Chegou ao fim uma das mais interessantes disputas pelo título máximo do surf profissional, o título de campeão mundial da WSL.
Foi um ano que teve 5 surfistas a liderar o circuito em alturas diferentes. Ítalo Ferreira venceu o Quiksilver Pro Gold Coast e arrancou na frente, até John John Florence vencer duas das três provas seguintes para assegurar a lycra amarela até uma lesão o deixar fora da disputa. Depois foi Kolohe Andino a passar para a frente, mas apenas por uma etapa, perdendo a liderança na prova seguinte para Filipe Toledo, que por sua vez a perdeu logo de seguida para Gabriel Medina. O bicampeão mundial brasileiro parecia estar a caminho do terceiro título na prova portuguesa do tour, até fazer um erro contra Caio Ibelli e ser eliminado cedo na prova. Isso abriu a porta para que outros candidatos se colocassem em boas posições na disputa pela vitória final. Ferreira vinha de uma final em França e quando venceu em Peniche voltou a vestir a lycra amarela.
Na última etapa era Ítalo e Gabriel quem estavam melhor colocados, mas também Kolohe Andino chegou ao dia final com hipóteses matemáticas de levar o título para a Califórnia. O panorama era simples, Medina precisava de ficar uma fase à frente de Ferreira. Primeiro na água esteve Ítalo Ferreira, que tinha como adversário Peterson Crisanto. Foi uma bateria muito parada, com a primeira onda a ser surfada ao fim de 10 minutos. As ondas estavam mais para Backdoor, até porque ainda havia muita areia no canal na esquerda, mas foi de frontside que Ferreira fez dois bons tubos, para deixar Crisanto a precisar de uma nota de 8.51 pontos nos minutos finais. A situação não mudou o que deixou Medina com a obrigação de passar a sua bateria enquanto que Andino ficou fora da disputa.
Devido ao sistema overlapping, Medina partilhou o line up primeiro com Kelly Slater, no seu heat sem prioridade, e depois com John John Florence, com prioridade, as duas maiores ameaças do evento. O seu adversário era novamente Caio Ibelli e a 10 minutos do fim Gabriel tinha notas de 1 e 2 pontos enquanto que Ibelli não chegava a totalizar 1 ponto. A 3 minutos do fim o candidato ao título usou bem a sua prioridade para fazer um bom tubo para a direita que lhe garantiu a nota de 4.23, aumentando assim a sua magra liderança. No minuto final Caio tinha a prioridade mas Gabriel optou por o dropinar, garantindo que o seu velho rival não fazia a nota que precisava, avançando mesmo com uma interferência.
Poucas horas mais tarde era Ítalo Ferreira novamente na água, contra Yago Dora. Ambos caíram na primeira onda mas “navegaram” bastante no tubo nas ondas seguintes, tendo o líder do ranking recebido uma nota melhor, um 6.83 contra 4 pontos. Depois de alguns tubos sem saída, Dora igualou o melhor score do heat até aí, 6.83, mas Ítalo respondeu com um dos melhores tubos do dia, para fazer uma nota de 8.83 pontos e aumentar a sua vantagem e eventualmente seguir em frente.
Entretanto Medina tinha o que se podia considerar o adversário mais perigoso da fase, John John Florence. As ondas fechavam muito no canal nesta bateria mas Gabriel conseguiu sair de um longo tubo para a esquerda cedo na bateria para receber 8.4 pontos. Florence respondeu com um tubo para Backdoor e outro para Pipe mas o brasileiro surfou de seguida e pontuou 9.23 num tubo largo para a esquerda, deixando o outro bicampeão mundial a precisar de uma combinação.
A pressão voltou para Ítalo, que teria Kelly Slater como adversário nas meias finais. Nesse momento Slater já tinha conquistado a Triple Crown of Surfing, 21 anos depois da última, mas foi Ferreira quem abriu bem a bateria, com notas de 8.60 e 4.83 pontos. O brasileiro levava um histórico de 3 vitórias a zero sobre Kelly e só aumentou a sua vantagem, impondo uma combinação que o 11x campeão do mundo não conseguiu contornar, sendo eliminado.
A partir daí Gabriel já sabia que teria que vencer os próximos dois heats, a meia final contra Griffin Colapinto e a final contra Ítalo. Depois de despachar o norte-americano, a final seria 100% brasileira e no fim o vencedor levava tudo, a vitória do Billabong Pipe Masters e o título mundial de 2019.
O último heat do ano começou com um tubo para backdoor de Ítalo Ferreira que lhe rendeu a nota de 7.83, seguido de um para a esquerda, como finalização de aéreo reverse, para juntar 6.17 ao seu somatório. Logo de seguida Gabriel Medina atacou com um tubo de 7.77 pontos mas no fim de contas Itálo ficou com a vitória e o título mundial de 2019!
Comentários
Um comentário a “Ítalo Ferreira é o campeão mundial de 2019”
E quando é que os portugueses vão ter um campeão do mundo?