Marcello Zani é um shaper natural de Cesena, Itália, que dedicou grande parte da sua vida ao automobilismo, como piloto profissional. Nas corridas Marcello desenvolveu uma mentalidade focada em alcançar o máximo desempenho através de pesquisa, análise, atenção aos detalhes e grande determinação. Enquanto criança Zani era fascinado pela cultura do skate punk e o seu amor pelo mar levou-o a começar a fazer surf. Em 2014 começou a envolver-se no design e produção de pranchas de surf sob a marca Sequoia Surfboards. Em apenas dois anos conheceu e trabalhou com alguns dos mais relevantes fabricantes de pranchas da Europa e América do Norte e em 2016 iniciou uma colaboração com o professor Riccardo Rossi, que desenvolveu uma tecnologia dedicada às pranchas de surf utilizando simulação computacional. Marcello investiu nessa tecnologia e tornou-se no primeiro shaper no mundo a usar CFD, (Computational Fluid Dynamics), no design de pranchas de surf. Fica a saber mais sobre este carismático shaper…
Podes falar um pouco sobre o teu percurso como surfista?
Comecei a surfar aos 30 anos, muito tarde, mas desde pequeno costumava de andar de skate. Foram 27 anos a praticar, ainda hoje ando nos skateparks e nos bowls de minha cidade natal. A minha abordagem ao surf é tentar fazer sempre power surf, principalmente de shortboard, e adoro surfar em Supertubos, por isso a minha marca aposta muito em pranchas para esse tipo de condições.
A Itália é tão inconsistente como se pensa? Conta-nos sobre a experiência italiana de surf…
Na Itália temos bons spots, mas raramente há boas condições. Toscana e a Ligúria são bastante consistentes, em outro lado é mais difícil encontrar um surf decente. Temos que viajar muito e fazer muitos surf checks, desnecessários e muito frustrantes e muitas vezes voltamos sem entrar na água. As ondas têm pouco power, com certeza é uma grande diferença para Portugal e Peniche.
Quando te começaste a envolver com o mundo do shape?
Comecei a shapear apenas um ano depois de começar a surfar, e foi algo muito mágico porque foi um tempo de mudança na minha vida, naquele período, e encontrei algo que realmente me completou. Trabalhar na Itália é muito difícil em tudo. Encontrar materiais, aprender e desenvolver shapes, é muito complicado. Decidi viajar muito, principalmente para a Califórnia, onde aprimorei a minha técnica e aprendi muito. Portugal foi uma consequência normal, está perto de Itália e existir uma grande cultura de surf, muitas fábricas de pranchas e o ambiente perfeito para testar e desenvolver as minhas pranchas. Aqui encontrei muitos amigos que me ajudaram muito, como o pessoal da Vulture Surfboards.
O que te fez investir em materiais mais “state of the art” na construção de pranchas?
Um dos pontos fortes da Sequoia é mesmo a construção high performance. Na minha experiência no automobilismo aprendi como é importante usar tecnologia avançada e sou apaixonado por materiais. Desde o início da Sequoia, temos uma construção personalizada. Passei muito tempo a pesquisar e projectar a construção e design de pranchas.
Podes falar um pouco dos teus modelos com mais sucesso?
O meu best seller é sem dúvida a Enzo, que é um shape de high performance híbrido. Normalmente, ondas pequenas e pranchas de verão flutuam bastante, mas nem sempre são muito divertidas de surfar. A Enzo combina power surf com uma prancha muito fácil de surfar e acessível também para condições fracas.
Fala um pouco sobre os surfistas que usam as tuas pranchas…
Não tenho muitos team riders na equipe, prefiro mostrar a performance das minhas pranchas e evoluir com o feedback dos meus clientes. As pranchas são para as pessoas comuns e trabalho muito para dar a melhor performance também aos surfistas medianos. Tenho alguns competidores na equipe, o que também é muito importante. Marcelo Nunes é um ex-top do CT brasileiro e um surfista ultra experientes, perfeito para o desenvolvimento das pranchas. O Max Doucet é um team rider americano que vive em Portugal, também é muito bom em testes de pranchas. Também estou a trabalhar com o Stu Kennedy, da Austrália. Ele competiu este ano no CT de Rottnest Island em Maio. Eles dão-me muita confiança quando lanço um design algo novo.
Por falar em Stu Kennedy, como surgiu uma parceria com uma marca de pranchas tão icónica como a Aloha?
A Aloha estava à procura de jovens shapers para fazer colaborações. Sou o primeiro shaper no mundo a usar a tecnologia CFD para o design de pranchas de surf e todo o mercado a nível mundial está interessado em alta tecnologia. A Aloha acredita no meu trabalho e vão usar três dos meus shapes, a nova CFD FISH, a Toro e a Twin Peaks.
Qual é o futuro de Sequoia e Aloha?
Como italianos, temos uma vasta experiência em design de desempenho. Misturado com a experiência de uma marca estabelecida como a Aloha, tenho certeza que podemos fazer grandes shapes.
Como se pode encomendar uma prancha?
Temos a nossa loja principal em Peniche, podem visitar-nos e tomar uma cerveja ou fazer uma encomenda através do nosso site!
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