Terminar um evento nos primeiros dias do período de espera é um sonho para qualquer director de provam e o mítico Luke Egan mostrava uma mistura entre satisfação e stress no quarto e último dia.
Se por um lado tinha condições “de gala” “on offer” com os melhores surfistas do planeta a trocar notas excelentes entre eles, por outro a luz do dia era sua inimiga.
Caso tudo corresse de acordo com o plano a prova terminava antes do fim do dia. No entanto, caso acontecesse algum percalço ou alguns “reestarts” teria de se terminar no dia seguinte. Foram vários os heats que ameaçaram o reestart (reiniciar) mas os surfistas acabaram por apanhar ondas mesmo no limite para dar continuidade às baterias.
O último dia também teve algo muito valioso em campeonatos de surf, emoção e drama. E se todos os heats tiveram um pouco de cada, o terceiro do round 4 foi quase o auge. Kelly Slater, Julian Wilson e Kai Otton disputavam taco a taco a vaga nos quartos de final quando um erro na prioridade enraiveceu o underdog do heat, Kai Otton. Graças a isso ele perdeu acesso a uma onda muito valiosa e depois de reclamar baixou a cabeça e esperou pela sua vez. Quando apanhou uma “bomba” que passava os dois metros e meio deu um tubo digno de uma nota 10 e vitória no heat enquanto que os seus “cotados” adversários foram parar à repescagem!
Umas horas mais tarde, já nos quartos de final, outro momento surpreendente num dia repleto de notas excelentes. John John Florence abria o heat com uma nota que só deu 10 pontos por falta de possibilidade de notas superiores. Florence deu um longíssimo tubo no outside que só por si dava 10 pontos mas no inside fez um snap para se posicionar no sitio certo onde encaixou mais um grande tubo e uma batida. Adrian Buchan ainda não tinha feito qualquer nota e parecia estar em vias de ter uma gigante derrota mas não baixou os braços. Enquanto que Florence foi mais selectivo, Adrian apanhou tudo o que se mexia dando dois tubos que deram notas 6 e pouco mais tarde seguiu-os com um par de notas 9. De repente John John tinha uma tarefa difícil e acabou mesmo por perder o heat.
A partir daí Buchan deixou de ser outro underdog para ser um dos principais candidatos à vitória, Enquanto Slater ia despachando surfistas como Joel Parkinson, Fred Patacchia e Kai Otton do seu lado da grelha, Adrian não deu qualquer hipótese a Mick Fanning, fazendo assim a sua primeira final em muito tempo.
Este australiano só tinha vencido uma vez no WCT, precisamente contra Kelly Slater, em França. Dessa vez os patrocinadores de Kelly já tinham o champanhe na praia e a ASP já tinha posto a taça de campeão do mundo “à mão” para entregar ao norte-americano depois desse heat, pois apenas precisava de vencer esse heat para ser campeão do mundo. Slater era o favorito em França, tal como o era no Tahiti, fazendo a sua quinta final num local onde nunca tinha sido “vice”.
Mas o percurso impecável de Adrian não tinha parado nas meias finais e a meio do heat Kelly já precisava de duas notas excelentes para vencer. O melhor que o (actual) líder do ranking conseguiu fazer foi mesmo um bom tubo para a direita mas isso não foi suficiente. A vitória foi então para a Austrália, apesar da taça fica no Tahiti pois “Ace” prometeu doá-la à família que o acolhia naquele país há cerca de 8 anos.
Slater é neste momento novamente o líder do ranking apesar de ser seguido de muito perto por Mick Fanning e Joel Parkinson. O circuito pára agora por cerca de um mês e regressa a partir de 15 de Setembro para o Hurley Pro em Tresltes, EUA.
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