Como “prometido”, as ondas estavam muito maiores em relação aos dias anteriores neste derradeiro dia de prova do Sumol Porto Pro. Os sets chegavam a um metro mas era notório que o vento seria um factor neste dia. Além disso, o facto de estar um pouco maior fazia com que as ondas quebrassem um pouco mais fora, deixando inicialmente as esquerdas fora da equação.

Logo no primeiro heat Eduardo Fernandes tinha pela frente um dos competidores mais impressionantes do segundo dia, Pedro Henrique. Mas Eduardo também estava a fazer uma excelente prova e usou a sua experiência de vários anos neste circuito para se destacar. No fim apenas 0,35 separavam os dois e Pedro Henrique era a primeira eliminação do dia.

Nos dois heats seguintes os favoritos avançaram, Frederico Morais derrotou o seu companheiro de equipa, Tomás Fernandes, enquanto que Vasco Ribeiro e Zé Ferreira repetiram a final de Ericeira, e o resultado da mesma. O heat com menos acção da fase foi o último pois Justin Mujica e Ruben Gonzalez não só apanharam condições de maré piores como não conseguiram repetir as performances dos heats anteriores. Apesar de ter feito uma onda fortíssima Justin não teve grandes hipóteses contra Ruben que continua a ser um dos mais perigosos competidores do circuito.

Um dos melhores heats do dia foi mesmo a primeira meia final feminina pois Teresa Bonvalot e Camila Kemp trocaram notas altas entre as duas. Teresa foi quem começou melhor com uma forte rasgada de rail seguida de mais algumas manobras. Camila atacou logo de seguida mais foi alguns minutos mais tarde que fez uma das melhores ondas do dia. De backside numa esquerda Camila encaixou uma série  de rasgadas e reentries para “tirar” a nota de 8.25. Perto do fim do heat Teresa respondia e recuperava a liderança com uma fortíssima batida na junção, uma manobra que foi talvez a mais expressiva do surf feminino nos últimos anos. Logo a seguir Yolanda Sequeira surpreendeu as suas adversárias vencendo o heat, seguida de Ana Sarmento, deixando Constança Coutinho em terceiro e a vencedora da etapa anterior, Carina Duarte, em quarto.

Filipe Jervis foi o vencedor da expression session com um bom aéreo reverse e entretanto a prova teve de parar devido à maré cheia. Umas horas mais tarde a final feminina entrou na água com condições bastante mais deterioradas. O vento tinha aumentado bastante e as ondas estavam muito difíceis de surfar. Ana Sarmento foi a única das competidoras a encontrar ondas boas tendo marcado 6 pontos numa direita em que deu uma boa rasgada e um reentry. Infelizmente para si, Ana cometeu uma interferência sobre Teresa Bonvalot, ficando mesmo assim a precisar de uma nota baixa para voltar ao primeiro lugar. Nos últimos minutos apanhou outra direita boa e voltou à liderança mas não conseguiu voltar ao pico. Mesmo em cima do toque Teresa Bonvalot apanhou uma direita e logo na primeira manobra, um bom reentry, praticamente garantiu a nota de 5 pontos que precisava para vencer. Depois de fazer mais algumas manobras ficou patente que iria mudar o resultado e passou para primeiro, seguida de Sarmento, Kemp e Sequeira.

A final masculina acabou por não ter muito mais acção que a anterior. Foram as ondas da primeira metade do heat que acabaram por decidir tudo e foi um aéreo que fez a diferença. Vasco Ribeiro, na falta de secções melhores deu um grande voo de backside e rodou para reverse garantindo assim 5 pontos. Frederico com uma batida na primeira onda recebeu 3 pontos e seguiu-a com uma esquerda com algumas manobras fortes de backside. Perto de meio do heat Vasco fez a onda que acabaria por ser determinante. Muito parecida à melhor de Morais, Ribeiro fez uma longa esquerda que lhe deu 7 pontos. Morais ficou a precisar de pouco mas não apareceu qualquer onda de consequência até ao fim do heat e Vasco Ribeiro terminou como campeão pela segunda vez consecutiva.

Com as vitórias Vasco e Teresa dispararam no ranking, colocando-se como fortes candidato ao título da Liga MOCHE. A próxima etapa é o Algarve Pro, realizada entre 6 e 8 de Junho em Aljezur.

Comentários

3 comentários a “Ribeiro e Bonvalot vencem e disparam na liderança da Liga MOCHE”

  1. José Maria Pyrrait diz:

    A Ana Sarmento, foi a melhor surfista na final do Porto. Foi arredada do primeiro lugar por um erro de julgamento. Ao ser-lhe mal assinalada uma interferência sobre a Teresa, a Ana ficou 140 pontos e 300€ mais pobre!!! A interferência em causa, foi das situações de snaking mais flagrantes que assisti em muitos anos como treinador de surf, nos vários escalões, nacionais e internacionais. Se dúvidas ficassem á primeira vista, nas repetições, é claríssimo o movimento da Teresa a voltar se para apanhar a onda na espuma, quando a Ana já vinha embalada uns bons metros antes!!!
    E para que fique bem claro, não é a Teresa que condeno, ela simplesmente tentou ir numa onda que acreditou ser sua, mas os juízes, esses cometeram um erro injusto e nada condizente com a sua experiência, prejudicando a Ana e influenciando o resultado final!!!
    Pena, por tudo o que fez na final, a Ana seria a mais justa vencedora, com muito respeito e admiração por todas as finalistas.
    José Maria Pyrrait

    • Ola Pyrrait, obrigado pela tua sempre válida opinião.
      Como poderás ler no texto, concordamos plenamente que a Ana foi quem fez o melhor surf da final feminina. A sua escolha de ondas foi impecável e surfou-as muito bem. No que toca à interferência, no nosso ponto de vista, que vale apenas pelo que vale, foi justa. Feliz ou infelizmente as interferências fazem parte da competição e foi uma pena ver a Ana perder não por surf mas sim por uma “questão técnica”. Tendo isso em conta a nossa visão é que, tendo em conta o que aconteceu, o resultado final foi justo.
      Um abraço e boas ondas,
      OF

      • José Maria Pyrrait diz:

        Respeito a vossa opinião, mas se á primeira vista, fiquei com a ideia que não era interferência, quando vi as repetições, ficou ainda mais claro. É evidente nas imagens, que a Teresa se voltou na espuma para apanhar a onda, quando a Ana já lá vinha á uns bons metros, ora isso é snaking sem dúvida nenhuma!!! Poucas vezes me vêm a falar do trabalho dos juízes, mas penso ser importante que as regras sejam aplicadas de forma clara. No que toca a interferências, ainda mais. Neste caso, além de ser evidente o snaking, também me parece evidente que o que derrubou a Teresa, foi uma entrada muito atrasada na onda, completamente embrulhada na espuma!!! Mas claro, os juízes são soberanos e é aos próprios que cabe a decisão.