“Mais do mesmo”, era o que as condições aparentavam à chegada à praia no 13º dia do Quiksilver Pro Gold Coast. Mas, após melhor verificação, ficou visível que as condições tinham melhorado ligeiramente, com ondas maiores e mais consistentes que nos dias anteriores.

O que não deixou de ser um dia difícil de competição com direito a um número recorde de resultados inesperados. E tudo começou logo no primeiro heat, que defrontava Kelly Slater e o rookie Ítalo Ferreira. O brasileiro não se mostrou nervoso por estar a enfrentar o melhor surfista de todos os tempos pois em condições como estas Ítalo já consegue ser superior, com o seu backside adaptado ao picos com pouca força do seu país. Kelly esteve o heat todo a correr atrás e no fim tentou fazer um “milagre” ao trocar a sua prancha por uma “Tomo” Firewire muito pequenina. Mas a troca só serviu para dar um pouco de exposição a este modelo da sua recentemente adquirida empresa pois o heat já estava perdido e assim tombava o primeiro “gigante” do dia.

Dois heats à frente estava Wiggolly Dantas, que tinha pela frente o local Joel Parkinson. A bateria não foi muito diferente da de Kelly pois o rookie fez duas ondas muito cedo e surfou-as com muita força, deixando Parko sob pressão. No último terço do heat o australiano parecia estar em vias de apanhar a sua primeira onda boa mas atrapalhou-se no arranque com Dantas, que estava provavelmente mais em cima de Joel do que devia estar e este fez tudo para que fosse marcada uma interferência. Caso os júris tivessem concordado seria feita uma grande injustiça pois foi mais uma bateria que nesse momento já estava perdida.

E como não há duas sem três, também Gabriel Medina sofreria uma grande derrota neste terceiro round. O wildcard (para o ano inteiro) Glenn Hall foi muito activo durante este sexto heat do dia, pontuando notas sólidas logo no início da bateria, roubando um pouco da estratégia do campeão do mundo que gosta de começar o heat com a primeira onda. Medina não precisava de muito para avançar, apenas 6.73, e apanhou uma série de ondas que, apesar de serem muito bem surfadas, não tinha potencial para dar a nota e bateram na trave. Entretanto Hall posicionou-se mais no inside, uma boa estratégia já que mantinha a prioridade. Quando apareceu uma onda de set Gabriel apanhou-a e Glenn não perdeu a oportunidade de usar a sua vantagem, apanhando-a também. Medina, exactamente como Jeremy Flores tinha feito frente a Adriano de Souza nesta prova em 2014, falhou na sua saída da onda, deixando o irlandês-autraliano sacar-lhe uma interferência. Minutos mais tarde, mesmo antes de sair o veredicto (incontornável) dos júris, Medina apanhou uma onda que finalmente abriu mais no inside e conseguiu fazer a nota que precisaria, caso não tivesse feito o erro que fez. Horas mais tarde o brasileiro não conseguiu fingir que não estava descontente, comentando na transmissão em directo que achou que a regra não tinha sido em aplicada, que Kieren Perrow tinha falhado na suas decisões e acabou a conversa com um recado a Glenn, dizendo que a próxima vez que lhe disser “fuck you” que iria… (e foi interrompido por Peter Mel antes que acabasse). Será que vem uma suspensão a caminho ou será “apenas” uma multa?

A fase não terminava sem outra grande derrota, John John Florence, que caía frente ao “renascido” Matt Wilkinson. O grande heat desta fase foi entre os mais jovens surfistas do tour, Kolohe Andino e Filipe Toledo. Nos anos 90, quando o sistema WCT/WQS começou seria impensável que a grande esperança norte-americana encontrasse dificuldades com a sua versão brasileira, mas os tempos mudaram. Filipe Toledo provou, novamente, que (pelo menos nestas condições) é melhor que Kolohe e levou mais um “escalpe” para o Brasil!

Á medida que a prova ia avançando as condições foram melhorando bastante, e quando começou o round 4 já havia ondas de um metro e até o vento fraco que entrou contribuiu para uma melhoria nas notas.

Foi aí que realmente começou o tão prometido pela espectáculo de surf! O campeonato avançou até aos quartos de final e foram muitas as revelações pelo caminho. Chegados aos últimos oito surfistas em prova, quatro são brasileiros e quatro australianos e os confrontos são do mais equilibrado dos últimos anos na prova de estreia. Acompanha o dia de todas as decisões em directo AQUI!

Heats dos quartos de final:
Heat 1 | Miguel Pupo x Wiggolly Dantas
Heat 2 | Julian Wilson x Taj Burrow
Heat 3 | Mick Fanning x Adriano de Souza
Heat 4 | Filipe Toledo x Bede Durbidge

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