Ser surfista profissional é, para muitos, viver um sonho. Mas mesmo para alguns dos privilegiados, que conseguem fazer do surf a sua carreira, o percurso pode seguir caminhos errados…

A ONFIRE descobriu 10 ex-surfistas profissionais que já viram o “sol a nascer aos quadrados”.

 

Jeff Hakman | Havai

Jeff Hakman nasceu na Califórnia nos anos 50 e antes dos seus 10 anos descobriu o surf e conseguiu que a sua família emigrasse para o “paraíso” de todos os surfistas, o Havai. Uma vez lá foi considerado como o menino prodígio da sua geração e aos 17 anos foi convidado para participar no prestigioso Duke Invitational. Jeff era o mais novo em prova e, para surpresa das lendas presentes no evento, acabou por vencer. Aí começou uma carreira de muito sucesso nessa fase embrionária do surf competitivo e apesar de até aos dias de hoje em dia estar ligado à indústria, passou por uma fase muito negra. Durante alguns anos tornou-se traficante ou, como descreveria na sua biografia, “o pior traficante de droga de sempre”. Segundo relatou no seu livro, “Mr Sunset”, um dos seus “esquemas” correu mal e foi apanhado, passando algum tempo na prisão e sendo eventualmente libertado sob fiança. Mas, apesar de ser culpado do crime de que foi acusado, safou-se de uma pena “valente” devido a uma técnicalidade na apreensão do material que usou para traficar e acabou por ficar em liberdade. O seu caso foi muito mediático na época mas, apesar de tudo, conseguiu acertar a sua vida e tornou-se num dos fundadores da Quiksilver Europa e até hoje é considerado como um ícone deste desporto.

 

 

Marvin Foster | Havai

“Carvin” Marvin era o típico havaiano “barra pesada”, um daqueles locais que impunha respeito dentro e fora de água. Nos anos 80 era um dos surfistas mais mediáticos do mundo graças às suas capacidades como tube rider, sendo um dos raros goffies a dar grandes tubos para Backdoor. Eventualmente juntou-se ao “submundo” do crime de Oahu mas não se sabe bem ao certo qual seria a sua posição. Há quem diga que estava ligado a cobranças difíceis de clientes com negócios duvidosos e o que é certo é que foi parar à prisão por ter sido apanhado na posse de armas não registadas. Uma vez na prisão foi responsável por uma das publicidades mais invulgares da história do surf. Marvin escreveu uma carta a apelar aos jovens surfistas a portarem-se bem pois a prisão não era um sítio onde quereriam estar e a Quiksilver, marca que o patrocinava, fez da mesma um anúncio nas revistas de surf. Uns anos mais tarde saiu em liberdade mas acabou por regressar por não ter cumprido os termos da sua liberdade condicional. A dada altura era procurado pela polícia e chegou a constar entre os 10 (criminosos) mais procurados do Havai. Em 2010, aos 49 anos de idade, suicidou-se deixando como legado a sua técnica nos tubos de backside, que ainda hoje é reproduzida um pouco por todo o mundo.

 

 

Robbie Page | Austrália

Rob Page era o típico power surfer/tube rider australiano dos anos 80 mas, ao contrário de muitos dos seus conterrâneos, nunca conseguiu atingir o máximo do seu potencial. O seu auge foi em 1988 quando ganhou o Pipe Masters numa final contra Curren, Hardman e Glen Winton e a sua melhor posição de sempre no ranking da ASP foi o 23º lugar em 1987. Em 1992, quando o circuito passou a duas divisões, WCT e WQS, Robbie encontrava-se entre os top44 do mundo, mas não competiu até ao fim do ano. Entre as duas etapas japonesas do CT, Page foi apanhado no aeroporto com LSD e passou 66 dias numa prisão nipónica. A sua carreira competitiva ficou por aí, algo que estava eminente de qualquer modo com a entrada da nova geração, mas durante vários anos o seu carisma ainda lhe permitiu viver como surfista profissional e continuar a viajar pelo mundo. Mais tarde emigrou para Hossegor e foi um dos fundadores do popular “Cream Café”, um bar que fez sucesso entre os surfistas profissionais. Durante vários anos tentou reinventar-se diversas vezes, tentando inclusivamente lançar uma marca de surf que prometia revolucionar a indústria. Actualmente está de volta à Austrália, voltando a competir e a estar envolvido com a organização de eventos.

 

 

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