E, da mesma maneira como terminou, mas com 4 dias de interregno, o Capítulo Perfeito voltou à água! As questões mantinham-se, seria possível terminar o evento com a “chave de ouro”?
O primeiro heat tinha competidores de quatro gerações e percursos completamente distintos. Rodrigo Herédia, o mais veterano dos quatro, foi “a” grande referencia no que toca a ondas tubulares no nosso país desde os anos 90 e fazia na Praia de Carcavelos, onde aprendeu a surfar, o seu último campeonato. Tiago Pires, além de ser o expoente máximo do surf português também mostrou desde muito jovem grandes capacidades em tubos. Foi em Carcavelos que conseguiu, em 1998, a sua mais impressionante vitória no circuito nacional, “roubando” o primeiro lugar com uma mão cheia de tubos, essa prova sim, num dia épico em Carcavelos.
Bruno Santos, o único surfista estrangeiro ainda em prova, é conhecido a nível mundial por ser um dos melhores tube riders da actualidade. Pelas suas capacidades já ganhou o seu espaço em ondas como Pipeline e venceu em locais como Teahupoo (WCT) e Fernando de Noronha (WQS). Já Miguel Blanco era o “up and comer” da bateria, e apesar de ser o mais jovem do grupo tem mostrado o que vale em ondas pesadas, incluindo recentemente no Havai.
Todos tiveram dificuldades nas primeiras ondas que ou não davam tubos ou eram rápidas demais para sair. Até que Bruno Santos, apanhou duas ondas consecutivas e deu dois tubos, o segundo mais expressivo que o primeiro, ficando com uma liderança bastante confortável sobre os seus adversários. Miguel Blanco atacou o primeiro lugar logo de seguida, com um longo tubo para a direita, que só não se transformou numa nota excelente porque não conseguiu sair na última secção. Miguel ficou no sítio certo para apanhar outra onda boa, conseguindo um tubo decente para a esquerda a agarrar o rail e assim saltando para o segundo lugar.
Tiago Pires também esteve bastante activo e apesar de ter andado por dentro de alguns tubos não encontrou a “porta de saída” durante a maior parte do heat. O mesmo se passou com Rodrigo Herédia, que nesta fase ainda estava à espera da sua primeira onda boa. A primeira onda boa de Saca foi a 10 minutos do fim, com um tubo tirado com alguma mestria e logo atrás veio Rodrigo, com um onda mais “seca” mas não tão profunda. As notas saíram com 4 pontos para Pires e 3 para Herédia, deixando ambos a precisar de notas baixas para “roubar” a posição de Miguel Blanco.
Depois Saca conseguiu a nota de 2.2 pontos, num tubo em que não saiu mas que deu para passar para segundo lugar e pouco depois recebeu 5 pontos num tubo curto mas largo, aumentando a distancia para os adversários. Miguel Blanco ficou a precisar de 6 pontos e ainda apanhou uma onda de set, que o obrigou a dropar no ar. Na primeira secção não conseguiu entubar mas de seguida andou por dentro do “green room” no inside, saindo com facilidade. A posição de Tiago Pires foi ameaçada mas a nota não seria suficiente, e seria mesmo Pires e Santos na final.
Logo de seguida na água estavam os outros 4 semi-finalistas. O grande favorito era Nicolau Von Rupp, o único bicampeão do evento e ainda Ruben Gonzalez, Marlon Lipke e Filipe Jervis. Ruben Gonzalez abriu a batera como no seu heat anterior, com um bom tubo que lhe deu 7.75.
Foi Nicolau Von Rupp que conseguiu apanhar a primeira “bomba” desta segunda fase da prova mas não conseguiu ficar fundo, recebendo a nota de 5.25 pontos pelo carve e reentry que fez no fim. Filipe Jervis apanhou de seguida uma onda, não tão grande mas bastante longa, conseguindo a nota de 5.5 por ter conseguido sair do tubo com sucesso.
O back up de Ruben foi mais uma vez uma direita que mesmo não sendo tão cavernosa, deu para “navegar” muito lá dentro, receber a nota de 8.5 e a liderança folgada. Também Nicolau conseguiu melhorar a sua posição e logo de seguida finalmente conseguiu ficar mais dentro do tubo e recebeu a sua primeira nota sólida do dia, um 6.5. A esta altura Ruben e Nicolau já estavam destacados nos dois primeiros lugares, com Jervis a precisar de 6.51 e Marlon em situação de combinação. O heat não acabou sem que Von Rupp fizesse mais alguns tubos, que não foram suficientes para roubar o primeiro lugar mas garantiram-lhe um lugar na final.
Depois de uma pausa de cerca de 30 minutos a final entrou na água para mais uma hora de surf.
Nicolau Von Rupp fez três ondas antes que os seus adversários fizessem a primeira, mas nenhuma delas tinha potencial para lhe garantir mais de 3.5. Ao fim dos 10 primeiros minutos Bruno Santos apanhou a sua primeira onda, dando um longo tubo para a esquerda que lhe deu a melhor nota da prova até aí, 9.65. Antes que os seus adversários apanhassem qualquer onda boa Bruno deu mais um grande tubo, mais uma vez para a esquerda e conseguiu 9 pontos, deixando o seus adversários em combinação. Foi aí que finalmente a bateria “pegou fogo”, com boas respostas de Ruben Gonzalez e Tiago pires.
Mas foi Nicolau quem respondeu mais à altura, com um grande tubo de uma das maiores ondas do dia, conseguindo a maior nota de prova, 9.7! A disputa ficou então a dois já que Tiago e Ruben precisavam de combinações de 18.66 para vencer, e Nic “apenas” de 8.91. Bruno ainda só tinha feito duas ondas e quando fez a terceira foi mais uma nota forte, repetindo a fórmula anterior para receber 7.15, que não lhe substituiu as notas anteriores.
Nicolau ainda apostou em surfar mais norte dos restantes competidores, na zona do “Calhau”. Infelizmente para si não conseguiu surfar qualquer onda de consequência e assim terminou a bateria com a vitória de Bruno Santos sobre os três portugueses na final!
Resultados finais:
1º – Bruno Santos
2º – Nicolau Von Rupp
3º – Tiago Pires
4º – Ruben Gonzalez
Comentários