduzir o atrito.
Como vês a evolução e futuro desta aplicação?
A única coisa que digo é que ninguém se lembra de ver uma bola de golfe lisa mas durante anos muita gente não aceitou a bola assim. Existe uma transição, e estamos na altura.
E qual é o processo, ou é uma técnica secreta?
É uma técnica que está com um pedido de patente pendente. Quando pensei em passar isto para o surf sabia como o fazia mas ia alterar as especificações das pranchas de surf. Não podes entrar no surf e alterar tudo, tinhas de alterar o método de construção, não iria acontecer. A primeira experiencia que fiz já foi numa prancha para o Filipe Jervis, mas a aplicação não ficou perfeita. Depois fiz uma para o Ruben Gonzalez, com laminação tradicional e aplicação Flowtech numa prancha para ondas de verão, uma 5´5” e ele logo de seguida tirou um dos melhores resultados dos últimos anos numa etapa QS, um 5º lugar.
Qual foi o feedback do Ruben?
Ele disse que a prancha era super rápida, que em ondas pequenas tinha projecção acima da média. Eu já sabia que no skimming a aplicação funcionava, mas aí fiquei com uma referência dos resultados para as pranchas de surf. Uns meses mais tarde convidaram-me para fazer algumas pranchas para estarem expostas durante o CT de Peniche. Fizemos duas pranchas que fossem ao encontro de surfistas do campeonato, queríamos que o Mick Fanning e o Gabriel Medina as usassem (risos)! O CJ Hobgood queria levar uma e a equipa do (Filipe) Toledo levou uma, mas nunca chegaram a dizer nada. O feedback a nível geral do público durante a prova foi bom.
Com que outros surfistas tens estado a trabalhar?
Foram muitos os atletas que mostraram interesse, mas ninguém tanto como o Ruben Gonzalez. Fizemos um modelo especifico para ele que, além do Flowtech, era laminado a vácuo e isso faz muita diferença. O Flowtech basicamente é uma aplicação, não uma fibragem. Se tu quiseres fazer um upgrade à tua prancha podes fazer.
Qualquer prancha pode levar a aplicação?
Sim, qualquer prancha!
Qual é a diferença quando se faz a fibragem de origem com o Flowtech em comparação a uma aplicação posteriormente?
Se for eu a fazer e se for em processo de vácuo vai ser mais leve. Se vier feita terei de adicionar mais qualquer coisa, fica ligeiramente mais pesada.
Queres saber mais sobre a tecnologia Flowtech ou encomendar uma prancha com esta aplicação? Podes entrar em contacto com o Lino Curado em – l.c.flowtech@gmail.com – e seguir o seu trabalho no instagram @linocuradotechnologies.
Comentários