Shane Herring é o nome do surfista que explodiu no circuito no mesmo ano que Kelly Slater venceu o seu primeiro título mundial. Estávamos em 1992 e uma série de caras novas estavam prontos para “limpar” a velha guarda.

Kelly e Shane estavam na linha da frente. Herring explodiu primeiro, passou uns heats na primeira etapa, na altura em Bells Beach, ao contrário de Slater que perdeu cedo.

Na segunda etapa, o Coke Classic em Narrabeen, estavam no lado oposto da grelha e foram eliminando grandes nomes da altura pelo caminho. Slater “tratou” de Gary Elkerton, Graham Wilson e Damien Hardman, e Herring mandou para casa Barton Lynch, Jake Spooner e Dave Macaulay a caminho da final.

A final foi uma estreia para ambos e foi toda de Shane Herring que chegou à terceira etapa do tour com um avanço de quase 500 pontos sobre Slater. Nos media só se ouvia falar de Shane, era a grande esperança australiana e era pago como tal.

A liderança aumentou no Gunston 500, então a etapa mais antiga do tour. 5º para Herring, 9º para Slater. Quarta etapa, Yoplait Reunion Pro (Ilha Reunião). Slater 3º, Herring 9º. A diferença entre os dois diminuía e Damien Hardman já estava a menos de 100 pontos do primeiro lugar e de olho no título da nova geração.

Chegados às areias de Lacanau, França, tudo mudou. Slater fez mais uma final, Hardman passou para a frente e Shane foi caindo no ranking. Mesmo assim esta não foi a primeira vitória de Kelly que na final foi surpreendido pelos tubos de Tony Ray. A etapa seguinte acabou por ser sua e não largou mais a liderança até ao fim do circuito, sagrando-se campeão durante a etapa brasileira.

No resto do ano, Shane foi fazendo o suficiente para acabar no top4 enquanto que Kelly, não satisfeito por ter garantido o título por antecipação, ainda venceu o Pipeline Masters.

No ano seguinte, Kelly esteve lesionado grande parte do ano e caiu para 6º no ranking enquanto que Herring desceu para 22º lugar. 1994 foi o seu último no tour, tendo acabado em 44º do ranking. No anos que se seguiram muito se falou de sessões épicas de Shane Herring em diversos spots da Indonésia e Austrália, mas nunca um “comeback” esteve em questão!

Recentemente, em entrevista à revista australiana ASL, “Herro” admitiu que foi o álcool e drogas que ditaram a sua decadência, algo de que se arrependeu. Muitos culpam também a falta de foco na competição e até o seu equipamento pelo sua queda no ranking. Aparentemente o seu shaper na altura, Greg Webber da InSight, estava a fazer algumas das pranchas mais radicais do seu tempo que em certas condições eram mágicas e noutras simplesmente não funcionavam.

Shane Herring é mais uma prova viva que ter talento (e personalidade) não chega.  A disciplina e o foco são características tão importantes que com o tempo se tornam essenciais. Podes ler mais sobre a história deste grande surfista (em inglês) neste link.

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