Frederico Morais é o homem do momento no surf português e por uma boa razão, tem estado constantemente a quebrar barreiras. Em 2016 tornou-se no mais jovem surfista luso a entrar no Championship Tour, foi o primeiro (e único) a fazer uma final e também o primeiro a fazer mais que uma final em provas QS no Havai. Uma lesão contribuiu muito para que voltasse ao circuito de qualificação mas não o deitou abaixo e Frederico transformou o ano de 2019 num dos melhores da sua carreira. Antes de seguir para a Austrália o “camisola #25” do Championship Tour falou um pouco com a ONFIRE sobre o ano que passou e não só…
O ano de 2019 foi cheio de grandes momentos, mesmo não estando a 100% no CT consideras que foi o melhor da tua carreira?
É difícil dizer se foi o melhor porque já tive grandes anos, mas sem dúvida alguma que foi um dos melhores tanto a nível pessoal como profissional. Foi um ano preenchido, voltei de uma lesão grave, não comecei ano como esperava e consegui dar a volta tanto psicologicamente como fisicamente e profissionalmente. Sem dúvida que foi um desafio não só para mim mas para toda a minha equipa e isso fez dele ano um ano super especial, que mostrou bem a força com que o atacámos. Acabar o ano a vencer o circuito QS, algo nunca antes feito por um português, foi mais um marco na minha carreira. Vencer uma etapa de 10.000 pontos no Havai também nunca tinha sido feito e tirar dos meus objectivos tanto vencer uma etapa de 6 como de 10.000 no mesmo ano foi super especial. O meu primeiro ano no CT também foi incrível e o ano em que me qualifiquei foi surreal também, estão dentro desses anos memoráveis, que foram marcando a minha carreira em diferentes situações.
Se tivesses que escolher apenas um heat que consideras como o mais importante do ano passado, qual seria?
Eu diria que foi o meu primeiro heat em Haleiwa. Passando esse heat já trocava pontos, o que me ia solidificar a posição no ranking. Era um heat onde tinha tudo em jogo, eu estava em sexto lugar na altura, a diferença do 5º ao 15º lugar era pequena, havia ainda muita coisa por se decidir e eu acho que esse heat foi marcante na forma como encarei o campeonato, comecei bem e venci, e acho que isso me deu extra confiança para concretizar o meu objectivo.
Qual é a diferença entre vencer no Havai e vencer em outro local para um surfista profissional?
Acho que todos nós sabemos que o Havai é a Meca do surf, é onde se define tudo no fim do ano. É um bocado onde se distingue os homens das crianças, são ondas à séria, ondas pesadas, temos os locais, temos muitos surfistas do CT a lutar pela Triple Crown, há sempre muito em jogo. É onde surfistas que estão longe de se qualificar, se qualificam, e é onde os surfistas que estão perto, com um pé quase lá dentro, acabam por sair. Há muita tensão e nervosismo dentro de água. Tudo isso torna esta vitória muito mais especial, ainda para mais eu já tinha feito várias finais no Havai, sair de lá com uma vitória foi especial.
Quais são os objectivos para o tour em 2020?
O principal objectivo é manter-me no tour e ao longo do ano vou delineando novos objectivos, dependendo de como está a correr. Na minha cabeça tenho os objectivos a que me quero propor mas vou mediando tudo isso ao longo do ano e à medida que cada campeonato vai passando.
Começaste o ano de 2020 em Marrocos, com um resultado forte na prova QS, fala um pouco sobre essa semana…
Marrocos é um sítio que eu adoro, onde já não ia há muito tempo. É um sítio que cresceu imenso e que está completamente diferente do que eu me lembrava. É o paraíso das direitas, não há melhor que isso para passar o inverno e foi óptimo começar a época competitiva com uma etapa de 5.000 pontos numa onda que eu adoro, que é Ancre Point. Eu não conhecia tão bem Anza, onde era o spot de back up, pois nunca lá tinha surfado mas parecia Trestles. Foi uma semana boa, fui com o Carlos Pinto, com quem já não viajava há muito tempo por isso foi bom, matar saudades de todas as viagens que fizemos quando era mais novo. Foi um bom campeonato para começar o ano, com um 3º lugar, já são alguns pontos, de para pôr o pé na prancha e vestir a lycra outra vez.
Para terminar, como achas que está a nova geração portuguesa, vês surfistas com potencial de fazer um percurso como o teu?
Eu acho que temos um enorme potencial na nossa nova geração, acho que está bem entregue. Não quero que eles tenham potencial para seguir um percurso igual ao meu, eu quero que eles tenham potencial para seguir os sonhos deles e fazerem os seus próprios percursos. Eu sou o Frederico Morais e não quero que haja um segundo Frederico Morais, quero que haja um novo surfista português que encha os olhos dos portugueses com o seu esforço e dedicação para representar a nossa bandeira e tenho a certeza que isso vai acontecer. Tenho surfado muitas vezes com surfistas da nova geração e cada vez que os vejo dentro de água fico boquiaberto com a evolução. Desde que eles estejam cientes do que é preciso trabalhar e dos sacrifícios que são precisos fazer e que nunca esqueçam isso, acho que vamos vingar e acho que o surf português vai ter óptimas novidades.
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