O Championship Tour como o conhecemos, como a principal de duas divisões do circuito mundial, já conta com mais de 3 décadas de existência. Durante esse tempo, centenas de surfistas já passaram pela elite e, infelizmente, alguns deles já faleceram. Fica a saber quem foram e como foi a sua passagem pelo tour.

Derek Ho | 1964 – 2020

O mais bem sucedido desta lista, tendo-se sagrado campeão mundial da ASP (actual WSL) em 1993, sendo o primeiro havaiano a conquistar este feito na categoria masculina. Derek teve uma longa carreira no circuito mundial, com muitas vitória e três Triple Crowns, feito quase tão impressionante como o título. Em 1997, depois de uma lesão grave no tendão contraída durante uma sessão de free surf em G-Land, Ho recebeu o primeiro (não oficial) injury wildcard da história do circuito mas não se conseguiu manter e reformou-se antes de sequer tentar a sua sorte no circuito QS. Ao longo dos anos manteve-se bastante próximo do olho do publico, graças aos tubos que continuava a dar em Pipeline e, dois anos depois de ter competido nos Açores no World Masters Championship, faleceu, em 2020. A causa de morte foi apontada como um ataque de coração, algo que infelizmente acontece com alguma regularidade entre os surfistas havaianos.

John Shimooka | 1969 – 2020

“Shmoo”, como era mais conhecido, surgiu na cena competitiva nos anos 80 juntamente com outro grande surfista em ascensão e seu “irmão” no tour, Sunny Garcia. John até teve sucesso antes de Sunny, sendo o primeiro entre os dois a vencer uma prova do circuito mundial. A sua personalidade forte e surf rápido e radical proporcionaram-lhe grande reconhecimento a nível mundial, sendo muito visível nos principais vídeos e meios de comunicação da época. Entretanto o estilo de vida mais “wild” que muitos viviam no tour da época apanhou-o, acabando por sair do circuito prematuramente. Mas voltou uns anos mais tarde, já “curado” dos seus males e pronto para conquistar um lugar no World Championship Tour da ASP (actual WSL) e logo na primeira etapa em que competiu, o Rip Curl Pro Bells Beach de 1995, fez a final contra Sunny, abrindo o ano na sua melhor posição de sempre, o segundo lugar do ranking mundial. Alguns anos mais tarde Shimooka reformou-se do tour, mas não do surf, mantendo vários trabalhos ligados à indústria, como comentador, team manager, manager e treinador. A sua mulher faleceu em Setembro de 2019 enquanto que Garcia tentou o suicídio mais cedo no ano, acabando por sobreviver mas num estado quase vegetativo. Shimooka apresentava sintomas de depressão e acabou por tirar a sua própria vida em 2020.

Chris Brown | 1970 – 2019

Chris Brown é o surfista esquecido quando se fala da geração de Kelly Slater, mas era claramente um dos melhores. Este californiano foi campeão mundial júnior e no início dos anos 90 era uma das estrelas do mítico Bud Tour, uma espécie de circuito nacional norte-americano mas realizado em etapas do QS. Em 1993 estava no CT e fez a final do Marui Pro, no Japão, sendo batido por Slater. Tudo indicava uma subida rápida no ranking mas os seus resultados na primeira divisão simplesmente não apareceram mais. Em 95 perdeu no primeiro round em quase todas as etapas e optou por não competir nas últimas duas (Brasil e Pipe) e não voltar ao circuito. No entanto, no QS, Chris era uma máquina e até 2014, quase 20 anos depois de se reformar, ainda se encontra entre os 5 surfistas com mais vitórias de todos os tempos no circuito de qualificação, um marco notável. A sua última vitória foi em Ribeira D’Ilhas, no O’Neill/Buondi Pro, e poderia ter-se mantido na elite por muitos anos, garantindo-se pelo QS mas optou por não voltar a competir a esse nível, citando na altura razões familiares. Anos mais tarde voltou a ter algum destaque quando enfrentou ondas como Mavericks, apesar de não ter tido tanto sucesso como alguns “especialistas” de ondas grandes da época. Curiosamente o seu grande “legado” no surf surgiu na Austrália já que muitos dos melhores surfistas desse país ainda hoje chamam a uma variação do cutback roundhouse o “Chris Brown Wrap Around”, um tributo invulgar para esse tipo de manobras. Em 2019 Brown caiu de um penhasco depois de tomar “crystal meth”, e afogou-se.

Leonardo Neves | 1979 – 2019

Leo Neves foi um dos grandes surfistas da sua geração no Brasil, tendo vencido o circuito brasileiro duas vezes. Em 2006, depois de muitos anos a competir no QS, conseguiu a qualificação para o Championship Tour, onde permaneceu por dois anos. Depois de mais alguns anos no circuito de qualificação Neves focou-se em ser treinador, shaper e competidor nos circuitos do seu país. Foi durante uma prova da “Triple Crown de Saquarema” que este surfista faleceu, colapsando depois de chegar novamente ao outside em condições pesadas, acabando por se afogar.

Chris Davidson | 1978 – 2022

“Davo” foi rotulado desde muito jovem como uma das grandes esperanças aussies, mostrando todo o seu potencial durante as viagens “The Search” do seu patrocinador, além de ter batido 2x Kelly Slater como wildcard no Rip Curl Pro Bells Beach. Membro de uma das gerações mais rebeldes do tour, Chris era conhecido por levar o “beber uma jola depois do heat” a outros níveis, sendo um dos maiores party boys do tour, algo que de certa forma acabou por lhe custar a carreira. Só conseguiu a qualificação para o tour em 1999, e o seu único recorde impressionante é o facto de, ter sido o primeiro surfista do planeta regressar ao CT 4 vezes. O máximo que conseguiu ficar de seguida na elite foi três anos e a sua melhor classificação foi o 14º posto, em 2009. O talento abundava mas faltava a disciplina para evitar a vida nocturna e os maus vícios do tour! Os seus melhores resultados foram um 3º, no WCT de Peniche, sendo batido apenas por um Alley Opp de Kelly Slater que ficou famosos, e a final do Billabong Pro Mundaka, que na verdade foi realizado quase todo em Bakio. Em 2011 Chris caía novamente do tour e a falta de patrocínios não lhe permitiu competir no QS para recuperar a sua vaga pela quinta vez. Davidson foi trabalhar nas obras na Austrália e chegou a ser preso por ter causado um acidente de viação, quando supostamente estaria inibido de conduzir! Pouco mais se falou de “Davo” desde aí, pelo menos fora da Austrália, até que hoje saiu a infeliz notícia da sua morte. Aparentemente durante uma luta de rua, Chris caiu ao chão e bateu com a cabeça, acabando por ser declarado morto horas mais tarde no hospital.

Andy Irons foi mais um surfista que se juntou a esta lista, fica a saber a sua história e a de mais 5 profissionais que faleceram no auge das suas carreiras…

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