RIDING PORTUGAL, apresentado pelo surfista profissional, músico, cantor lirico e Storyrider, João Kopke, e produzido pela White Flag Productions, é, resumido numa linha, uma missão por Portugal guiada por uma prancha de surf. O principal objectivo desta série é responder a uma pergunta: na procura por ondas, que lugares e experiências mágicas terá o nosso incrível país para nos mostrar?

O segundo episódio, “Pela Costa da Liberdade”, já o viste e reviste com toda a certeza mas, tal como fizemos para o Episódio 01, neste Scrapbook tens, em modo scroll down interativo de vídeo, fotografia e descrição (pelo teclado de João Kopke), uma boa parte por trás desta segunda aventura.

Episódio II – PELA COSTA DA LIBERDADE
O calor do Litoral Alentejano e as escarpas da dura Costa Vicentina são zonas surfísticas de contraste, mas algo mantém-se constante: a sensação de liberdade que a natureza e o poder do mar nos fazem sentir quando nos aventuramos pelas suas praias e caminhos.

Um lugar para fugir das obrigações e do caos da cidade. Um lugar onde ainda se encontram segredos. Onde ainda se pode acampar na praia, ao lado de uma fogueira e onde estar sozinho é um momento de sintonia com o que ainda é selvagem em Portugal.

No percurso da viagem, tentei encontrar o que importa na vida através do contacto com a morte, pesquei o meu próprio jantar, saltei de um avião e toquei guitarra à fogueira ao lado de dois dos meus melhores amigos. Claro, também surfei algumas das ondas mais divertidas de Portugal.

Esta é a história sobre Costa da Liberdade.

Aquele sorriso único depois de uma surfada no Alentejo!

O primeiro surf que fizemos que fizemos passou-se numa pico escondido de todos à luz do dia. Ela rola quase sempre sozinha, numa das vilas mais turísticas da região, produzindo uma esquerda divertida e uma direita poderosa que, num dia bom, podem deliciar aqueles que conhecem este segredo guardado à vista de todos. E mais do que contar-vos que este foi o meu sorriso à saída da água, não posso dizer.

João Kopke vertical num dos muitos segredos da Costa Alentejana.

Ainda que este tenha sido um dia pequeno e ventoso, posso dizer com alguma segurança que terá sido um dos melhores picos do Alentejo com aquelas condições. A acrescentar a isto, não havia nem mais uma alma na água.

 

Algumas das ondas mais divertidas que Portugal tem para oferecer, o L-Point. Podes ver mais destas ondas no episódio completo mas posso dizer-te que no nosso último dia desta aventura não sentia os meus braços devido às horas intermináveis que passei na água!

A Capela dos Ossos em Évora é algo que te ficará para sempre na memória. Photo by João Kopke

Tivémos a sorte de ser autorizados a transpassar o vidro de segurança que separa os vivos em visita, dos mortos, na Capela dos Ossos em Évora. Pudemos, por isso, fotografar e filmar as centenas de crânios que compõe as suas paredes de bastante perto. É engraçado como nós, estes bichos humanos, tendemos a acreditar naquilo que nos dizem: dizemos que estamos a gravar para a TAP e, normalmente, estávamos, é verdade, mas podia não ser o caso e querermos apenas fotografias com mais pinta para o Instagram. Também as tivemos.

A capela dos ossos é um lugar sinistro. Um lugar que tive que mostrar neste episódio por conter uma das mensagens com que me guio para viver: a de que estamos num caminho constante e sem paragens em direção à morte e, por isso, mais nos vale aproveitar a estrada. Esta é, porém, apenas a minha maneira de interpretar este estranho monumento. Na verdade, a razão destas paredes de mortos é exatamente a oposta: a de que a vida na terra, esta nossa, é apenas uma passagem para uma outra, eterna. A ideia cristã de ir com calma agora para depois termos um lugar garantido no paraíso, para todo o sempre.

Seja qual for a interpretação que escolhamos, o certo é que estas paredes passam uma mensagem poderosa.

E quando pessoas mortas passam a monumento, perdem algum do seu significado e transformam-se numa atração. Se adicionarmos smartphones à panela, temos a receita para as imagens acima. Uma visão estranha quando percebemos que podemos tirar uma selfie com as ossadas de alguém que viveu há quinhentos anos atrás.

Tomás Portas foi, no Alentejo, o grande companheiro de Kopke nas aventuras aquáticas mas não só!…

E como o objetivo da viagem era aproveitar as coisas boas da vida, decidi convidar um dos meus melhores amigos para se juntar à aventura. Acabámos a viver umas das experiências mais intensas das nossas vidas – um salto de três quilómetros de altitude. A fotografia não mostra as minhas gargalhadas que ainda aconteciam, devido à adrenalina que fluía em minhas veias, depois de quinze minutos da minha chegada ao chão. Escusado será dizer que mantiveram-se as dores abdominais durante os dois dias seguintes. Em baixo, a minha reação as situações assustadoras, rir. E nunca me ri tanto.

Somos uma pequena equipa de produção. Aliás, até que ponto é que um par já qualifica como equipe? Na verdade, quando falo no plural, refiro-me a mim e ao Nuno, da White Flag Productions. Fazemos tudo. Do guião às marcações, filmagens, fotografia e edição. Drone, reperage e racord. É tudo esta equipa de dois. E é por isso que levamos sempre walkie talkies connosco. Nos planos mais abertos, em locais sem rede (que numa vida praieira aparecem mais do que imaginam) o velho sinal de rádio nunca nos desaponta.

O Trekking, os nossos amigos Walkies e avestruzes, tudo parte dos essenciais da Costa Vicentina. Photos by João Kopke

Este é um exemplo desta necessidade, nos incríveis caminhos de trekking da Costa Vicentina. Trepámos uma rocha para uma corda que pendurava a passagem por um estreito caminho em direção a esta vista de cortar a respiração.

Como talvez saibam, a avestruz não é a típica ave portuguesa. Ainda assim, as savanas africanas e os campos alentejanos apresentam as suas similitudes. É por isso que estes caricatos pássaros se adaptam tão bem à sua casa junto ao mar, na beira da estrada para Porto Covo, deleitando os transeuntes que tiram fotos divertidas como esta.

Photo by João Kopke

Quando vi esta carrinha, lembrei-me de todas as noites em que parei o meu velho Ford Mondeo junto à areia dos Aivados nos meus primeiros anos de carta. Uma tradição que tento manter todos os anos, durante uma semana. Toda uma comunidade hippie se reúne nesta praia todos os pores-do-sol. Alguns acendem fogueiras e jantam enquanto o sol se vai embora. À noite, sem grandes cidades ao redor, o céu mostra todas as suas estrelas.

Uma surfada à boa moda alentejana tem de ser rica em layback!

Um layback numa das minhas ondas preferidas: O L Point. Uma onda considerada por muitos como o skate park do surf português, as suas várias secções permitem que soltes a tua criatividade surfística a cada manobra. Estava a tentar ativar o meu Clay Marzo interior, podes conferir no vídeo completo (no final) se acertei ou não a manobra.

Photo by João Kopke

Este senhor é um dos maiores personagens que já conheci. Pensei que seria interessante mostrar como se processa uma verdadeira almoçarada alentejana e, nessa descoberta, acabámos por conhecer o real significado da slow food: comemos das duas às seis e meia da tarde e parámos apenas porque tínhamos que legendar e acabar a edição do primeiro episódio, A QUEST TO THE WEST. Saímos ainda meio tocados pelos vários jarros de vinho que nos acompanharam no almoço e, com um caminho para a costa pela frente, começamos a trabalhar apenas às dez da noite. Foi impossível não cabecear o computador várias vezes durante as legendas que duraram noite a dentro, enquanto o Nuno se aventurava com a edição até ao raiar do sol. Mas as várias larachas poéticas proferidas por este indivíduo e a qualidade do vinho valeram pela falta de sono e pela ressaca.

E, agora que conheces um pouco da história dos bastidores desta aventura, é altura de veres o episódio completo!

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