Alguns patrocínios duram pouco, outros duram uma vida. A ONFIRE “dissecou” dois dos mais longos patrocínios da história do surf profissional…

Billabong e Mark Ochiilupo | 34 anos de patrocínio.

A história da marca Billabong e do surfista Mark Ochillupo está ligada desde os anos 80. Em 1983 a Billabong já tinha 10 anos de existência mas ainda era relativamente pequena em comparação a outras no mercado. Occy, com 16/17 anos, reuniu-se com o fundador, Gordon Merchant, nesse ano, por intermédio do mítico Jim Banks, que já era patrocinado e conhecia bem o potencial do jovem aussie. Estava na altura de dar o salto para o circuito mundial e Occhilupo queria receber 40.000 dólares, que era uma estimativa do que custava competir no tour (e uma pequena fortuna para a época). Mas, pelo que consta, Gordon nem hesitou e usou o dinheiro que recebeu pela venda da licença da Billabong nos EUA (40k) para pagar ao seu novo team rider. Curiosamente o detentor da licença seria nada mais, nada menos, que Bob Hurley, que ficaria como representante até 1999, ano em que criou a sua própria marca (Hurley).

Occy tomou de assalto o circuito mundial, vencendo regularmente, incluindo o Pipe Masters e o OP Pro, dois dos campeonatos mais importantes da época. Ao fim de alguns anos, Mark teve um ligeiro meltdown, retirou-se do circuito, engordou e quase deixou de surfar. Mas nem aí a Billabong o deixou. Continuou a patrociná-lo, a acompanhar o seu desenvolvimento e a trabalhar a sua imagem através de campanhas publicitárias e filmes de surf.

Em 1995 Occy saiu do sofá e voltou a treinar, arracando no que seria um dos maiores comebacks da história do surf profissional. Tudo começou com o “Desert Challenge”, um special event da marca que juntava alguns dos melhores free surfers do mundo, como Johnny Boy Gomes, Brendon Margo Margison, Pancho Sullivan e (claro) Occy, juntamente com alguns dos melhores competidores da altura como Kelly Slater, Rob Machado e Luke Egan. Mark foi bem sucedido e no fim do ano competiu nos trials do Pipe Masters, qualificou-se para o main event e chegou à final. Em 1996 “comeu o pão que o diabo amassou” no WQS mas conseguiu a vaga em tempo recorde para o CT, sagrando-se campeão mundial da ASP/WSL em 1999.

Ficou no tour até 2007 e quase fez outro comeback em 2012. Desde aí e até aos dias de hoje a Billabong manteve Occy como patrocinado/embaixador, fazendo deste o mais longo grande patrocínio da história do surf profissional, celebrando cerca de 34 anos na marca.

Hang Loose e Fábio Gouveia | 28 anos

Se não fosse pelo título mundial do peruano Filipe Pomar nos anos 60, Fábio Gouveia teria sido o primeiro sul americano a sagrar-se campeão mundial de surf. No entanto pode-se dizer que “Fabinho” foi o primeiro campeão na era moderna do surf, quando venceu o mundial da ISA em Porto Rico em 1988. No ano seguinte a marca brasileira Hang Loose, um gigante do surfwear naquele país até aos dias de hoje, apostou nos dois maiores talentos do país na época, Gouveia e Flávio “Teco” Padaratz, e assim começou um percurso que décadas mais tarde possibilitava que o Brasil se tornasse numa super potência de surf. Uma das versões que se conta é que para Teco, que já falava inglês e tinha experiência em viagens, ter o patrocínio tinha de levar consigo Fábio, que pouco tinha saído do país e iria encontrar dificuldades em se adaptar.

A dupla brasileira fez sucesso e Gouveia tornou-se no primeiro surfista do seu país a vencer no Championship Tour, tanto no Brasil como no estrangeiro, sendo também o primeiro a entrar no top5 e a vencer no Havai, algo que só mais dois surfistas brasileiros conseguiram até hoje. Ao fim de alguns anos Padaratz saiu da equipa mas Gouveia manteve-se, continuando activo como competidor até aos 40 anos, retirando-se apenas em 2009. Mas isso não foi o fim desta relação profissional, pois Fábio mantém o autocolante da Hang Loose no bico da sua até hoje. Recentemente Gouveia tornou-se shaper, apesar de se manter activo como surfista profissional e embaixador da marca. Curiosamente um dos seus filhos é Ian Gouveia, que será, ao lado de Frederico Morais, rookie no Championship Tour da WSL em 2017 e é também patrocinado pela Hang Loose.

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Comentários

2 comentários a “Curiosidades Surfisticas | Os mais longos patrocínios da história do surf profissional”

  1. cmartinsg diz:

    Tom Carrol e Quiksilver? Tom Curren e Rip Curl?

    • Boa noite. O Tom Curren foi para a OP (roupa) e Rip Curl mais ou menos na mesma altura que o Occy entrou para a Billabong. Com a queda da OP (https://www.onfiresurfmag.com/exclusivos/5-grandes-marcas-de-surf-que-desapareceram-do-line-up-parte-1/) Tom chegou a ser 100% Rip Curl mas ao fim de alguns anos saiu e foi patrocinado pela Realm (roupa) e Mormaii (fatos), eventualmente voltando para a Rip Curl uns anos mais tarde. Já Tom Carroll poderia perfeitamente ter entrado nesta lista, tal como muitos outros, pois entrou para a Quiksilver em 1989, o mesmo ano que Fábio Gouveia assinou com a Hang Loose. No entanto, como está explicado no primeiro parágrafo do artigo, não assumimos que este é um artigo exaustivo sobre todos os patrocínios de longa data mas sim sobre “dois dos mais longos patrocínios da história do surf profissional…”