O mar tinha caído ligeiramente em relação aos dois primeiros dias do Caparica Primavera Surf Fest Powered by O’Neill mas as ondas continuavam com qualidade.
A prova começou com a categoria feminina que estava um pouco “atrasada” em relação à masculina e o arranque não foi a melhor para as surfistas portuguesas. Nos dois primeiros heats perderam Mariana Assis e Camila Kemp, mas Carol Henrique e Teresa Bonvalot seguiram em frente. O heat de Teresa foi especialmente equilibrado e apesar da líder da circuito nacional não ter apanhado ondas com parede conseguiu fazer uma manobra forte em cada um e assim liderou grande parte do heat. Até que Julliete Brice apanhou uma onda com espaço para manobrar e recebeu uma nota de 8 pontos e a liderança. Mesmo assim Bonvalot conseguiu segurar bem a sua posição e avançou para a fase seguinte.
O heat seguinte, man-on-man, também foi uma dura batalha para Bonvalot, já que a sua adversária, a basca Ainara Aymat, começou com duas ondas fortes. Teresa teve de ser bastante paciente para apanhar ondas com potencial para virar o heat e foi o que fez, com duas esquerdas bem surfadas ao lado do pontão conseguindo virar o heat por 0.11.
Também Keshia Eyre, surfista inglesa residente em Portugal, mostrou o seu valor, virando a seu favor um heat muito difícil nos últimos minutos com uma onda surfada no limite do seu potencial. As duas acabariam por se encontrar na final, como fizeram muitas vezes no circuito nacional, mas desta vez seria heat man-on-man.
Entretanto a maré começava a encher e o pico que até agora tinha sido o foco dos competidores, em frente ao palanque, começou a dar menos ondas. Tomás Fernandes que estava no primeiro heat dos quartos de final (man-on-man) e o seu adversário optaram por ainda surfar aí e foi uma bateria muito difícil para ambos. No fim fez diferença a escolha de ondas e o francês foi quem apanhou uma onda um pouco maior surfando-a bem e recebendo 6.93. O surfista da Ericeira respondeu com uma onda ligeiramente mais bem aproveitada mas mais pequena e recebeu 6.50 e a partir daí não teve mais oportunidades de virar a bateria. Mesmo assim começa o ano com um sólido 5º lugar, um resultado a manter.
Logo de seguida Miguel Blanco, já mais a sul, perto do pontão, começava com duas ondas boas de backside, a segunda muito bem surfada com duas fortes rasgadas e uma finalização abusada, recebendo 4.5 e 7.5. Charly Quivront, um dos maiores destaques da prova, optou por ficar no outro pico e quando percebeu o seu erro e foi para o lado de Blanco já o heat estava perdido.
Nas meias finais, já na Praia do Dragão Vermelho e com maré bastante mais cheia, Miguel abriu com uma direita cheia de manobras bem definidas, recebendo 8 pontos. E enquanto que Blanco foi melhorando a sua posição, Lens Arancibia Ávila, o “carrasco” de Tomás Fernandes, foi ficando cada vez mais para trás e assim se garantiu mais uma presença lusa na final.
Foi a final feminina que se realizou primeiro, já com um certo vento on-shore a fazer-se sentir. Mas isso não impediu uma boa performance das finalistas. Keshia Eyre foi quem esteve na frente durante a maior parte do heat mas Bonvalot tinha uma nota média já a contar. Perto do fim Teresa apanhou a melhor onda que entrou e fez a melhor onda da prova feminina até aí, com várias pauladas, snaps e uma boa finalização. O resultado foi uma nota de 9.8 e a vitória ficou quase garantida. Pouco depois ainda melhorou a sua segunda melhor nota, deixando Keshia a precisar de 9.83 até ao heat acabar e foi a portuguesa quem saiu água como campeã. Foi um resultado muito merecido pela evolução que tem tido nos últimos tempos!
A final masculina foi um heat mais equilibrado e de poucas ondas. Blanco começou melhor, atacando o lip de frontside a projectar muita água, apesar de não ter conseguido levar a onda até ao fim. Natxo Gonzalez, o outro finalista, estava de backside e conseguia encaixar mais manobras e bastante verticais. Cada um dos dois fez 3 ondas de “consequência”, Miguel sempre a surfar com mais força a definir muito bem as manobras e Natxo a encaixar mais, mas não conseguiu surfar com a mesma projecção.
A final acabou e os dois saíram sem saber o resultado. Mesmo na areia ninguém avançava com um “veredicto” e quando as notas saíram era Blanco quem tinha acabado na frente nesta equilibrada troca de ondas, 14.73 contra 14.47. Foi um acontecimento de grande alegria na praia pois Miguel estava rodeado de amigos, treinadores e família e viveu-se um momento inesquecível.
E foi assim que acabou o Caparica Primavera Surf Fest Powered by O’Neill, um evento histórico pois foi a primeira vez que surfistas portugueses lideram ambas as categorias deste circuito! Parabéns Miguel e Teresa!!!
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