Cerca de 7 anos depois de se ter tornado no segundo português a fazer parte do Championship Tour, Frederico Morais está de volta. Ao longo destes anos o surfista de Cascais não parou de fazer história no mais importante circuito de surf do mundo, e prepara-se para o fazer de novo em 2024. A ONFIRE falou com Frederico para saber um pouco mais sobre o seu estado de espírito depois de mais um longo ano no circuito de qualificação da WSL…
Kikas parabéns pela qualificação. Como te sentes depois de mais um longo ano de competição?
Sinto-me bem, foi um longo ano mas com sentimento de conquista. Sabia que ia ser desafiante e super competitivo mas acabou da melhor maneira, e isso é o que interessa, agora é tempo de descansar e preparar o próximo ano.
Alguma vez perdeste a esperança de regressar ao CT ou a vontade de o fazer?
Acho que nunca perdi a vontade, nem a esperança. Claro que há momentos em que talvez estejamos mais em baixo e em que questionamos mais as coisas. E há outros em que estamos com a confiança completamente lá em cima e sabemos que aquilo vai acontecer e que é apenas uma questão de tempo, acho que é basicamente isso. Eu sempre tive essa vontade, sempre acreditei que era possível, e por isso consegui a requalificação. Acho que se duvidarmos de nós mesmos, se não acreditarmos plenamente que é possível, então estamos mesmo um passo atrás de todos os surfistas que dão a vida e trabalham todos os dias para estar no tour. Ou nós identificamos, esse é o nosso mindset, ou então é tramado conseguirmos ser consistentes num circuito como o Challenger Series.
Como comparas a emoção que viveste no momento desta qualificação em comparação às duas anteriores?
Eu acho que são qualificações diferentes, todas super emotivas, super especiais. Não consigo comparar se uma foi melhor ou pior que a outra; acredito que todas tiveram grande significado para mim como marcos importantes na minha carreira. Foram todas super relevantes e acho que são sentimentos completamente distintos. O que eu senti aos 24 anos não foi o mesmo que senti aos 31 anos; são emoções diferentes.
Hoje em dia já és mencionado como um veterano do tour, é algo que já interiorizaste e concordas ou para ti és o eterno rookie em ascensão?
Acho que é normal; todos nós envelhecemos, todos nós ganhamos mais idade. Já não tenho 24 anos, como tinha quando me qualifiquei pela primeira vez. Tenho 31 anos, e acredito que não ser um rookie também é bom. Dá-nos outra experiência, dá-nos outro estatuto, não tenho qualquer problema em ser um veterano do tour, até acho que é um óptimo sinal, quer dizer que me fui mantendo no tour ao mais alto nível durante bastante tempo.
Quais são, na tua opinião, as maiores diferenças no tour que vais encontrar agora em comparação ao que encontraste no teu ano de rookie?
Algumas ondas mudaram; não temos Snapper, Pipeline era a última do ano, hoje em dia é a etapa do início do ano. Mas este começo de ano é em ondas que eu gosto, onde me sinto à vontade. Talvez no ano de rookie fossem ondas mais direcionadas para performance, e hoje em dia são ondas um pouco mais desafiantes, como Pipeline, Sunset, Supertubos, Margaret River, Bells Beach. Acho que tem tudo para correr bem, e eu acredito que é isso que vai acontecer.
Qual é a tua opinião em relação ao cut do meio do ano e ao WSL finals?
Eu não sou a favor do cut, acho super ingrato para um surfista que passa o ano inteiro a tentar qualificar-se nos challengers chegar e ter apenas cinco etapas para se provar, onde as ondas, apesar de terem grande potencial, são complicadas. A margem de erro é significativa em certos tipos de ondas, por isso, especialmente para quem é rookie e vai entrar no World Tour pela primeira vez, ter apenas cinco etapas para se provar, no meio de uma classe de veteranos já com outra experiência, pode ser complicado. Às vezes, os surfistas demoram a adaptar-se, a margem de erro é mínima, e não podemos vacilar, por isso acho que o cut é um corte super injusto, tanto para quem acabou de se qualificar como para quem voltou ao tour e para quem já lá está.
Para terminar, o que achas da “rookie class” de 2024?
Acho que é forte; temos ótimos surfistas, muito dedicados, muito focados e com muita fome de causar impacto nestas primeiras cinco etapas. Vão ser adversários difíceis, mas, lá está, a este nível não é nada fácil; não há adversários fáceis. E é para isso que estamos cá, para os enfrentar, e que vença o melhor.
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