Depois de uma manhã de muito bom surf, o Rip Curl Pro Portugal voltou à tarde com as meias-finais e final. As ondas melhoraram em relação ao pico da maré vazia mas continuava a haver poucas ondas boas.
Em ambas as “semis” houve um surfista que se encontrou com as ondas boas e outro que não apanhou nada. Gabriel Medina mais uma vez mostrou mestria e em vez de andar à caça do tubos foi-se garantindo com os aéreos. Na sua primeira onda boa deu um aéreo reverse altíssimo. Seguiu-a com outra com um enorme voo de backside, desta vez sem rotação e ainda algumas manobras. E para encostar Joel Parkinson “às boxes” ainda deu um tubo de backside. Enquanto isso Parko foi-se metendo em alguns tubos mas não conseguiu meter qualquer “score” acima dos 3 pontos.
A segunda meia-final foi mais do mesmo, Julian Wilson começou com um aéreo reverse com a rotação toda no ar e acertou “sem espinhas” para receber um justo 9.7. Pouco depois, mais um grande voo e minutos mais tarde deu um grande tubo de backside. Resultado final, Julian Wilson 19.27 contra 5.9 de Adriano de Souza.
Meia hora depois da meia-final, Medina esperava na areia pela ordem para entrar enquanto Julian fazia o seu caminho lentamente até à borda de água. Não era a primeira vez que estes dois se cruzavam numa final do WT e ambos foram os grandes destaques ao longo do evento.
Já depois do toque inicial os dois apanharam diversas ondas durante a final e Julian andou perto de receber notas excelentes. Caso tivesse acertado um aéreo (slob) reverse teria metido Medina em sarilhos, mas a verdade é que não os acertou.
Nos últimos segundos Wilson precisava de 7.55 e arrancou numa rápida direita onde deu um tubo (que saiu por baixo e não pela boca), um snap, e um forte reentry. Na praia as opiniões dividiam-se, os fãs de Julian “davam-lhe” a nota e quem estava a torcer por Medina não achava que a nota devia sair acima de 7 pontos. A nota saiu já com os dois fora de água, e para alegria de muitos saiu, com justiça, um 8.43.
No entanto este resultado não conta a história toda. A segunda melhor nota de Wilson era 7.83, graças a um tubo com bom tamanho mas que não deu para sair pela “porta”. Gabriel também deu um tubo, numa onda quase do mesmo tamanho, na qual também andou muito, saiu pela porta certa (aka boca do tubo) e recebeu uma nota menor que a de Wilson, 7.47. Esta onda deveria ter sido pelo menos um ponto (ou mais) acima da de Julian e no fim esta falha faria toda a diferença. A melhor onda de Gabriel foi uma esquerda com um aéreo reverse altíssimo, uma batida e um tail slide para receber apenas 7.9.
Já no palanque Gabriel Medina fez um dos protestos mais visíveis e silenciosos dos últimos anos. Visivelmente emocionado, o brasileiro recebeu a taça de cabeça baixa e em momento algum celebrou a ocasião. Quando lhe passaram o microfone agradeceu ao público na praia e aos patrocinadores, mas (a chorar) comentou que foi a terceira vez que tinham “errado” com ele e pouco depois saiu do palco, antes da clássica “chuva de champagne”.
Já quando Julian subiu ao palco deu os parabéns a Medina (já ausente) mas não deixou de lembrar que no ano passado perdeu para Medina na etapa francesa e que sentia-se bem com esta pequena vingança.
Julian, tal como Medina, John John, Parkinson, Wright, e cia, foi um dos grandes nomes deste evento tendo inclusivamente conseguido notas 10. Este resultado duvidoso de maneira nenhuma põe em causa a qualidade deste surfista (ou deste excelente evento), que tem surf para ganhar etapas e talvez um título mundial. Mas na opinião de muitos, a taça devia ter ido para o Brasil nesta ocasião.
O Rip Curl Pro Portugal foi mais uma vez um grande sucesso e uma das melhores etapas do ano! Acompanha a reportagem completa destes dias onde o melhor do surf mundial passou pelo nosso país AQUI!
Comentários
9 comentários a “Julian Wilson vence Rip Curl Pro Portugal?”
Confira o outro lado da moeda:
Julian vs Medina
Antes de mais nada, deixem-me fazer, novamente, uma ressalva. Eu não tenho NADA contra os surfistas brasileiros ou contra o povo brasileiro. Tal como em todas as outras nacionalidades, há surfistas bons e maus, há pessoas boas e más. Portanto, antes que comecem a encher a minha caixa de e-mail com ameaças e insultos (como já o fizeram anteriormente…), entendam isto, okay? Valeu.
1)
Há aqui muita hipocrisia.
É um facto que quando nos atinge dói sempre mais mas era de esperar também que fosse mantida alguma coerência. Quando foi óbvio, óbvio, que o Owen Wright ganhou ao Adriano de Souza no Brasil em 2011 (aquele floater era de facto um oito alto mas o vencedor da bateria era o australiano), os fãs brasileiros dançaram, celebraram. “Bem feito gringos!” disseram. E era uma vitória injusta. E celebraram na mesma. E ofenderam os australianos, com razão, que diziam que o surfista local tinha sido beneficiado. Os australianos falaram em “favorecimento” local e tinham razão.
Mas agora, quando é um surfista brasileiro o prejudicado, sentem-se injustiçados. Ameaçam de porrada. Dizem que a ASP só protege os surfistas australianos. Ofendem tudo e todos, num vómito verbal inacreditável. Memória curta, não?
Os juízes erraram em 2011 e voltaram a errar em 2012. Proteção aos australianos? Não me lixem.
2)
– Gabriel Medina é brasileiro, da Rip Curl, e estava numa prova em Portugal patrocinada pela Rip Curl.
– Julian Wilson é australiano, da Nike, e estava numa prova em Portugal patrocinada pela Rip Curl.
Se houvesse favorecimento local, a vitória era do Gabriel.
http://vidamarinha.com.br/mundo-do-surf-faz-campanha-contra-asp/
Triste é saber que o surf está seguindo este rumo. onde as vitórias estão sendo forjadas.. Triste mesmo é ver sufistas brasileiros como Gabriel Medina, que se dedicam e ralam pra alcançar o pódio de uma maneira justa, são totalmente prejudicados!
Medina foi roubado na cara dura… Ñão foi nada justo não!!!
Os dois foram muito bons, mas a vitória na bateria foi incontestavelmente do Gabriel Medina.
Parabéns pela matéria, muito mais profissional e ponderada do que o nosso correspondente brasileiro “waves” que publicou uma matéria sem opinião, em cima do muro quando deveria fazer seu papel jornalístico de uma forma mais profissional, já que os juízes da ASP não fizeram o seu.
A verdade é que o Gabriel nos últimos 15 minutos da bateria não fez nada sem ser “perseguir” o Julian Wilson. Sem dúvida que a onda do australiano foi sobrevalorizada e a meu ver, se um claim fica mal a qualquer surfista, dois na mesma onda fogem completamente à essência do surf de competição. No entanto não é a primeira vez que o Gabriel demonstra este estilo demasiado agressivo para o que a competição e o desporto representam. Em vez de estar preocupado em mostrar mais alguns dos seus incríveis aéreos, foram 15 minutos de má atitude. E infelizmente acho que não é o choro ou uma nota sobrevalorizada (que tem acontecido em inúmeras, talvez demasiadas, situações durante o circuito este ano) que torna o Julian Wilson um “mau” vencedor. Acabo este comentário afirmando o meu apoio incondicional ao Gabriel durante todo o evento e tenho a certeza que ainda irá vencer muitas etapas e ser mesmo o primeiro brasileiro com o título de Campeão Mundial.
Parabéns pela coragem de dizer a Verdade – Gabriel foi roubado incontestavelmente. A concorrência não teve colhões suficientes para fazer o mesmo. Jornalismo responsável se faz assim mesmo.
Ganhou com justiça!!! Já festejavam a vitória do medina no palanque… Paciência. Há que ter um pouco mais de fair play e, já agora, educação.
fair play? há que se ter um pouco mais de critério… foi garfado mais uma vez!
Bruno, pelo visto entendes pouco, quase nada, de surf competição. Antes de expor tua ignorância publicamente, que tal buscar te inteirar um pouquinho? O que aconteceu hoje foi um erro gritante, que depõe contra a credibilidade do surf enquanto esporte de competição.