Decorreu este fim de semana a 2ª edição da Surf Out Portugal, que reuniu grandes players nacionais e internacionais para celebrar o momento alto vivido pela modalidade. Em dois dias de debate, as conclusões foram unânimes: o setor continua a crescer e Portugal é, cada vez mais, visto como uma referência mundial no surf.
Depois do sucesso do primeiro ano, nem a chuva parou os amantes de surf, que acorreram à FIARTIL – Feira Internacional de Artesanato do Estoril para experienciar o surf fora de água, contactando com as principais marcas do setor e ouvindo grandes nomes do mundo do surf e dos negócios. Foi ainda possível entender a abordagem criativa de alguns dos melhores shapers do mundo, que partilharam em primeira-mão o racional e técnica por detrás do shape de pranchas, atraindo surfistas e curiosos.
“No ano zero contámos com cerca de 3.000 visitantes, o que foi incrível para testar o conceito e perceber o que precisava ser ajustado. Este ano, ouvimos as marcas e todos os intervenientes, aperfeiçoámos o conceito e oferecemos um evento ainda melhor. Apesar da chuva que se fez sentir no primeiro dia, a adesão foi surpreendente e a afluência no segundo dia mostrou, claramente, que poderíamos ter duplicado o número do ano passado, expressando um interesse cada vez mais crescente na modalidade, tanto por parte de empresários e surfistas, como de pessoas com uma ligação mais lúdica à modalidade, que apenas se juntaram a nós para experienciar o estilo de vida e boa disposição do surf”, refere Patrick Stilwell, cofundador da Surf Out Portugal.
A par da animação, ativações e workshops que decorreram no espaço – inclusive a ação com o artista plástico Xico Gaivota, que convidou todos a criarem peças de arte com lixo recolhido das praias e que cativou a atenção sobretudo das famílias, que levaram as crianças para alerta-las para a poluição dos mares –, o grande foco da iniciativa estava nas Surf Talks by Turismo de Portugal, debates que contaram com a visão de nomes como Kim Scholz, Michael Spencer, Mario Wehle, Francisco Spínola, mas também de diversos surfistas como Garrett McNamara, Kepa Acero, Justine Dupont, entre muitos outros.
“Tivemos um painel de luxo, reunimos nomes muito relevantes, de dentro e de fora do setor, para que pudéssemos ter uma abordagem o mais transversal possível e para que pudéssemos ‘beber’ ideias de outros setores, de outras áreas, que possam também enriquecer a nossa indústria. Foi um momento de partilha e aprendizagem entre todos, que se revelou, mais uma vez, muito produtivo, saindo das Surf Talk bons inputs, boas ideias que podem e devem ser pensadas e aplicadas nos próximos tempos. É curioso ver que, independentemente do local de onde venham, quer seja da França ou da Austrália, todos têm a mesma visão: a de que Portugal já é uma referência no surf a nível mundial, que o surf nacional está numa excelente fase e com grandes expectativas de crescimento nas mais diversas frentes”, afirma Salvador Stilwell, cofundador do evento.
Um dos debates mais aguardados reunia o surfista Tiago Pires, o presidente global da Boardriders Inc., Greg Healy, o presidente do Turismo de Portugal, Luís Araújo, e o fundador da Web Summit, Paddy Cosgrave. Enquanto os oradores internacionais referiam que Portugal anda nas bocas do mundo e que o país tem feito um grande trabalho na promoção e aproveitamento do boom do surf, os nomes portugueses lembraram que ainda há boas expectativas de crescimento, mas que há que crescer de forma sustentada e concertada, entre todos os intervenientes, para que a indústria tenha cada vez mais força: “O surf é mais do que um desporto, é um modo de vida, e nós trabalhamos para promover a imagem de Portugal num todo. Desenvolvemos várias campanhas nesse sentido e é muito interessante porque é uma modalidade que pode ser praticada ao longo de todo o ano e em toda a zona costeira. Queremos trazer pessoas do surf para viver, trabalhar e estudar em Portugal, que é um destino imbatível e apresenta maior valor do que qualquer outro país”, disse Luís Araújo durante o evento.
Paddy Cosgrave também reforçou a atratividade do país: “Na última década, Portugal tornou-se um país muito convidativo. Vejo Portugal como a Califórnia da Europa. É onde todos querem estar”, acredita o empreendedor. Greg Healy é de opinião semelhante: “Estou confiante em relação ao futuro. Há uma tremenda energia vibrante nesta indústria em Portugal. Conheço esta comunidade há cerca de 20 anos. Portugal tem uma grande oferta, em termos de condições, e o Tiago Pires e outros atletas ajudaram nesse desenvolvimento. Acredito que Portugal tem um grande futuro e muito por onde crescer”, afirmou o empresário, que apontou a sustentabilidade como um dos desafios para os próximos tempos e um ponto onde todos devem trabalhar como um todo, como um cluster.
A Surf Out Portugal foi ainda palco do lançamento da Brusco, a nova marca de acessórios de surf de Nicolau Von Rupp, que se estreia assim nos negócios. Trata-se de uma marca totalmente portuguesa, pensada, criada e desenvolvida no país, mas com os valores dos surfistas europeus, que tem como inspiração o Atlântico e o trajeto do próprio surfista nas ondas grandes.
Este ano, a iniciativa foi também procurada por diversas marcas internacionais para exporem os seus produtos. Ao todo, estiveram presentes 50 marcas do setor, nacionais e estrangeiras, que se mobilizaram e adaptaram para trazer a sua oferta para um espaço exterior, fora das lojas, onde todos pudessem ter um contacto mais próximo com os produtos de surf.
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