Depois da falta de ondas que o Allianz Caparica Pro “sofreu” na parte da tarde do segundo dia de prova pairavam no ar algumas dúvidas sobre o que o mar reservava aos competidores no derradeiro dia de prova.
Mas à chegada à praia os mais sépticos foram surpreendidos por ondas de um metro nos sets e pouco vento. Antes das 8 da manhã já estava na água o primeiro heat, uma grande batalha entre Tiago Pires e Gony Zubizarreta. Ambos pareciam ainda não estar 100% acordados pois caíram nas suas primeiras ondas. Saca só começou a engrenar a partir da quarta onda mas a partir daí foi sempre a crescer. Tiago manteve o “approach” dos dias anteriores, abusando com os seus fortes carves e batidas no lip e a fórmula resultou. Depois de algumas ondas bem “espremidas” Gony ficou a precisar de notas fortes para voltar ao heat. Apesar de ter acertado um aéreo reverse abusado essa onda não deu para mais e Tiago ainda conseguiu aumentar o seu score, vencendo assim mais uma bateria.
O heat seguinte, que defrontava dois campeões mundiais júnior, Pedro Henrique (2000) e Vasco Ribeiro (2014), foi bastante parado. Pedro foi mais activo e logo no início deu um longo tubo de backside que lhe garantiu a nota de 4.75. Vasco apenas conseguiu descobrir uma onda boa e depois de dois potentes snaps caiu. O resto do seu heat resumiu-se a duas ondas que fecharam logo enquanto que o brasileiro descobriu uma longa direita que lhe garantiu uma nota de 8 pontos e anda melhorou o seu back up, ditando uma derrota amarga para o campeão nacional em título.
Frederico Morais e Filipe Jervis descobriram ondas melhores no seu confronto e a bateria foi bastante equilibrada no início. Mas, à medida que o tempo passava “Kikas” ia melhorando a sua posição deixando Jervis a correr atrás. Filipe ainda teve uma boa oportunidade de colocar Morais sob pressão quando apanhou uma onda de set mas as primeiras secções eram difíceis de surfar e mesmo com um reentry abusado para finalizar não conseguiu fazer uma nota excelente. Por sua vez Frederico continua a melhorar as suas notas e venceu o heat.
Já Tomás Fernandes fez um heat ainda mais disputado contra Marlon Lipke, um grande confronto de goofy VS regular. Marlon não apanhou muitas ondas mas nas suas duas últimas virou o resultado a seu favor, graças aos seus fortes batidões backside. Mas Tomás também melhorou nas últimas duas e a sua derradeira onda, apesar de pequena, foi surfada quase na perfeição, o que lhe deu a qualificação sobre Marlon por 0.2 pontos.
A primeira meia final era o heat mais esperado fase pois tinha mais uma vez Tiago Pires contra Pedro Henrique. E apesar de “on paper” o heat prometer a verdade é que foi um dos heats mais parados do evento. Pedro apanhou algumas ondas no início mas de pouca consequência enquanto que Saca esperou quase 15 minutos para apanhar a sua primeira. Mesmo essa era um close out mas Tiago aproveitou-a bem mas e deu um forte reentry e uma subida na secção final com alguma projecção e assim garantiu um back up e passou a dominar o heat. Na sua próxima onda já conseguiu encaixar algumas manobras e ganhou alguma distancia para o seu adversário. Foi aí que Pedro apanhou a melhor onda da bateria e teve um início prometedor com um grande snap. Infelizmente, para ele, caiu logo de seguida, perdendo a oportunidade de fazer uma onda excelente. Pires ficou então com a prioridade e quando a largou foi para fazer mais uma onda que ficou perto do excelente e avançou para a final.
Tomás Fernandes começou a sua meia final a colocar pressão sobre o seu companheiro de equipa, Frederico Morais. Na sua primeira onda deu uma batida, uma forte rasgada e finalizou com um grande reentry. A primeira onda de Frederico não foi melhor mas a segunda foi, e a terceira foi a melhor nota do dia. Kikas deu um snap no lip na primeira secção e um bom aéreo reverse logo de seguida, ficando ainda com espaço para mais algumas manobras e voilá, 9.60. Algumas ondas mais tarde melhorava o seu back up com um aéreo reverse com rotação muito rápida e assim Tomás, que esperava uma bomba para virar o resultado, ficou a precisar de uma combinação e perdeu.
A final feminina foi um heat com muitos close outs e muita dificuldade no posicionamento. Mas quando Camila Kemp apanhou duas ondas decentes provou que tem evoluído muito nos últimos tempos. Na sua primeira onda boa deu um forte snap, um cutback fortíssimo e terminou com um reentry expressivo. Pouco depois fez mais uma onda boa e de repente todas as suas adversárias excepto Teresa Bonvalot precisavam de uma combinação para ir para primeiro lugar. Mesmo Teresa, actual líder da Liga MOCHE e Pro Junior Europeu, precisava de 9.26, uma nota muito difícil para este dia. No fim foi Kemp quem venceu, seguida de Bonvalot, Carina Duarte e Carol Henrique.
A final masculina foi uma repetição de diversos heats ao longo dos anos, inclusive a meia final da primeira etapa da Liga MOCHE. Frederico Morais nunca tinha batido o seu amigo Tiago Pires mas estava determinado a fazê-lo desta vez. Frederico foi muito mais activo, aproveitando bem as secções mais levantadas para liderar o heat todo. Saca precisava de uma nota alta quando respondeu com duas ondas muito bem surfadas. Mas aí Morais já estava numa posição de arriscar mais e foi o que fez. Kikas acabou com duas ondas excelentes e deixou o veterano do WCT a precisar de fazer a segunda melhor nota da prova para vencer, um 9.76. Frederico saiu vitorioso da água minutos depois da final terminar e assim subiu para a segunda posição do ranking, atrás de Tiago Pires e à frente de Vasco Ribeiro.
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