Depois de uns primeiros dias mais atribulados, como podes relembrar aqui, Filipe Jervis tem passado os últimos dias em Bali a fazer o que todos sonhamos, surf, surf e mais surf!

E como não queremos roubar o seu tempo de antena, segue já de seguida o relato, na primeira pessoa, de Jervis sobre os seus insanos dias de surf em Bali, neste que é o terceira crónica do jovem português em training time do outro lado do mundo!

Boas! Os dias de bom surf em Bingin continuaram. Acordar cedo, dar tubos a manhã toda e voltar para a cama, foi o ritual que se manteve. No domingo, durante a surfada ao final da tarde, no meio da conversa com uns locais, descobri que um deles fazia anos nesse dia e ia festejá-los num bar na praia do Uluwatu, que me disse para lá passar e beber uma Bintang para festejar. Decidimos aparecer e por momentos senti-me na Austrália: australianos por todo o lado, banda ao vivo e um grande ambiente.

Segunda-feira, na minha surfada matinal em Bingin, surfei algumas das melhores ondas que já lá surfei. Um metrão perfeito, sem vento, e muito pouco crowd. Eu e mais 2 ou 3 australianos com quem já tenho surfado há algum tempo, literalmente a dominar o pico. Comecei a puxar cada vez mais por mim e a querer arrancar cada fez mais “deep” na onda e acabei por sofrer as consequências: vários encontros com o coral. Na minha última onda acabei mesmo por me magoar um pouco mais a sério, mas nada de grave e que não seja normal de alguém que venha a Bali.

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Depois da surfada matinal decidimos ir espreitar a praia de Balangan. Ao contrário da vista, a onda desiludiu-me bastante, era o que nós chamamos um “close out perfeito”. Almoçámos no bar em cima da praia e demos um mergulho para voltarmos até Bingin a tempo de eu ainda poder dar mais um surf. Final de tarde incrível, ondas perfeitas, mas os locais constantemente a dar a volta e a apanhar as poucas ondas de set que entravam.

Com algumas ideias em mente e o mar pequeno, decidimos alugar um carro durante dois dias para podermos ir até alguns sítios mais longe. Começámos por ir até Canggu, surfar a famosa direita que se vê em todos os clips de surf da actualidade. Confesso que a minha relação com esta onda nunca foi a melhor, devido à experiência que tive há dois anos durante o World Junior, onde no meu primeiro heat fui de cara ao coral. É uma onda muito complicada de surfar para quem está de backside, difícil de ler, vento contra e com algumas secções bastante complicadas.

Depois de almoçar a olhar para o mar fui buscar a prancha e apercebi-me que ia ter o prazer de surfar com o Dusty Payne, o Zeke Lau e o Betet. A minha pica para surfar a direita não era muita, mas quando cada um dos havaianos começou a dar dos aéreos mais altos que alguma vez tinha visto ao vivo, a minha pica disparou e decidi então ir surfar a direita. Nunca pensei que pudesse correr tão bem como correu. Acabei mesmo por dar o melhor aéreo de backside da minha vida! Consigo agora perceber o porquê daquela onda ser alvo de filmagens e ser tão cobiçada pelos regulares, a onda é absolutamente perfeita para dar aéreos.

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Pegámos no carro e fomos até Kuta, onde conhecemos um grupo de Indonésios muito engraçados e simpáticos que me pediram para ver algumas fotografias do meu surf. Ficaram malucos com as fotografias que mostrei da viagem às Mentawaii, e acabámos por ficar na praia a ver o pôr-do-sol, de Bintang na mão, e à conversa com eles. Jantámos por ali, demos mais umas voltinhas pelas ruas bastante movimentadas de Kuta, regateámos algumas pratas e viemos embora.

Hoje o dia começou cedo e muito quente, durante a nossa viagem até Ubud. Nunca tive a oportunidade de lá ir até hoje e gostei bastante. Fomos ao famoso mercado de Ubud, onde se vende de tudo um pouco ao mais baixo preço! Demos umas voltas pelas ruas até termos visto a placa que dizia “Monkey Forest”, para onde seguimos sem hesitar. Deparamo-nos com um enorme Santuário Sagrado onde a população local são centenas de macacos esfomeados e gozões. Ao fim de cinco minutos já tinha um macaco no ombro a tentar comer todas as bananas que tinha comprado para lhes dar.

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Com sorte ou azar (ainda estamos a tentar perceber) fomos ao acaso dar a um local de cremações. Demos por nós a assistir ao vivo, com mais uns quantos turistas que por lá passavam, a um funeral e à respectiva cremação, aos olhos de qualquer pessoa que por ali passeasse. Digo-vos: foi uma experiência marcante mas que não sei se gostaria de repetir, foi um dos maiores choques culturais que alguma vez senti. Chocou-me também o formalismo dos trajes dos indonésios e a falta de privacidade que um momento destes supostamente deveria ter, porque para além de se tratar de um sítio publico e muito turístico, os estrangeiros não se continham em tirar fotografias descaradamente esquecendo-se de mostrar algum respeito pelos presentes.

Acabámos o dia com um óptimo pôr-do-sol em Bingin, e estou bastante entusiasmado porque tudo indica que amanhã vai entrar um novo swell. Até ao próximo report!”

E se Jervis aguarda um novo swell para continuar a apanhar ondas épicas diariamente, nós, aqui no nosso cantinho, já só queremos um swellzinho que dê para surfar qualquer coisa. Ou isso, ou que chegue rápido a próxima crónica de Jervis para pelo menos conseguirmos surfar mentalmente as ondas que Jervis tem apanhado!

 

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