Foi há cerca de um mês que Portugal se sagrou vice-campeão do mundo no ISA World Surfing Games na Costa Rica! A selecção nacional, composta por Guilherme Fonseca, Jácome Correia, Pedro Henrique, Eduardo Fernandes, Teresa Bonvalot e Carol Henrique, foi escolhida a dedo por David Raimundo, o seleccionador nacional.
A medalha de ouro ficou, pela segunda vez, muito perto mas mesmo não alcançando o desejado ouro, é inegável que toda a equipe portuguesa, de surfistas à equipe técnica e passando pelo departamento médico e todos os restantes envolvidos, esteve brilhante nas quentes águas da Costa Rica.
O responsável por conduzir Portugal a mais um grande feito foi David Raimundo, e ninguém melhor que ele para nos contar como se viveu cada momento até Portugal alcançar, pelo segundo ano consecutivo, o título de vice-campeão do mundo!
Com um calendário altamente preenchido desde este resultado, e em momentos finais de preparação da selecção nacional júnior para o V/SSLA ISA World Junior Championship, que arranca este Sábado em São Miguel, Açores, o seleccionador respondeu-nos às questões que podes ver na entrevista abaixo (parte I de II).
David, começando pelo fim, pois é impossível não querer saber a resposta a esta pergunta primeiro que tudo. O que significou para todos este resultado? Este resultado significou imenso para todos os atletas, equipa técnica, departamento médico e todos os que estiveram envolvidos neste campeonato. Foi uma alegria gigante! Ser vice-campeão do mundo é um resultado brilhante em qualquer modalidade e no surf, ainda mais. Lutámos pelo ouro até ao limite das nossas forças, mas saímos orgulhosos do que alcançámos.
Escolher os surfistas para o ISA nunca é tarefa fácil. Como foi a decisão este ano? A tarefa de escolher quem vai ou quem fica, é sempre difícil. Por isso mesmo, esta equipa técnica define critérios de seleção, para que as escolhas sejam claras e objectivas. No início do ano, tentámos implementar um sistema de seleção diferente dos anos anteriores, baseado num estágio com todos os atletas, onde iriam ser realizados três campeonatos em três dias e três ondas diferentes. Os melhores seriam selecionados. Com a dificuldade de ter todos os atletas presentes ao mesmo tempo devido ao super ocupado calendário internacional, optámos por levar os dois melhores atletas do QS e os dois melhores da Liga Moche nos Homens, e a melhor menina do QS e a melhor da Liga Moche, após o final da Liga Moche da Praia Grande.
“Ser vice-campeão do mundo é um resultado brilhante em qualquer modalidade e no surf, ainda mais. Lutámos pelo ouro até ao limite das nossas forças, mas saímos orgulhosos do que alcançámos.”
Quais eram, para ti, as selecções mais difíceis de todas as presentes? Este ano o nível do campeonato estava duas ou três vezes superior ao ano anterior na Nicarágua. Muitas equipas vieram na sua máxima força. Antes da competição começar, os grandes favoritos à vitória eram a França, os USA, a Costa Rica, o Peru, a Australia, a África do Sul e Austrália. Na minha opinião, a França era a equipa que apresentava as individualidades mais fortes e mais experientes do evento. Mas isso vale o que vale, e no final as coisas acabam por ser sempre diferentes.
“Não havia dúvidas! Equipa toda dentro de água a comemorar abraçados a ele. Quando a nota saiu um 8,60, gritámos por Portugal que nem uns loucos!”
Se pudesses destacar um heat ou uma manobra de cada surfista da selecção qual escolhias? Em oito dias de competição houve tantos heats e tantas manobras de destaque dos nossos atletas, que tinha quase de escrever um livro… Mas acho que o heat do Gui e do Pedrinho com o Lucas Messinas vai ficar na história dos mundiais da ISA. O Lucas começou muito forte com um 6,5 e um 6. Depois ainda fez um 8,23. O Gui respondeu com um 7,43 e um 8,83 e passou para a liderança. O Pedro entretanto fez um 7,5 e estava a precisar de uma onda na casa dos 8 pontos. O Gui foi ter com o Lucas e obrigou-o a perder a prioridade numa onda má para dar hipótese ao Pedro de fazer uma onda boa. Lembro-me do Gui estar a gritar a dizer ao Pedro que ia passar! Na contagem decrecente, quando o speaker diz 5,4,3,2… o Pedrinho mete-se de pé e destrói por completo uma esquerda até à areia! Não havia dúvidas! Equipa toda dentro de água a comemorar abraçados a ele. Quando a nota saiu um 8,60, gritámos por Portugal que nem uns loucos! Foi um momento inesquecível e que prova que enquanto há tempo tudo é possível! Este heat traduz o espírito desta nossa seleção! Lutar até ao final das nossas forças!
Antes de cada heat, toda a equipe se juntava em circúlo. Qual a mensagem nesses momentos privados? Nesse momento, não há muito a dizer porque a estratégia já está toda definida com o atleta que vai entrar. Apenas lembrar o que queríamos fazer no campeonato, reforçar que tínhamos um sonho que queríamos tornar realidade, e por último, o grito! O nosso grito! O grito por todos os Portugueses espalhados por esse mundo fora! Era arrepiante ouvir estes atletas a gritar por Portugal! Que orgulho!
“O nosso grito! O grito por todos os Portugueses espalhados por esse mundo fora! Era arrepiante ouvir estes atletas a gritar por Portugal! Que orgulho!”
A selecção, além dos surfistas, viaja sempre com uma forte equipa técnica. Quem são e qual o papel de cada um? Felizmente esta direção da FPS tem-nos dado todas condições para conseguirmos fazer um bom trabalho. Tínhamos o presidente da FPS, o João Aranha, que liderava a comitiva e que foi uma ajuda preciosa no dia a dia da seleção. Na equipa técnica estava eu como selecionador nacional. Depois tínhamos o Gonçalo Saldanha como fisioterapeuta. O seu trabalho também é de uma importância enorme no dia a dia da equipa. Por último, o Miguel Montes que era Operador de camêra, editor de vídeo, jornalista. Era graças à qualidade das imagens do Miguel, que a equipa analisava os erros do dia, e preparava o dia seguinte com mais qualidade.
Na segunda parte desta entrevista ao selecciondor nacioal, a publicar amanhã, sexta-feira, dia 16 de Setembro, David Raimundo irá falar sobre a intensidade do último e decisivo dia do ISA WSG, ao mesmo tempo que nos dá uma opinião sobre a presença do Surf nos Jogos Olimpicos. A não perder aqui no site da ONFIRE Surf.
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