Os tempos estão em constante mudança e o que parece ser um percurso profissional com futuro, em poucos anos pode deixar de o ser. A indústria do surf, que atravessa momentos de constante reinvenção devido a evoluções tecnológicas, tendências e crises económicas, não é excepção.
Fica a conhecer 4 profissões que correm sérios riscos de acabar ou diminuir drasticamente…
Surfista profissional
Esta é a melhor época das últimas três décadas para se ser surfista profissional e, ao mesmo tempo, a pior. A melhor porque os melhores ou mais mediáticos, antes da pandemia, eram pagos “o seu peso em ouro”. No entanto, todos os que estão abaixo dessa “elite” estão em constante perigo de deixarem de se poder considerar profissionais de surf. A quantidade de patrocinados, quer a nível nacional, quer a nível internacional, está a diminuir drasticamente e a tendência é para piorar. Muitos dos melhores surfistas do mundo, incluindo alguns do Championship tour, competem há vários anos sem patrocínio principal e mesmo no nosso país, onde várias marcas patricinavam facilmente a dúzia de patrocinados, reduziram para uma fracção dessa quantidade. A razão para esta “quebra” é um conjunto de vários factores, muitas marcas simplesmente acabaram ou deixaram de apostar no surf, focando-se em mercados onde são mais fortes, outras estão a vender menos que no passado, o que faz com que diminuam o investimento em marketing, e há ainda as que simplesmente optaram por reduzir a equipa por considerarem que o investimento não compensa. O que é certo é que as redes sociais e outros meios digitais permitem uma comunicação directa com o público, criando uma concorrência quase desleal aos surfistas, alguns dos quais são mantidos mais para dar credibilidade às marcas do que propriamente para vender produtos.
O plano B:
Abrir escolas de surf ou simplesmente dar aulas de surf tem sido a principal “salvação” de muitos surfistas profissionais, enquanto que outros retomam os estudos, aderem ao negócio de família ou assumem alguma função ligada ao surf.
Editor de revista de surf
Se ainda havia quem acreditasse no futuro das revistas de surf como um negócio viável, o fim recente da que foi a primeira revista de surf da história, a SURFER Mag, poderá ter servido como a confirmação final. Num passado não tão distante chegaram a existir centenas de publicações diferentes (podes saber mais neste artigo sobre a enciclopédia de AL HUNT AQUI) e a certa altura, só em Portugal, havia 4 em funcionamento apesar de apenas 2 serem viáveis a nível estrutural e económico. Ainda em Portugal a ONFIRE foi a última publicação de surf a cair, algures em 2016 (podes ler mais sobre este tema AQUI) e apesar de ainda existirem algumas resistentes espalhadas pelo mundo é certo o formato clássico das revistas de surf já não tem espaço para existir como negócio.
O plano B:
Muitos dos editores assumiram outros papéis na indústria, tanto com as marcas como em eventos de surf e não só.
Fotógrafos de surf
Devido à facilidade que passou a haver desde o surgimento da fotografia digital, nunca houve tantos fotógrafos de surf. Mas quantos deles fazem realmente carreira como profissionais de fotografia de surf? Muito poucos. A quantidade de fotógrafos e o facto de muitos deles oferecerem o seu trabalho ou venderem abaixo do preço de mercado acabou por canibalizar a própria profissão. Muitos dos mais talentosos acabam por se conseguir destacar e valorizar correctamente, apesar de estarem em constante ameaças por quem o faz por hobby ou quem faz o erro de cortar os valores de mercado para dar a conhecer o seu trabalho.
O plano B:
Muitos dedicam-se à produção de vídeo, chegando a fazer os dois em simultâneo, mas também essa área sofre do mesmo problema que a fotografia.
Team managers
Quando havia grandes equipas de surf havia também a necessidade de ter alguém responsável por “tomar conta” deles e certificar-se de que o investimento era optimizado. As funções do team manager, que quase sempre era um ex-team rider da marca, variavam muito mas iam desde meter o chapéu na cabeça do patrocinado durante as entrevistas a organizar a logística da equipa e, em alguns casos extremos incluíam funções que nem podem ser mencionadas aqui. Mas, com a quebra do número de patrocinados, rapidamente o número de pessoas a exercer esta profissão diminuiu drasticamente.
O plano B:
Alguns passaram para posições no marketing da empresa onde trabalhavam, enquanto que outros assumiram o papel de treinador ou manager de surfistas.
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