Vencer um campeonato importante na praia que te viu crescer, em frente a amigos e família, é o sonho de qualquer surfista profissional. Francisco Alves conseguiu realizá-lo no sábado passado, conseguindo assim a sua primeira vitória na Liga Moche e a liderança do circuito. A ONFIRE apanhou-o pouco depois de sair da água, ainda extasiado com o momento que acabava de viver, para saber o que sentiu naquele momento especial.
“Chico”, a final acabou há meia hora, já “bateu” a vitória?
Agora já! Quando saí não estava a acreditar. Quando as coisas mesmo boas acontecem uma pessoa fica meio estupefacta, mas foi como a entrada (como wildcard) no WCT (de Peniche), aconteceu muito rápido.
Imagino que vencer a etapa fosse um dos teus objectivos mas estavas à espera de ganhar?
Não sei, antes do campeonato começar é algo que está muito longe, mas à medida que foi avançando e fui entrando no man-on-man fui fazendo heat a heat e foi assim até à final. Fiz o que sabia e não pensei nos outros, e isso deu resultado.
O pico onde acabou por se realizar grande parte do campeonato já estava a “funcionar” há alguns meses e é muito perto da tua casa. Já tinhas surfado muito ali?
Sim, essa direita já estava ali há algum tempo e já tinha surfado bastante lá mas eu até gostava que o campeonato tivesse ido para a esquerda, porque estou a sentir que o meu surf de frontside está melhor. No entanto tirei bons scores para a direita e acho que isso ajudou-me em muitos heats.
Conseguias ouvir as notas durante a final?
Sim, consegui ouvir logo as duas primeiras, não queria pensar muito na vitória pois ainda faltava muito tempo. Sei que o Kikas em poucos minutos pode virar o heat. Quando entrei nos cinco minutos finais e ele ainda precisava de duas ondas… aí sim, comecei a acreditar que era possível. Tinha a prioridade e tentei que a próxima onda boa não fosse para ele, então tentei só manter-me no pico e estar de olho nas ondas certas.
O Frederico Morais saiu da combinação a cerca de 5 minutos do fim, foram os cinco minutos mais longos da tua vida?
Sem dúvida, mais ainda os últimos dois minutos. Eu já não conseguia passar a rebentação por isso já não havia tempo para fazer mais uma onda e ele estava lá fora sozinho.
Como foi sair da água e ver as pessoas que te viram crescer naquela euforia?
Foi estranho, estou habituado a vê-los no dia a dia, agora ganhar um campeonato importante à porta de casa é muito estranho, é aqui que muitas vezes eu treino. Por outro lado foi muito emocional, gostei de os ver a todos e foram muito importantes para a minha vitória.
Com a vitória começas o ano a liderar o circuito, vais te focar na luta pelo título da Liga Moche?
Agora passa a ser um dos objectivos mas continuo a saber que, tanto o Vasco como o Kikas são adversários muito difíceis. Quero continuar a treinar para quando chegar ao Porto estar ao mais alto nível para poder pelo menos disputar heats com eles e mostrar o meu surf em todos os campeonatos. A luta pelo título é mais lá para a frente, agora é campeonato a campeonato.
Ontem disseste que nunca tinhas feito um claim até este campeonato. Desta vez fizeste e ganhaste, vai fazer parte do teu repertório agora?
Só fiz dois (risos). O último tinha mesmo de ser porque foi na final, e outro foi porque era o primeiro minuto do heat e comecei bem.
Como vai ser a comemoração?
A comemoração vai ser com a malta toda, com o Kikas e…
(entretanto chega Frederico Morais e interrompe…) “Hoje é o Chico que paga!”
Vamos aí todos e será uma grande festa, cheia de miúdas!
Comentários