Foi a pouco mais de uma semana do arranque do Huawei Cascais Pro, 5º e última etapa da Liga MOCHE 2016, entre os dias 6 e 8 de Outubro, que foi revelado o primeiro convidado da etapa de todas as decisões: Almir Salazar, o primeiro campeão nacional português de um circuito profissional organizado e um dos impulsionadores da profissionalização do surf no nosso país.
É um regresso marcante. Depois de ter sido campeão nacional em 1992, Almir Salazar, na altura com 31 anos e hoje com 58, vai entrar nas águas do Guincho e Carcavelos para mais um desafio pessoal. “Aceitei este convite para mostrar às pessoas que eu estou cá, a surfar e a trabalhar. Vou até tentar competir (risos). Sei que é difícil porque a categoria masculina é bem avançada do meu tempo. Mas estou aqui pelo desafio!” explica o surfista luso-brasileiro.
Com transmissão para todo o Mundo e um prize money global acima de oitenta mil euros, a Liga MOCHE é hoje muito diferente daquela em que Almir se estreou em Portugal. “Naquela época, não havia sequer computadores ou telemóveis. As notas eram todas dadas manualmente… Não era tão desenvolvido. Hoje em dia, todos os desenvolvimentos mexeram com o interesse das pessoas em entender o surf. Não só aquelas que estão dentro do palanque, mas as que estão fora, em casa, a assistir à transmissão” destaca.
1991 foi o ano em que tudo mudou para o circuito nacional. Acompanhado pelos principais tops nacionais e munido da experiência de competir nos circuitos brasileiro e mundial, Almir percebeu que estava na altura de também o surf português dar um salto e começar a oferecer premiação e melhores condições às principais estrelas do surf português da época. Lembra o surfista que “a partir da altura em que o circuito nacional se profissionalizou, aquela geração que competia comigo em 90, viraram profissionais e começaram a competir em campeonatos europeus e até mundiais. Houve uma evolução muito grande no surf português”.
Depois de uma disputa renhida com os principais tops nacionais da altura, e sobretudo com o capariquense João Antunes, que já competiu na Liga MOCHE 2016, Almir foi então o primeiro campeão nacional profissional de Portugal, num momento que ainda guarda com carinho: “Foi muito bom e gratificante. Não só porque assim consegui representar bem as marcas que me patrocinavam na altura, mas sobretudo porque engradeceu o meu currículo. Tenho muitas memórias felizes e recordações daquela época. Marcou a minha vida”.
Mas a felicidade é partilhada com aqueles que ficaram atrás de Almir, hoje shaper em Cascais, no ranking de 1992. “Não foi só por ter sido o primeiro que fiquei feliz. A verdade é que quando vi toda aquela geração, os que ficaram em segundo, terceiro, a entrar na parte profissional do surf e a começar a ganhar dinheiro e viver do surf, vi que estavam a fortalecer a sua vida profissional. Dali para a frente, tudo foi diferente. Foi muito gratificante ver o circuito e o surf evoluir para gerações futuras como esta”.
O primeiro campeão nacional vai então medir forças com os candidatos ao título da Liga deste ano, nomeadamente, Frederico Morais (campeão em título), Pedro Henrique, Vasco Ribeiro, Tiago Pires, José Ferreira, Marlon Lipke e Filipe Jervis. Recorde-se que, nas senhoras, o título de 2016 foi já conquistado por Carol Henrique.
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