Ao longo do mês que passou, em que foi declarado estado de emergência, os portugueses têm vivido uma realidade diferente do que estavam habituados, com consequências graves para a saúde de muitos e para a economia. A conjuntura obrigou a que grande parte da população tenha abandonado os seus postos de trabalho, encontrando-se em casa em tele-trabalho, apoio à família ou layoff, o que inclui muitos surfistas.

O debate sobre surfar ou não tem sido aceso e apesar de ser um facto que as praias estão fechadas e que há uma proibição de surfar para evitar agrupamentos, uma pequena percentagem tem egoistamente aproveitado, usufruindo do bom civismo de todos os outros para surfar boas ondas com pouca gente na água. Com o provável fim do estado de emergência dentro de poucos dias pôs-se a questão de quando seria possível surfar, algo que entidades como a ANS, FPS e WSL EMEA anteciparam e lançaram uma proposta ao Presidente da República, da Assembleia Geral e ao Primeiro Ministro com algumas guidelines sobre como se poderia proceder a este regresso.

No entanto, algumas dessas medidas, nomeadamente a distância entre praticantes na água e o tempo de permanência, podem ser difíceis de implementar ou mesmo de fiscalizar. Entrámos em contacto com Francisco Rodrigues, presidente da ANS, que fez a seguinte declaração sobre o tema: “O Surf é um desporto individual e com prática desagrupada. Não temos qualquer estadia ou permanência na praia. Só queremos aceder ao mar para voltar à nossa actividade física, ao nosso bem estar, à nossa saúde física e mental. Esta carta é uma posição firme das 3 entidades máximas do Surf em Portugal, fazendo as propostas a montante às entidades oficias mas responsabilizando a jusante toda a comunidade de surfistas para que se unam em torno das recomendações efectuadas. É aqui que nós, surfistas, temos de actuar pelo exemplo. As recomendações feitas não são minhas, nem do João Aranha nem do Francisco Spínola. Estão estruturadas de todos para todos. É possível retomar o surf mas também depende de nós todos respeitar as circunstâncias actuais de pandemia e continuar a agir pela via do mais baixo risco possível e com respeito pelo próximo. É possível voltarmos ao mar a 3 de Maio. Com a atitude certa!”

Em conclusão, chegará um ponto em que poderá partir de cada surfista fazer a coisa certa, manter as distâncias necessárias e sair da água ao fim de 90 minutos de surf, independentemente da qualidade das ondas. A consequência deste incumprimento já todos sabemos, pois é bem visível em países próximos como a Espanha, Itália e França e outros mais distantes como os EUA, já que um retrocesso na contenção desta pandemia poderia ter consequências muito mais graves na nossa economia, saúde e na possibilidade de voltar a surfar.

 

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