Nome – João Alexandre
Alcunha – Dapin
Base – Goofy
Local – Carcavelos
Ponto forte – Esquerdas
Actualidade – Faleceu em 2021

João Alexandre é unanimemente reconhecido como o primeiro surfista fora de série do nosso país, um estatuto validado não só pela sua geração de surfistas como pelo público que acompanhou o surf português nos anos 80 e 90. Até ao surgimento de Tiago Pires no cenário do surf internacional, não havia dúvidas sobre quem teria sido o melhor surfista português de todos os tempos e, ainda hoje, o seu contributo na evolução do surf em Portugal é facilmente identificável. Natural de Carcavelos, João ganhou a sua alcunha pelo facto de ter uma prancha “pin tail”, ficando inicialmente conhecido como o “puto da pin”, e, mais tarde, apenas Dapin.

Desde muito cedo mostrou um grande talento e um surf muito radical, principalmente em comparação com a média do surf português, mudando-se para a Austrália por algum tempo depois de ter dominado a competição a nível local. No Down Under encontrou algum sucesso, vencendo campeonatos, o que lhe proporcionou inclusivamente alguns patrocínios. Quando voltou mostrou a sua evolução, ficando ainda mais visível a sua superioridade em relação à sua geração.

O fim dos anos 80 e início dos anos 90 foram o seu auge a nível competitivo, vencendo várias etapas do “circuito nacional” pré Adrenalina*, e claro, algumas etapas do circuito profissional Europeu, o EPSA. Em 1991 tudo apontava para um merecido título europeu mas acabou por ser superado pelo competitivo britânico, Spencer Hargraves, só voltando a mostrar o seu melhor surf a nível competitivo em ocasiões raras e muito esporádicas. No entanto, quando vencia, era de forma impressionante, por vezes com combinação sobre os seus adversários.

Sobre a sua carreira competitiva e o facto de nunca se ter sagrado campeão nacional, Dapin comentou o seguinte em entrevista à ONFIRE (#25, Janeiro/Fevereiro de 2007): “Em 85 houve um campeonato (em Portugal) que ganhei, em 86 houve dois e ganhei um e o outro fui segundo, e em 87 houve quatro e ganhei todos /…/ ganhar um nacional não é uma realização pessoal pois já ganhei muitos campeonatos. Em 89 ganhei sete campeonatos em oito, em 90 fui fazer o circuito europeu e no primeiro ano ganhei os três primeiros e um total de cinco. Ou seja, na tua carreira desportiva vais estabelecer certos patamares que depois os outros deixam de fazer alguma lógica.”

Era no free surf que realmente impressionava, principalmente em esquerdas, devido ao seu surf rápido, moderno e explosivo. Durante alguns anos manteve-se como surfista profissional devido à sua forte presença nos meios de comunicação nacionais e a um estatuto muito especial dentro da indústria. Eventualmente dedicou-se ao negócio de família, uma fase que durou alguns anos e esteve envolvido em projectos como uma loja de surf (D-Point) e uma Guest House (Da House). Ao longo dos tempos fez alguns comebacks competitivos, com pouco sucesso, mas manteve sempre uma forte ligação ao free surf e um nível de surf muito alto, sendo regularmente visto a surfar em picos como Carcavelos, Praia das Maçãs e Costa da Caparica.

Durante a sua carreira passou por quase todas as grandes marcas de surf representadas em Portugal, com destaque para a sua permanência na Gotcha, onde se tornou num dos primeiros surfistas nacionais a receber um ordenado mensal, e mais tarde Quiksilver. Também foi patrocinado pela Billabong, O’Neill, Rip Curl, Globe, Scorpian Bay, West Suits, Janga, NeilPryde, Oakley, AirWalk, Reef, Dr Ding e praticamente todas as marcas de pranchas nacionais, e algumas internacionais.

João Alexandre “Dapin” faleceu no dia 29 de Novembro de 2021, aos 55 anos, por razões que não foram oficialmente divulgadas ao público.

*Organização desportiva que organizou o primeiro circuito nacional organizado e profissional a partir de 1992.

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