Por acompanharmos a sua carreira desde muito jovem, pensamos muitas vezes em Guilherme Fonseca como um “eterno grom“. Mas o que é certo é que o talentoso surfista de Peniche é já um dos melhores surfistas do país e recentemente tem dado cartas a nível internacional. Depois de uma carreira júnior de muito sucesso, Guiherme está a passar para a fase seguinte e recentemente mostrou, no ISA World Surfing Games na Costa Rica, que está entre os melhores surfistas do mundo. A ONFIRE quis saber mais sobre esta excelente fase que atravessa e quais os seus planos para o futuro!

Conseguiste um excelente 7º lugar no ISA, algo que ajudou em muito a selecção nacional a ficar muito perto do título, como te sentes?
Sinto-me muito feliz e orgulhoso por saber que consegui contribuir de uma boa forma para este resultado de Portugal. Infelizmente não conseguimos ganhar o ouro mas sinto que dei tudo para isso acontecer. Infelizmente no último dia as coisas não correram da melhor forma para nós.

Estavas à espera de terminar tão alto na prova?
Sinceramente fui para este campeonato sem pensar em resultados, apenas me foquei em fazer bom surf heat a heat e as coisas correram bem. Claro que queria ir longe na competição mas concentrei-me em fazer o meu surf descontraído e sem pressão.

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Quais foram os heats que mais gostaste de fazer?
Os heats que me marcaram mais foi o heat do round 4 em que eliminei o Carlos Munoz do main event, e o heat do round 5 em que passei o heat com o Pedro Henrique. No heat em que o Carlos perdeu só soube da minha passagem quando já estava na areia. Comecei lento, mas consegui fazer duas ondas boas, uma delas foi no último minuto. No heat em que passei com o Pedro (Henrique) foi incrível visto que começámos mal, com pouco ritmo na água, enquanto que o Peruano já tinha duas notas na casa dos 7 pontos. A meio do heat consegui fazer boas notas e passar para primeiro lugar, e o Pedro perto do final do heat precisava de uma nota na casa dos 8 pontos. Nos últimos 10 segundos conseguiu apanhar a onda e virar a situação para segundo lugar. Provocou um ambiente de festa entre os portugueses pois conseguimos avançar para a final do main event . Um heat que nunca me vou esquecer.

Quem eram os surfistas que estavam a impressionar mais dentro de água?
O Eduardo Fernandes e o Pedro Henrique estavam a destruir no free surf e também surfistas como o Carlos Munoz, Noe Mar McGonagle, Masatoshi Ohno e Brett Simpson eram dos melhores surfistas dentro de água.

Como foi o espírito de equipa neste evento?
Foi incrível, estivemos sempre muito unidos e com vontade de ganhar. Esta união fez toda a diferença neste campeonato, na minha opinião.

O que achaste da Costa Rica?
Esta viagem à Costa Rica foi das minhas melhores. É um país bonito, quente, com ondas de grande qualidade e com boa comida. O nosso hotel era incrível e pertíssimo da praia o que nos proporcionou as melhores condições para estarmos ao melhor nível no campeonato. A direcção da Federação está de parabéns por nos ter dado as melhores condições. Por fim, o ambiente e a união incrível da equipa foi decisivo para este tempo que passei na Costa Rica tenha sido melhor.

Porque achas que muitos dos outros melhores surfistas do país não mostraram interesse participar?
Acho que foi por terem objectivos diferentes nas suas carreiras profissionais pois muitos deles optaram por se focar nos campeonatos da WSL, onde têm um vasto calendário.

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Nos últimos meses tens mostrado o teu melhor surf, houve alguma mudança no teu dia-a-dia (ou treinos) que seja responsável por esta excelente fase?
Comecei um trabalho físico mais específico para o surf com o meu personal trainer Luís Vazão, e tenho sentido melhorias no meu surf a curto prazo. De resto tenho mantido o excelente trabalho que tenho vindo a desenvolver na parte técnica com a Academia Professional de Surf, que tem sido fundamental para a minha evolução.

Quais são os teus objectivos no surf para os próximos anos?
Os meus objectivos este ano é entrar para o top 200 do QS e ficar com ranking para no próximo ano conseguir fazer as etapas 6.000 pontos e assim começar a pensar na entrada para o Top100 WQS. De seguida como todos os surfistas de QS querem, é entrar no CT.

Recentemente ficaste sem patrocínio principal. O que significa isso para a tua carreira e objectivos mais imediatos?
Aos 10 anos entrei para o team nacional da Rip Curl. Desde cedo que esta marca acreditou no meu potencial e me apoiou durante todos estes anos. Isto fez com que a minha evolução fosse facilitada por ter dos melhores produtos do mercado. Através da marca surgiram várias oportunidades e momentos bons, tais como, viajar, conhecer novas pessoas e acima de tudo incutiu em mim o espírito “The Search”. Não só na procura de novas ondas e experiências mas também na ambição de querer sempre mais e melhor. Quando entrei para o team Europeu foi um salto importante para a minha carreira. Actualmente estou numa fase de adaptação/transição para a competição Open. Sinto que muita coisa está a mudar e o facto de estar a dedicar-me a 100% ao surf está a levar-me a atingir o nível que pretendo. Como parte desta mudança a Rip Curl deixa de fazer parte do meu percurso como atleta. Apesar de ser uma marca que me está muito próxima e só me trás boas recordações estou ansioso para ver o que o futuro me reserva. E as novas oportunidades que podem surgir. Agradeço todo o apoio que a Rip Curl me deu e todo o contributo para o atleta que sou hoje. Vou continuar com o trabalho e treino que ando a desenvolver. Sinto-me confiante, ambicioso e pronto para o que vier!

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