É já de volta ao nosso “cantinho” que te contamos como Filipe Jervis, João Jopke e Pedro Boonman passaram os seus últimos dias na Califórnia, onde a onda rainha durante toda a estadia foi sem dúvida Lower Trestles!

Há dezenas de ondas à volta de Tresltes, seja a 5 minutos a pé, a 10 de carro ou mesmo a 45 minutos ou uma hora (e muitas mais há a qualquer outra distância) mas o famoso pico de Lower Trestles é, tal e qual como dizem, um wave magnet! Este é a Praia Grande lá do sítio com a “pequena” diferença que, quebre com 20cm ou dois metros, a onda é performance absoluta. Mesmo não apanhando o idílico swell de sul, Lowers é inacreditávelmente fun seja para a esquerda ou direita!

Jervis, Boonman e Kopke (e no fim da estadia Zé Ferreira) na realidade não chegaram a apanhar o swell de sul, aquele que faz as direitas de Lowers serem de sonho e as esquerdas mais curtas mas não menos apetecíveis. E o que um swell mais de oeste ou noroeste fez de Lowers durante os 11 dias que lá passamos? Transformou as esquerdas em parede manobráveis de sonho e as direitas um pouco menos perfeitas (é quase crime dizer isto se as visses ao vivo!).

“Pensava que o crowd disputava as direitas e deixava as esquerdas em paz!”, refletia Jervis após várias surfadas. É que apesar de não serem as direitas que estamos habituados a ver nos WCT ou nos filmes de Trestles, as que víamos eram incríveis mas o (pouco) crowd com quem partilhámos o pico insistia em arrancar para a esquerda como se a direita nem existisse. A razão era, como percebemos e acima descrevemos, o facto daquelas direccções de swell serem mais favoráveis para a esquerda.

Depois de vários dias a sentir a perfeição de Trestles, como podes relembrar aqui, entrou o flat, e foi essa a altura que decidimos visitar Los Angeles e, obviamente, a famosa Hollywood! Depois de uma ida sem sucesso a Oceanside para tentar dar uma surfada na sua onda estática (que estava fechada para obras), passámos duas horas no infernal trânsito de LA até conseguirmos finalmente avistar o famoso placar de Hollywood que descansa imponentemente nas montanhas.

Chegámos ao fim do dia à famosa rua das estrelas no chão mas com toda a honestidade foi uma verdadeira desilusão. As estrelas estão lá não por uma rua apenas mas por várias. Os nomes dos famosos estão lá, desde actores a cantores e bandas, mas toda a envolvente das estrelas nada tem a ver com o que esperávamos. Todos imaginávamos que esta rua seria algo saído de um sonho, mas não é!

Lojas de um lado e do outro vendem souveniers, tatuagens, pizzas e hambúrgueres, mas não é nestas lojas que estava a desilusão mas sim na “famosa” rua em si. Os poucos turistas, como nós, cruzavam-se constantemente com os famosos sem-abrigo americanos que vês nos filmes, com os seus carrinhos de supermercado cheios de tralha e empunhando placas de cartão a pedir uns dólares. Onde estavam os majestosos cinemas, esculturas, teatros, espectáculos de rua que todos imaginávamos? Eram estes um produto da nossa mente gerado pelo brilho e magia com que os media vendem Hollywood? Certamente que sim pois as únicas obras de arte que vimos foram excelentes grafitis e, acredites ou não, as frases escritas nas placas dos sem abrigos! Talvez por viverem numa condição humana que infelizmente ali não é rara, estes sem-abrigo têm algumas das mais inteligentes e engraçadas frases para conseguirem uma esmola! “Sou demasiado feio para ser uma prostituta!”, foi uma das frases que nos ficou na cabeça!

Honestamente, quando fores ver as estrelas de Hollywood foca-te nisso mesmo, em olhar para o chão. E se saíres de Hollywood ao fim da noite, como nós, ainda menos quererás olhar para o que se passa à tua volta pois irás ver adolescentes, velhos, homens e mulheres completamente alterados (bêbados ou drogados) a deambularem de um lado para o outro.

Mas no meio de tudo isto tivemos uma pequena amostra do magia deste sítio quando ao irmos embora, no único teatro imponente que vimos, três cantores improvisavam um blues inacreditável. Foi um espectáculo que valeu o dia em Hollywood (isso e a cara do Boonman ao fazer a sua primeira tatuagem!) e ninguém conseguiu não deixar uma boa gorjeta por esse momento mágico!

No segundo dia de flat resolvemos vaguear livremente por LA e acabámos por nos encontrar na famosa Bevery Hills. O contraste com Hollywood é máximo! Porshe e Ferrari são quase carros de pobres aqui, e galerias de arte crescem como cogumelos! Restaurantes de luxo, limusines, e personagens (reais) saídas da famosa séria Beverly Hills 90210!

Não foi de Ferrari que deixámos o Kopke no aeroporto mas sim no nosso SUV que nos custou uma pechincha ao contrário do que se passa com o aluguer de carros em Portugal. Kopke tinha de voltar a Portugal por causa de um Esperanças (que acabou por vencer) despedindo-se assim de nós e da Califórnia!

Mas nesse dia não voltámos com menos um elemento para San Clemente pois, depois de uma visita ao famoso LA Ink, o estúdio de Kat Von D, apanhámos Zé Ferreira que ia passar os dois dias seguintes connosco.

Tínhamos mais quatros dias de surf e Trestles (e ondas em redor) voltaram a funcionar. O ritmo de surf voltou a instalar-se com uma ou duas surfadas de manhã, um Jack in tbe Box ao almoço e mais uma ou duas surfadas de tarde, segindo-se um belo jantar caseiro e uma análise às filmagens do dia.

Uma vez que estávamos em Trestles ainda fora de época os locais já nos conheciam e se por natureza já eram simpáticos (acredites ou não) agora ainda nos recebiam melhor – fora um personagem de 150 kilos que passava o dia todo a filmar – história essa que poderás saber mais na próxima edição da ONFIRE onde poderás ver a rerportagem desta investida à Califórnia.

Jervis, Boonman e Zé continuavam a fazer-se notar dentro de água.  No último dia um surfista perguntou-nos de onde éramos e dissemos que éramos portugueses. Ele disse-nos que estavam também uns portugueses na água que surfavam muito bem e que já estavam ali há uns dias pelo que lhe tinham dito. Ficamos meio surpresos pois não tínhamos visto nenhum até que percebemos que afinal os tais portugueses éram Jervis, Boonman, Kopke e Zé!

Podes ter a certeza que os quatro tugas marcaram bem a sua presença naquela que é provavelmente a onda mais performance do mundo e onde o seu crowd local está mais do que habituado a ver alguns dos melhores do mundo! Este é ou não é o episódio perfeito para o desfecho de uma viagem?

Como dissemos, na próxima edição da ONFIRE poderás ver a reportagem desta Surftrip onde além dos momentos de surf dos nossos surfistas irás também ver como é que Jervis, Boonman e Kopke viram esta viagem através dos seus iphones… E será nesse artigo que ficarás a conhecer pormenores únicos deste 11 dias de sonho… O homem que estava sentado no lixo, o lado “encicolpédico” de Kopke, a petrificação de Boonman e como um carro mudou a vida de Jervis, são apenas alguns dos episódios que irás ler na reportagem que sairá na ONFIRE 62!

 

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