Vivemos uma época muito invulgar, em que muitas profissões estão em risco de desaparecer, e a adaptação a novas realidades é quase tão valiosa como a experiência no meio em que se opera. Falámos com Clésio Correia, responsável de vendas de várias marcas de surf, para saber um pouco mais sobre a atualidade na sua profissão e as marcas que representa…

 

Clésio, conta o teu percurso desde as tuas origens como surfista a trabalhador na indústria do surf!
Comecei a surfar nas praias da Costa e Meco aos 14 anos e uns anos mais tarde comecei a competir nos campeonatos regionais, esperanças e nacional, com uma passagem pelos antigos EPSA. Ao longo dos anos foi surgindo o interesse pelo mercado do surf e pelos boardsports, nomeadamente pelas pranchas de surf. Em parte time trabalhei com a Portscale, a primeira empresa em Portugal a importar pranchas de surf à séria desde Spider, Peter Lawson e todas as pranchas da Base Austrália (DHD, JS, Dalhberg, Nev, etc) e, mais tarde, a Peak wetsuits, entre outras marcas. Até que surgiu o convite para ingressar numa empresa (na altura) jovem no mercado, a Goldcoast, o meu primeiro trabalho a 100% nesta área, com as marcas Analog, Gravis, Electric, DVS, Lakai, Matix e mais tarde West wetsuits e Blackline. Trabalhei também com marcas como FCS, Gorilla Grip, e mais tarde na DHD (novamente), Shapers Fins, Rusty, entre outras. Já lá vão 20 anos nisto, e há 3 anos que criei a minha própria empresa e estou a trabalhar como responsável de vendas para Portugal de algumas marcas.

Quais foram os maiores desafios de 2020 e 2021?

2020 foi tentar um bocado perceber o que fazer porque era uma coisa nova para todos. Mas foi tentar estar do lado dos clientes, tentar mantê-los a trabalhar durante o confinamento, o que foi difícil. Depois voltou tudo ao normal, um bocado mais devagar. Já 2021 está a ser muito complicado, está a ser mais difícil trabalhar. O surf inicialmente foi proibido, o que complicou ainda mais. Mas o objetivo é de certa forma ajudar os clientes ao máximo, em todos os sentidos. Porque se eles não trabalham, nós também não trabalhamos. Entramos nesse ciclo.

Qual é a tua visão sobre a percurso da indústria das pranchas e fatos nos próximos 5 anos?
Os próximos 5 anos para as pranchas e fatos vão ser de constante evolução. Na procura dos melhores materiais de forma a nunca perder a performance dos mesmos. Penso que a utilização de materiais reciclados e sustentáveis vão ser o futuro. Apesar de ser mais difícil no caso das pranchas…

Qual é o teu papel dentro da marca Wildsuits?
O meu papel na Wildsuits é de responsável de vendas para Portugal. Para além das vendas dou o meu feedback e conhecimento do mercado, para os novos produtos e novas estratégias.

Temos visto mais gente na água com os fatos Wildsuits, podes contar como se chegou aí e qual é o objectivo para 2021?
O crescimento da foi progressivo. Foi crescendo naturalmente, aliado à qualidade dos fatos e ao excelente feedback dos nossos clientes, atletas e amigos. Para 2021 o objectivo é continuar a evoluir, e apesar da situação que estamos a viver, é evoluir a nível da qualidade dos nossos produtos, apresentação de novos produtos que temos para este ano, produtos mais técnicos e sustentáveis, trabalhar com as surfschools com fatos específicos para as escolas.

Vocês patrocinam vários surfistas portugueses, podes falar um pouco sobre a visão por detrás dessas “apostas”?
Os nossos atletas e embaixadores são a nossa cara na praia. Neste momento temos vários atletas e embaixadores em toda a europa. Temos atletas competidores, free surfers e big wave riders. Cada um deles dá o seu feedback de forma a podermos melhorar os nossos produtos de época para época, isto devido à grande quantidade de horas que passam na água e ao desgaste que dão ao material que usam, bem como a procura da melhor performance nos seus fatos. Todos eles são importantes para a Wildsuits, não só pelo retorno que dão como também pelo feedback que nos dão na procura de um fato de topo.

Com que outras marcas trabalhas além da Wildsuits?
Estou a trabalhar com diversas marcas ligadas ao mercado dos boardsports, nomeadamente Zombie Tread, Mizu, TBBS, Raen, Slowtide, Indosole, Raw Elements, Nitrosk8, Jobsite (MG surfboards, AJW Surfboards, ARENQUE Surfboards, ON Surfboards), e mais recentemente juntei a Modom e Merge4.

Ser surfista e comercial de uma marca de surf conjuga bem? Consegues gerir bem ambas as partes?
Essa é a pior parte! Quando comecei a trabalhar neste mercado disseram-me uma coisa que na altura me deixou bastante contente, que foi que poderia surfar todos os dias visto que estava a trabalhar no mercado do surf. No entanto é algo que não funciona bem assim, penso que cada vez faço menos surf visto que há sempre reuniões, visitas aos clientes, trabalho de escritório, etc, mas tento sempre dar uma escapadela para surfar. A prancha anda quase sempre no carro, se conseguir um tempinho aproveito sempre…

 

 

 

 

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