Maio de 2010 e o meu destino era Moçambique. Comigo ia o Justin Mujica, a Teresa Abraços e o Xaninho. O Pedro Quadros, marido da Teresa também ia, e atrás da câmera de filmar ia o Pedro Almendra.

Curioso que foi com uma foto do Xaninho que fiz a minha primeira publicação na ONFIRE e esta era também a primeira viagem com a Teresa Abraços. O Justin não conhecia pessoalmente mas o surf dele era reconhecido a quilómetros. Explosivo, power, com estilo e velocidade, na verdade o Justin juntava todos os atributos que um fotógrafo quer.

Depois de muitas horas a voar lá aterrámos em Maputo, onde íamos ficar a primeira noite, fomos comer uma bifanas e enquanto a Teresa e o Pedro Quadros iam repor energias, nós os 4 não nos aguentámos e fomos desbravar a noite quente de Moçambique, como o que acontece em Moçambique por lá fica, não vos posso adiantar muito mais.

 

 

No dia seguinte acordámos cedo, pela frente tínhamos cerca de 5 horas de viagem, maioritariamente em estrada de terra. Ao contrário da maioria dos surfistas que vai para sul, nós fomos para norte, mais propriamente para o Tofinho na península de Inhambane. O nosso alojamento era uma moradia incrível, literalmente em cima da areia da praia, de onde facilmente avistávamos orcas, baleias e outros animais marítimos de grande porte. Para quem não sabe Moçambique é riquíssima em tubarões Baleia que facilmente chegam aos 12 metros  de tamanho, sendo o maior peixe vivo e, de longe, o maior vertebrado não mamífero existente. Além disso e no extremo oposto, temos o mosquito que provoca malária cerebral… Só emoções fortes está visto.

 

 

O Tofinho em termos de surf é conhecido pela sua longa direita, que facilmente se torna uma onda world class com as condições certas. Para não variar, não apanhamos o Tofinho épico, mas apanhámos muito boas ondas, principalmente nos primeiros dias.

 

 

O Justin disse-me em jeito de confidência que não surfava havia praticamente duas semanas, mesmo assim no final da primeira surfada, tinha material dele mais que suficiente para o artigo. Resumindo, o Justin é dos maiores, senão o maior talento que tivemos em Portugal, é absolutamente incrível a maneira como ele surfa/surfava… “Justin, dá-me aéreos”… e lá saía o Justin a voar, Justin preciso de umas rasgadas… não é preciso dizer o que acontecia a seguir pois não?

 

 

A Teresa também estava inspiradíssima, talvez por aquela direita lhe fazer lembrar a sua querida Ribeira D’Ilhas. A parar esta mulher, só mesmo o ataque de caravelas portuguesas, que resolveram invadir o Line-up o que obrigou muitos surfistas a surfarem de fato completo, com água a 20 e muitos graus e um sol abrasador cá fora. O Xaninho, é outro surfista que dispensa apresentações, estilo limpinho e com power, faltou-lhe talvez aqueles tubos que ele tanto gosta, mas o “go for it”, estava sempre presente.

 

 

O tempo alternou entre um calor quase insuportável e chuvadas em que parecia que o céu ia desabar nas nossas cabeças. Desbravámos o Tofinho e os picos próximos nos primeiros 5 dias seguidos, depois disso seguiu-se uma flatada de 4 dias, o que num sítio assim não é o ideal. Mas deu para aproveitar a Natureza abundante, as pessoas incríveis, a noite bastante animada (às vezes demais, não é Teresa?) e a bela lagosta que nos era entregue à porta de casa. Para mim África tem um encanto ímpar, não fosse esta a terra mãe, as pessoas são de uma humildade incrível, as cores e os visuais são simplesmente estonteantes.

 

Chegado ao fim da nossa estadia, era altura de voltar a Maputo, relaxar um dia e voar mais umas 10 horas para Portugal. Moçambique é um destino que ficará para sempre no coração, com uma vontade enorme de um dia lá poder voltar.

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