João “Zenguito” Kopke teve um excelente 7º lugar no Lacanau Pro Junior eliminando Vasco Ribeiro e impedindo que este vencesse o título de campeão europeu Pro Junior. Quisemos saber como geriu tudo isto, os seus objectivos e pormenores sobre o seu violoncelo…

Zenguito, antes de mais parabéns pelo resultado em Lacanau!!! Começando a “dolorosa”, vieste agora de uma lesão. Já estás 100% recuperado ou ainda tens algumas dores? Vim agora de uma lesão chata e felizmente tive uma recuperação mais rápida do que o normal (visto que só devia estar a começar a surfar agora) mas já surfo há um mês e não tenho dores nenhumas.

Desde que voltaste a surfar, como tens treinado? Normalmente ou mais do que o normal? Quando comecei a surfar depois da lesão, pensei muito em como o ia fazer e decidi tentar divertir-me mais. Tenho treinado com a mesma intensidade com que treinava antes, mas acho que estar a aproveitar mais os treinos para me divertir me ajuda a aproveitar para evoluir também.

Relativamente ao Pro Junior de Lacanau. Foste um dos responsáveis pela eliminação do teu grande amigo Vasco Ribeiro, acabando assim com as suas hipóteses de vencer o título de campeão europeu Pro Junior. Conta-nos como foi esse heat, afinal não havia imagem ao vivo. Foi um heat difícil, já sabia que todos os atletas iam fazer surf porque eram todos bons surfistas. Para dificultar, as condições que tivemos que surfar não deixavam margem para erros, o mar estava muito pequeno. Acho que o que me fez avançar foi exactamente não cometer o erro que o Vasco, por exemplo, cometeu. Apanhei logo ondas no início, fiz as ondas como queria e estava a contar com que o surf do Vasco fizesse o resto mas, infelizmente para nós, as ondas não entraram para ele e eu acabei a ter que defender a minha posição. Garanti assim a minha posição desde os primeiros 10 minutos do heat. Não entraram mais ondas nos segundos 10 minutos do heat, e quem já as tinha no scoreline passou.

O que sentiste após venceres esse heat? Por um lado fiquei contente por estar a avançar no campeonato mas, por outro lado, foi uma felicidade azeda. Infelizmente o nosso trabalho é mesmo assim. Foi uma felicidade difícil de gerir porque no fundo estava felicíssimo por ter passado aquele heat, já que não era nada fácil e eu acho que estava a precisar, depois de 6 meses, de uma validação de que ainda sabia competir e surfar. Ao mesmo tempo, senti-me triste porque não pude ter um amigo um passo mais perto de ser campeão europeu Pro Junior.

Falaram algo sobre o que este heat implicava antes de entrarem na água? Não falámos nada sobre isso, acho que estávamos os dois concentrados e só desejámos boa sorte um ao outro. Infelizmente ela só esteve do meu lado.

E depois do heat, comentaram algo? Não, ele estava visivelmente chateado com tudo aquilo, o que é normal, e eu tentei dar-lhe algum espaço. Acabou por ser ele quem veio falar primeiro sobre o heat e dar-me os parabéns. Também aproveito para lhe dar os parabéns por todo este ano!

E como foi o heat das meias finais, onde acabaste a tua excelente prestação neste último Pro Junior Europeu do ano? O das meias-finais foi diferente dos outros heats deste campeonato, surfei bastante bem mas tacticamente fui mais fraco, o que não estava a acontecer em rounds anteriores. Eu sabia que, com o mar bom e com aqueles surfistas, haveria muitas ondas boas e excelentes. Por isso tinha que apanhar ondas de set e surfá-las bem, faltaram-me as ondas de set e com mais potencial. Ainda assim sei que foi um bom heat e uma boa forma de dar cor ao resultado.

Soubemos que o Allen Johnson da Hurley, teu patrocinador principal, te convidou para ir à Califórnia após este teu resultado no Pro Junior. Como isso se passou? O Allen Johnson convidou-me para passar uns dias em Hossegor com ele e com o Rob Machado, fiquei entusiasmado desde logo porque sabia que isto, para além de ser uma ótima oportunidade, poderia ser a porta para muitas mais. Já quando estava a caminho de me encontrar com o Rodrigo Sousa (treinador), perguntei ao Allen se havia alguma hipótese de ele me ajudar a ver o WT em Trestles e, pelos vistos, não houve qualquer problema.

E vais, certo? Espero que sim, ainda é mais uma ideia do que outra coisa mas acho que devia tentar materializar esta oportunidade. Não acredito que exista melhor cenário para aprender sobre surf do que Trestles, durante o WT especialmente.

Levas um membro do staff da ONFIRE contigo para carregar o teu quiver, violoncelo, carteira, whatever? Acho que juntar uma tropa para tomar a Califórnia não era nada má ideia…

À parte do surf, levaste o violoncelo contigo para França? Peço imensa desculpa mas eu não toco Violoncelo, é Contrabaixo, Sr. Contrabaixo. E é muito grande… por isso mesmo tive uma ideia: pedi de aniversário à minha mãe uma harmónica! Vai ser a minha companhia durante os Pro Juniores europeus do ano que vem!

Ah… Ok… Contrabaixo! Sorry, mas instrumentos musicais não são o nosso forte, com deves ter percebido! Então e se fizesses uma serenata à tua namorada que música escolherias? Sim, seria exatamente à minha namorada! Deviene a la finestra… mas ainda não toco guitarra. Com certeza também funciona com harmónica!

Vamos procurar no Google esse som sem dúvida! Para terminar, quais os teus objectivos para o resto deste ano a nível nacional e internacional? Este ano, como já disse, quero levar as coisas de forma diferente. Quero surfar mais tempo e evoluir, principalmente. Não estou com vontade de me preocupar com resultados ou rankings porque isso só me cria dúvidas de que eu não preciso. Além disso, os meus rankings finais estão todos comprometidos por causa da lesão que tive. Quero divertir-me e fazer com que essa diversão se aplique ao meu surf e ao meu objetivo, os resultados virão se conseguir conjugar a diversão e a evolução.

Obrigado pelo teu tempo! Nada! Boas ondas!

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