Mais vezes que não, a transferência de um surfista entre marcas não é pacífica. Há excepções mas, regra geral, é uma porta que se fecha para nunca mais abrir. Muitas vezes trata-se de anos de investimento a que se perde continuidade, ou negociações que não correm como se desejava e, no fim, as inevitáveis mudanças.

Fica a conhecer o historial de 5 surfistas surpreenderam ao regressarem a marcas que os patrocinaram no passado…

 

Tiago Pires
Quiksilver ——— Billabong ——— Quiksilver
Mesmo não tendo tecnicamente crescido na Ericeira, Tiago Pires passava todo o seu tempo livre  na terra dos ouriços, tempo suficiente para ser considerado por todos como local. Parecia inevitável que a Billabong viesse a ser o seu primeiro patrocinador, já que a marca estava estabelecida na Ericeira e tinha alguma tradição de apostar nos talentos locais, mas Saca acabou por “escapar” desta marca, assinando com a Quiksilver aos 13/14 anos. Foi com essa “bandeira” que conquistou algumas vitórias muito importantes a nível nacional e Europeu cedo na sua carreira, sendo o ponto mais alto o título de vice-campeão mundial júnior no ISA World Games, um dos seus muitos resultado históricos. No entanto, apesar de ter mostrado o seu potencial como patrocinado da Quiksilver, chegou a um ponto em que Tiago precisava de um patrocínio que lhe permitisse apostar no circuito mundial, e foi aí que a Billabong, inicialmente um patrocínio a nível nacional, entrou. Foi com o autocolante da Billabong no bico da sua prancha que Saca conquistou o 2º lugar no World Junior Championship da ASP (actual WSL), o título Europeu Pro Junior, várias vitórias no circuito QS, a qualificação para o CT e muitos resultados expressivos na elite do surf mundial. Até que em 2011, com 30 anos de idade, recebeu uma proposta que considerou irrecusável, voltando a assinar com a Quiksilver, desta vez com um contrato válido por 10 anos. Quando saiu  da Quiksilver Saca era um de muitos jovens talentos europeus mas, quando voltou, foi para fazer parte do A-Team, a elite dos patrocinados da que na altura era a maior marca do mundo.

 

 

 

Tom Curren
Rip Curl ——— Mormaii e Realm ——— Rip Curl
No auge da sua carreira, Tom Curren surfava para a OP (roupa) e Rip Curl (wetsuits), numa época em que poucas marcas produziam ambos os produtos. Quando competiu no Havai sem autocolantes a sua relação com a Ocean Pacific terminou, ficando a 100% na Rip Curl, algo que muitos poderiam pensar que se mantém até hoje. Mas não, algures na década de 00 Curren andava desaparecido, não cumprindo algumas obrigações que a marca exigia dele, terminando essa relação temporariamente. Durante alguns anos Tom esteve ligado a várias marcas como a “The Realm” (roupa) e Mormaii (wetsuits), até voltar conectar-se à Rip Curl um patrocínio que dura até à actualidade.

 

 

Dean Morrison
Volcom ——— Oakley ——— Volcom
Foi Dean “Dingo” Morrison quem “roubou” o título mundial júnior da ISA a Tiago Pires, por uma diferença de apenas décimas de ponto, na altura a serviço da Billabong. Pouco depois Dean assinou com uma marca muito recente no mercado, mas que começava a dar que falar, a Volcom. Com facilidade o jovem aussie qualificou-se para o CT mas quando conquistou o seu melhor resultado, a vitória no Quiksilver Pro Gold Coast, arrancou na frente do circuito mundial com o logótipo da Oakley no bico. O sucesso desse ano, 2003, não foi repetido mas o descendente de aborígenes ficou no tour mais algumas temporadas. Eventualmente regressou à Volcom, marca que o patrocinou até ao fim do seu percurso no tour e alguns ano fora dele. E quando esse contrato acabou, Dingo juntou-se aos seus amigos da Mad Hueys, mantendo-se ligado à marca actualmente como team manager.

 

 

Francisco Alves
Rip Curl ——— Quiksilver ——— Rip Curl
A geração de Francisco Alves foi uma das mais fortes de sempre em Portugal e o surfista actualmente mais conhecido como “Xico by Xico” foi desde cedo um dos grandes destaques. Inicialmente patrocinado a 100% pela Oakley, Alves passou algum tempo na Rip Curl até ser contratado pela Quiksilver. Mas quando chegou a altura de renovar, foi o próprio “Team Xico” que recusou as condições, ficando algum tempo como “free agent” a aguardar algo melhor. E a Rip Curl novamente que lhe bateu à porta, marca onde esteve durante a melhor fase da sua carreira, facturando inclusive dois wildcards para provas do CT. Entretanto Alves saiu da equipa, passando por marcas como Mike Davis, Go Chill, Janga, Somersby e Matta Shapes.

 

 

Keko Bacalso
Rip Curl ——— sem patrocínio ——— Rip Curl
O havaiano Kekoa Bacalso fez a sua carreira na Rip Curl, conquistando o título mundial Pro Junior e mais tarde um lugar no Championship Tour, facturando o prémio de “rookie of the year”. No entanto, quando perdeu a sua vaga no primeiro semestre de 2010, o ano com cut semestral, “Bam” não tardou a perder o seu patrocínio principal. A queda foi uma das mais drásticas da história do surf profissional, em julho de 2010 estava a vencer o seu heat do round 1 em Jeffreys Bay, enquanto que em Março de 2011 estava literalmente a estacionar carros como “valet” num hotel de luxo do North Shore para sobreviver. Felizmente, algum tempo mais tarde, Kekoa voltou a pedir patrocínio à Rip Curl, aí como local hero no North Shore, ficando a tomar conta da nova geração da equipa durante a temporada havaiana, da casa da marca, além de ser uma das caras da equipa no line up em picos como Off The Wall e Backdoor. E assim voltou a ter patrocínio e a fazer a vida de “semi-profissional”, uma ligação que se mantém até hoje.

 

 

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