Há alguns anos atrás tínhamos uma surftrip planeada aos Açores com um grupo de surfistas algarvios. Infelizmente os apoios caíram na véspera e os “moços” ficaram em terra. Mas havia vontade de fazer alguma coisa por isso enviámos um dos nossos fotógrafos para o sul durante alguns dias para fazer um artigo. O pico escolhido foi a Ponta da Agulha, ou Canal para os amigos, e durante mais de uma semana este grupo produziu um dos melhores conteúdos que saíram nas páginas da ONFIRE nesse ano.

Apesar de ser um pico mais resguardado e de difícil acesso a Ponta da Agulha está muito longe de ser um secret spot, excepto para alguns. São os Algarvios que surfam essa onda com mais regularidade mas entre os conheço ninguém se opôs a que o artigo fosse publicado, muito antes pelo contrário. O mesmo não se passou “aqui no centro” e várias foram as pessoas que se dirigiram a mim a “cordialmente criticar” a exposição que tínhamos dado ao pico. Vá-se lá entender porquê mas alguns sentem um estranho tipo de proteccionismo de um pico onde apenas são visitantes e que têm o privilégio de frequentar (nas férias?!) porque alguém, inicialmente, os levou lá e não por o terem descoberto pelos próprios meios.

Ontem tive um estranho dejá vu quando publicámos, em primeira mão em Portugal, o vídeo da incrível esquerda angolana que rola durante cerca de três quilómetros. Ok, tenho de admitir que o título da notícia era ligeiramente sensacionalista pois, como seria de esperar, a onda não tinha acabado de ser descoberta, era impossível que tivesse. É boa demais! Mas foi pela primeira vez exposta a nível mundial e o post tornou-se viral rapidamente. A grande maioria dos surfistas ficaram simplesmente pasmados com a loucura que é esta onda mas juntamente apareceram os comentários dos tais protectores de picos distantes.

E claro que esses foram bastante verbais, os tais locais à distancia deste “secret spot” não pouparam criticas à exposição instantânea que esta onde recebeu. Afinal surfar estas ondas não é para todos, são para quem conhece alguém, que soube de alguém, que acha que conhece aquela onda…

A todos esses locals… desculpem lá, ok? Realmente as ondas não deviam ser para todos…

Comentários

3 comentários a “Os Secret Spots e os seus “Locals”… | Blog”

  1. Andre Matos diz:

    Até nas coisas mais insignificantes o ser humano é egoísta. Concordo com a partilha de informação e a possibilidade de dar a conhecer novas realidades ao comum mortal. Não é por se divulgar um secret spot que de um dia para o outro o spot perde a tranquilidade. Mentalidade mesquinha, egoísta e primária.

  2. Hugo diz:

    Muitos dos que se manifestaram (e muitos outros que se mantiveram calados) ontem relativamente a esse artigo não conhecem a onda por outros ou apenas nas férias. São residentes e vão lá sempre que ela funciona, e não é assim tão consistente nem inacessível como pensam. A Onfire esquece-se da comunidade portuguesa que vive em Angola?

  3. Miguel diz:

    Concordo plenamente, se muito um pico como este ao atrair mais surfistas (o que pelo video não pareceu propriamente de fácil acesso) poderia até ser benéfico para a economia local num país que tanto precisa…E depois apanhas uma onda daquelas e não estás no pico propriamente num minuto logo há espaço para partilhar – share the waves, share the love 🙂