O Havaí não é apenas o “ultimate proving ground” para surfistas profissionais, é também onde estão baseados muitos dos melhores shapers do mundo. Uma figura de topo entre os shapers baseados no Havaí é Jon Pyzel, shaper da marca Pyzel Surfboards, fabricante das pranchas do surfista que a grande maioria considera como o melhor da actualidade, John John Florence.

Paulo do Bairro, shaper da Polen Surfboards, marca que produz as pranchas Pyzel Surfboards para a Europa, esteve recentemente na famosa Waialua Suger Mill com Jon Pyzel. O objectivo era desenvolver um trabalho em conjunto para o mercado Europeu, tornando-se num dos shapers Europeus com mais conhecimento na área, o que já se reflecte nas pranchas que são produzidas na fábrica da Polen e na performance dos atletas na água.

Depois de várias passagens pelo North Shore como surfista, qual foi o objectivo da tua mais recente viagem?
O objectivo era o mesmo que nas outras viagens, receber informação de um dos nossos parceiros e aumentar o meu conhecimento como shaper.

Como era o contacto com o Pyzel anteriormente a esta viagem, e o que mudou?
Devido ao covid houve um interregno de partilha de informação presencial. Tem havido partilha sim, por exemplo informação de todos os modelos novos, como o Highline, Mini Ghost e Wildcat, entre outros.

Como foi a troca de conhecimentos?
Foi muito a nível de shape e detalhes, e não tanto design ou tempo passado ao computador. O Jon tem uma capacidade muito boa de falar com as pessoas e de as deixar à vontade. É uma pessoa também bastante ocupada por isso muitas vezes as coisas são feitas em passo acelerado. Muitas vezes tirei notas ou fiz vídeos dele a falar, porque era a melhor maneira que eu tinha de captar mais informação.

Como tem sido o teu contacto com os modelos da Pyzel Surfboards, e quais são os que mais se destacam para ti?
Os meus modelos preferidos sempre foram a Pyzalian, a Padillac e a Radius, porque se encaixam bem nas minhas características como surfista. Mas lá tive a oportunidade de surfar com a Ghost e adorei. É uma prancha mais refinada no tail e que eu pensei que fosse ficar um bocado mais debaixo de água mas que tem uma viragem de rail para rail muito boa. Talvez por estar no Havaí, e as ondas terem um bocadinho mais de força, encaixou-se bem. Mas a maior surpresa talvez tenha sido a Highline. Usei uma prancha um bocado maior do que aquilo que eu uso no dia a dia, de stock, mais larga e mais grossa, e provou ter uma viragem fácil de rail para rail incrível.

Quais foram as áreas em que sentes que mais te desenvolveste?
O Pyzel dá-nos bastante informação. Fornece-nos os designs todos, feitos por tamanhos, marcação das quilhas, tudo para podermos ter esse guia quando fazemos as pranchas. Nesta viagem ele passou-me informação do porquê que ele gosta assim, a lógica e funcionalidade por detrás de alguns detalhes.

Havia algo mais específico dos shapes do Pyzel que querias muito receber informação?
Sim, o que eu tinha mais curiosidade era sobre as Padillac, que é a prancha que eu mais aprecio entre os modelos do Pyzel. É uma prancha de ondas grandes e que as linhas são lindas e perfeitas. Basta dizer que, no North Shore, sejas quem tu fores, independentemente do teu patrocínio de pranchas, toda a gente tem uma Paddilac no seu quiver para surfar ondas grandes.

Como foi conviver com ele durante estes dias?
O Pyzel é muito diferente do que encontrei até agora em outros shapers. Tudo na vida dele revolve à volta de fazer surf. Ele vê o surf sempre de manhã e o forecast, planeia a surfada dele, e tudo à volta encaixa-se nisso. O que achei bastante interessante é que, normalmente os shapers são sempre muito ocupados, estão sempre na sala de shape, mas ele faz as coisas de maneira diferente do que eu tinha visto até agora. Só tenho a agradecer ao Jon pela forma como me recebeu, e pela partilha de informação e conhecimento.

Para terminar, tiveste a oportunidade acompanhar a ligação dele com o John John Florence…
Tive alguns momentos em que foi possível ver essa ligação. Ele falava-me das pranchas do John John e houve vezes em que eu estive na sala de shape com ele quando shapeava pranchas para o John John e dizia-me o que estava a fazer, o que.o levou a fazer essa prancha. Uma das coisas que ele me disse é que o John John é uma pessoa muito meticulosa, muito “self aware”. Ele sente pequenos detalhes e pormenores nas pranchas, basta haver 1/16 a mais de grossura que era o suficiente para ele ligar a perguntar se tinha engrossado as pranchas dele. Porque ele é assim tão sensível.

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