O terceiro dia do Billabong Tahiti Pro foi um dia de choque para muitos…
Mas certamente que ninguém sentiu esse choque com maior intensidade que Adriano de Souza e Mick Fanning (e, provavelmente, John John Florence)…
O dia amanheceu solarengo, ao contrário dos dois primeiros, e as ondas, apesar de mais pequenas, estavam mais perfeitas pois o vento soprava da direcção ideal. O único senão era que havia poucas ondas de excelente qualidade mas mesmo assim as suficientes para começar o round 3 do Billabong Tahiti Pro.
No primeiro heat, Toledo defrontava Brett Simpson. O americano parecia preparado para a vitória começando o heat forte com um 8.17 graças a um perfeito tudo de backside, enquanto Toledo caía nas três primeiras ondas. Mas Toledo tem a garra de campeão brasileiro e a meio do heat parece que virou o feitiço contra o feitiçeiro. Na sua quarta onda, Toledo encontrou uma bomba perfeita para igualar o score de Simpson. Garantiu depois um 6.17, deixando o americano a correr atrás. E foi aí que Simpson seguiu o caminho de Toledo no início do heat, escolhendo ondas más. Perto do final, o brasileiro apanhou mais um tubo perfeito para selar a vitória com a melhor onda do heat, um 8.80 e garantir-se no round 4.
Seguiu-se Kai Otton e Bede Durbidge. Ambos batalharam por encontrar boas ondas mas Bede poderá ter perdido o heat por ter deixado passar uma onda boa quando tinha prioridade. Otton, vendo que Bede não a queria, nem vacilou e fez um longo tubo para conseguir a melhor onda do heat, um 8.33. Com o mar bastante parado, Otton só precisou de juntar uma onda média para garantir a passagem para o round 4.
No heat 3 Owen Wright defrontou o havaiano Dusty Payne. Wright, que como o mundo sabe mas que se relembrou na etapa de Fiji deste ano, é um animal em ondas pesadas e tubulares, e engatou a mudança que o fez vencer o Fiji Pro há dois meses atrás. Wright encontrou as bombas, uma no início do heat e outra no fim, abrindo com um 9.13 graças a um longo e intenso tubo e fechando com um 9.10, fazendo, até ao momento, a média do dia. Foi novamente o show do australiano e Payne pouco pode fazer senão observar e tentar batalhar contra um surfista que estava num ritmo praticamente invencível. A questão é se Owen conseguirá, novamente, manter este ritmo até à final. Olhando para a etapa de Fiji, temos a certeza que consegue…
(Owen Wright imparável no round 3)
https://youtu.be/tSmjCBRF_qY?list=PLQ3-3sUOFLfGTQuMB38M5QNHdZS2mEzsr
Seguiu-se um affair brasileiro, Italo Ferreira vs Jadson André. E Ferreira continuou a fazer juz à sua alcunha de Giant Killer e potencial Rookie do Ano. Ferreira esperou quase metade do heat por uma onda (boa) – atravessávamos uma altura com muito poucas ondas boas – e quando esta apareceu deu um tubo que lhe valeu 7.33. Até aqui Jadson apanhou várias ondas mas nenhuma de graves consequências (para o seu conterrâneo). Na segunda metade do heat foi a vez de Jadson correr atrás do prejuízo e isso significava ter de esperar pela bomba. Foi a vez de Jadson esperar e de Ferreira apanhar tudo o que mexia e parecia bom. E perto do fim, debaixo da prioridade de Jadson, Ferreira encontrou a onda perfeita e garantiu a melhor onda do heat, um 8.33, dando assim a machadada final a Jadson.
Seguiu-se o heat que o mundo esperava, John John Florence vs Gabriel Medina. Este tinha todos os ingredientes para ser o heat do ano e poderá mesmo ter sido… JJ Florence demorou a apanhar uma onda, enquanto Medina tentou várias ondas mas todas sem potencial de bons tubos. Quando Florence escolheu uma onda, escolheu mal e essa decisão poderá ter sido o início do fim… Isto pois na onda seguinte Medina encontrou uma gema que lhe garantiu a primeira nota excelente, um 9.07. Caso esta onda tivesse sido de Florence, as prioridade seriam alteradas até ao fim do heat e, teoricamente, Florence apanharia as ondas de Medina e o resultado seria inverso, ou talvez não… Nunca saberemos mas sabemos que independentemente disso o resultado final do heat poderia ser inverso e basta procurar pela net para ver várias opiniões de que assim devia ter sido…
Depois de responder com um 7.77, Florence encontrou uma gema preciosa e depois de um tubo excelente deu um rasgadão a tirar o tail, combinação de manobras que quase lhe valeu uma nota perfeita. Não foi um 10 mas foi a melhor do heat (até ao momento), um 9.57. Florence passava assim para primeiro e deixava Medina a necessitar de uma nota de quase oito pontos para vencer. Como nos heats anteriores havia grandes pausas muitos esperariam que o resultado estivesse quase fechado mas o mar resolveu colaborar para um heat que tinha dois dos melhores do mundo e o público não poderia pedir mais!
Na sua onda seguinte, e sem priorida, Florence deu mais um tubo e fechou com um floater, colocando um 9.07 como segunda melhor onda e deixando Medina a necessitar de uma nota quase perfeita uma vez que ambos tinham um 9.07 no quadro, pelo que Medina precisava de um 9.58 para vencer. E o mar continuou a despejar ondas perfeitas. Medina deu um longo tubo para sair dele e garantir ainda a prioridade e com essa onda melhorou a sua situação pois colocou um 9.27 nas suas melhores ondas.
No set seguinte, e que viria a ser o decisor, foi a vez de John John dar um longo tubo para voltar à liderança com um 9.27, deixando novamente Medina a necessitar de um 9.58 para vencer. Quando remava de volta para o pico, o havaiano teve o prazer/azar de ver Medina a arrancar numa bombar e dar aquele que foi o tubo mais comprido do heat. A onda não era das maiores e o tubo no final achatou, obrigando Medina a uma saída pouco limpa – mas de braço no ar -, mas a distância que percorreu dentro do cilindo parecia impossível de garantir que Medina saísse. O júri demorou a deliberar mas considerou esta como a melhor onda do heat, um 9.73. Medina passou assim para primeiro e o heat acabou por terminar com a vitória do brasileiro que talvez apenas tivesse o seu padastro mais feliz que ele!
E a emoção continuou nos dois heat seguintes. Só por serem os heats onde estavam o número 1 e 2 do mundo já era mais do que razão para ansiedade geral. Adriano defrontava o exímio tube rider brasileiro Bruno Santos, enquanto Fanning defrontava o europeu e ex-wctista Aritz Aranburu. Bruno Santos esperou as melhores e fez o que sabe melhor, longos e perfeitos tubos, fazendo tudo parecer extra fácil. A verdade é que De Souza pouco conseguiu fazer contra o ataque cirurgico do seu amigo e quando o heat terminou, apesar de feliz com a vitória, Santos estava também com alguma tristeza pois sabia que este heat poderá vir a custar o título mundial a De Souza.
Já Aritz entrou em sintonia com as ondas muito cedo garantindo logo dois bons tubos e a média de 15.17. Fanning esperou e esperou mas as ondas boas teimaram em aparecer e numa latura que o vento começava também a virar. Desta forma, Fanning perdeu uma oportunidade de ouro de passar para número um do ranking.
Com as condições a piorarem rapidamente, apenas se realizou mais um heat: Wiggolly Dantas vs Matt Wilkinson. Dantas, que é também um grande potencial a Rookie do Ano, continuou a mostrar o seu potencial e a deixar todos os surfista do tour cada vez com mais respeito e receio de competir contra o sólido brasileiro. Dois bons tubos (o segundo sem prioridade) deram-lhe a forte média de 16.83 enquanto Wilko passou o heat completamente desencontrado das ondas.
O swell irá continuar a cair nos próximos dias mas este noite poderão ainda realizar-se alguns heats caso o swell não tenha caído muito. Depois esperam-se alguns dias de ondas más até entrar um novo swell no fim de semana. Mas nada melhor do que carregares AQUI a partir das 18:30 portuguesas para saberes se o Billabong Tahiti Pro volta à água esta noite!
(Highlights do dia 3 do Billabong Tahiti Pro)
https://youtu.be/VRFPe4_NlEg?list=PLQ3-3sUOFLfGTQuMB38M5QNHdZS2mEzsr
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