Portugal é um país com uma forte tradição de eventos de surf que vem dos anos 70 e culminou numa atualidade com um dos melhores circuitos nacionais de surf do mundo, grandes provas QS, um CT, e muitos outros campeonatos de diferentes dimensões. E, entre todos os campeonatos, quais terão sido os mais importantes para fazer do nosso país um destino de referência para competidores e free surfers de todo o mundo?

 

Um dos primeiros dias de prova do Instinct Buondi Pro | Arquivo de Rui Oliveira

 

Instinct Buondi Pro – Ericeira

Foi em Setembro de 1989 que a ASP (atual WSL) passou pela primeira vez no nosso país, para o Instinct Buondi Pro, prova de pontuação 1A em Ribeira D’Ilhas, Ericeira. Foi a primeira vez que o público português teve acesso a surfistas como Gary Elkerton, Brad Gerlach, Cheyne Horan, Barton Lynch, Nicky Wood, Damien Hardman e os finalistas, Glenn Winton (2º classificado) e Rob Bain (vencedor). Destaque também para a presença de Jason Buttenshaw, uma das estrelas do filme “Surf Into Summer” da Billabong, que passou despercebido e perdeu cedo no evento, e para o coach de Frederico Morais, Richard “Dog” Marsh, que terminou em 5º lugar. Os melhores portugueses em prova foram os wildcards Bruno Charneca e Rodrigo Herédia, que estrearam e perderam já na fase man-on-man contra Justin Strong e Flávio Padaratz respetivamente. As ondas estiveram sempre boas, a rondar o metro e meio nos primeiros dias, baixando para um metro “clean” nas fases finais. Foi uma prova muito bem sucedida em praticamente todos os parâmetros, colocando o nosso país no mapa do circuito mundial com ótimas referências para o futuro.

 

 

https://youtu.be/iEiPrA3gEys

 

 

Coca-Cola Figueira Pro – Figueira da Foz

Entre o Instinct Buondi Pro de 89 e o Coca-Cola Figueira Pro de 1996 a ASP passou por Portugal mais de uma dezena de vezes, mas foi esta prova, na Figueira da Foz, que trouxe novamente a elite do surf mundial ao nosso país. O tour tinha começado a divisão entre Championship Tour e circuito de qualificação em 1992 e, desde aí, raríssimos surfistas de destaque passaram por Portugal. Esta prova trouxe-nos o surfista que todos os portugueses queriam ver, Kelly Slater, pela primeira vez, apesar de ter sido uma “visita” muito breve. Slater faltou ao primeiro heat e, mesmo tendo sido derrotado por Bruno Charneca no round 2, garantiu o seu 4º título mundial. O público ainda teve direito a uma sessão de free surf antes do “King” seguir viagem. Foi também a primeira vez que surfistas portugueses participaram numa etapa do Championship Tour e tiveram algum sucesso já que tanto “Bubas” como João Antunes chegaram ao round 3, mostrando algum potencial no surf nacional, potencial esse que só seria concretizado no mais alto nível na geração seguinte. O primeiro Figueira Pro foi um momento muito especial para todos os surfistas portugueses, mantendo-se no tour durante mais alguns anos.

 

Photo by Pedro Mestre

 

Rip Curl Pro Search – Peniche

Depois de perdermos a nossa etapa do Championship Tour no final de 2002, o regresso não parecia iminente. A Europa já tinha provas em França e em Mundaka e não havia planos para acrescentar mais uma licença nesta região. Felizmente a Rip Curl tinha uma licença móvel e depois de passar na Ilha Reunião, México, Chile e Indonésia, seguiu para Portugal. A prova realizou-se em Outubro de 2009 e teve o pior arranque que se podia desejar, uma tempestade na noite anterior ao primeiro dia de espera arrasou com o palanque, causando muitos estragos. Além disso as ondas não colaboraram nos primeiros dias, obrigando a alguns lay days, e a um primeiro round, ou parte dele, realizado em ondas muito fracas no Molhe Leste. Mais ainda, a prova adotou um formato sem repescagens e Tiago Pires, o primeiro surfista português a competir como membro do CT, foi eliminado na sua bateria de estreia. A prova ainda passou no Lagide, uma onda pouco digna de uma etapa desta nível. Mas daí em frente não podia ter corrido melhor, com várias fases a serem realizadas em ondas incríveis no Pico da Mota, onde um público de milhares de fãs não arredou o pé durante dias. A cereja no topo do bolo foi o regresso à base da prova, os Supertubos, para um longo dia de ondas pesadas em épicas, um espetáculo de surf como nunca tinha sido visto no nosso país. A prova terminou no dia seguinte com a vitória de Mick Fanning e o evento permaneceu em Peniche até à atualidade. O sucesso ajudou o país a posicionar-se mais a sério como um dos melhores destinos de surf do mundo, um “crescendo” que continua até hoje…

 

 

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Comentários

Um comentário a “Os três campeonatos mais importantes na história do surf português…”

  1. ruijoliveira diz:

    Pedaços da história do surf em Portugal!!